Apesar das polêmicas recentes envolvendo a política de preços da Petrobras e os riscos de intervenção governamental, os fundamentos da estatal permanecem sólidos. E a combinação de valores elevados de petróleo e aumento na produção devem resultar em uma geração de fluxo de caixa no curto prazo “forte demais para ser ignorada”.
Pelo menos essa é a avaliação de analistas do Itaú BBA.
“Ao olhar para a companhia, os investidores precisam enxergar além da neblina causada pelo pesado fluxo de notícias diário para ter uma visão mais clara de seus principais drivers de valor”, escrevem os analistas Monique Greco, Renan Moura e Eric de Mello, em relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira (27).
Além do potencial de geração de caixa, o BBA aponta que, nos níveis atuais, as ações estão extremamente baratas. “Concluímos que o preço atual da ação parece descontado para acomodar até mesmo cenários extremos e, na nossa visão, improváveis.”
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Assim, o banco classifica a ação da petrolífera como outperform – isto é, performance acima da média do mercado, correspondente à compra – e fixam o preço-alvo para o papel preferencial (PETR4) em R$ 43, o que corresponde à alta de 64% em relação ao valor do fechamento da última sexta-feira (24), de R$ 26,29.
Por volta das 14h30 desta segunda, o papel era negociado com valorização de de 6,47%, a R$ 27,99. A ação ordinária (PETR3), por sua vez, tinha alta de 6,92%, cotada a R$ 30,91.
Paridade internacional
Atualmente, a maior incerteza em torno da Petrobras diz respeito à política de preços. As maiores dúvidas, segundo o BBA, são se a companhia será capaz de manter a política atual; como as propostas em discussão podem impactar a política de preços; e como a exposição positiva da companhia aos preços internacionais é ameaçada por mudanças na política de preços.
Em primeiro lugar, o banco reconhece que a guerra em torno da política de preços da companhia ainda pode trazer volatilidade no curto prazo.
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Apesar de a petrolífera não estar sendo capaz de alcançar a paridade internacional de preços recentemente, a expectativa do BBA é que ela consiga fazer isso no médio prazo. Isso porque, na visão do banco, os preços internacionais devem estar perto de um pico e, com um declínio, a companhia deverá enfrentar menos dificuldade para acompanhar os preços internacionais.
“Se as nossas expectativas de declínio nos preços de petróleo, diesel e gasolina se concretizarem, pode ser um ambiente mais fácil para a Petrobras manter os preços domésticos alinhados com a paridade ao longo dos próximos anos, se a política de preços atual permanecer a mesma”, apontam os analistas.
Mudanças na política de preços
Na visão do banco, a medida mais provável para conter a alta dos preços dos combustíveis é alguma versão de subsídio direcionado a consumidores finais, por meio de pagamentos diretos, uma vez que o Ministério da Economia tem se posicionado contrário a medidas que intervêm na política de preços da companhia. “Ainda há muitas coisas acontecendo neste âmbito e pouca clareza sobre os detalhes de implementação de cada medida”, aponta o BBA.
No entanto, o banco acredita que potenciais mudanças na política de preços podem ter impactos consideráveis sobre os resultados da Petrobras, principalmente caso uma política de precificação baseada em custos de produção for adotada.
Na análise do BBA, a adoção de preços baseados em custos de produção faria com que os preços domésticos ficassem muito desconectados dos níveis de paridade de importação, uma vez que a política considera apenas os custos de extração e refino, ignorando outras linhas de despesa. Além disso, aponta o banco, não há clareza sobre os parâmetros que seriam considerados na fixação dos preços.
“Na nossa visão, se uma mudança desta magnitude na política de preços se materializar, os impactos sobre os resultados da companhia seriam dramáticos”, diz o banco.