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Presidente do Bradesco (BBDC4) diz que Bolsonaro pediu redução de juros a bancos

Segundo Lazari, a solicitação feita pelo presidente da República se referia à "questão do crédito consignado"

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Jr., contou nesta terça-feira (9) que o presidente Jair Bolsonaro pediu aos bancos, em encontro promovido na segunda-feira (8) pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), em São Paulo, que reduzissem “um pouco” a taxa de juros. A declaração foi dada a jornalistas após a participação do executivo em painel do Febraban Tech, evento da federação que reúne instituições financeiras sobre tecnologia no setor bancário.

Segundo Lazari, o pedido de Bolsonaro era sobre a “questão do crédito consignado.” Na semana passada, o governo sancionou a lei que permite que instituições financeiras concedam crédito consignado a beneficiários do Auxílio Brasil e do BPC (Benefício de Prestação Continuada), com o uso do recurso como garantia para pagamento da dívida.

Para quem recebe o Auxílio, 40% do benefício poderá ser comprometido para pagamento do empréstimo. No BPC, o limite é de 45%.

O mercado espera que as taxas de juros para o crédito consignado com o Auxílio Brasil sejam mais altas que a média do mercado, em razão do maior risco de inadimplência, uma vez que envolve brasileiros de renda mais baixa.

O Banco Pan (BPAN4), por exemplo, afirmou que pretende atuar com esse produto, com juros mensais de 3,5% a 4,9%. Já Itaú e Bradesco informaram que não oferecer esse tipo de serviço, por entenderem que não vale a pena, dado o alto risco. “Não seria bom nem para o banco nem para o cliente”, disse o presidente do Bradesco na segunda-feira, durante coletiva com jornalistas para comentar os resultados da instituição referentes ao segundo trimestre.

Lazari afirmou que o pedido de Bolsonaro sobre juros “é normal e faz parte”, mas que os bancos não responderam se iriam ou não atendê-lo. “Eu não iria responder a essa pergunta dessa forma. A taxa de juros não é formada somente por um fator. Envolve uma série de fatores, como cobrança, inadimplência, recuperação de crédito. Não é isso que nos preocupa.”

Os juros praticados pelo sistema financeiro têm como referência a taxa básica de juros da economia, a Selic, definida pelo Banco Central (BC), que saltou de 2% ao ano para 13,75% desde março do ano passado, em resposta à aceleração da inflação, que está em 10% em 12 meses.

O executivo do Bradesco reconheceu que, antes do encontro realizado com o Bolsonaro, havia uma preocupação sobre o manifesto em favor da democracia que foi assinado pela Febraban e criticado pelo presidente da República. Ele disse, contudo, que o a reunião foi “ótima” e “muito tranquila.”

Lazarini disse também que a Febraban já fez convites para conversar com os demais presidenciáveis, como Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB).

Teto de gastos

O presidente do Bradesco falou ainda sobre a discussão no Congresso para definir uma nova âncora fiscal, em substituição ao teto dos gastos. “Os dois sistemas funcionam, o que não pode é ter cheque em branco. Tem que existir limite de gasto, como temos nas nossas casas, nas empresas e orçamentos.”

Para ele, o país pode adotar o teto de gasto ou “outro modelo qualquer”, desde que tenha controle, “porque assim se consegue equilibrar o gasto público e ter mais recursos para fazer investimentos”.

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