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Petrobras (PETR4): plano de investimento é bom, mas novo governo fará mudanças, alertam analistas

Além dos US$ 78 bilhões em investimentos, a empresa alocará US$ 20 bilhões em novas plataformas

Foto: Shutterstock/SERGIO V S RANGEL

Na última semana de novembro ou no máximo na primeira de dezembro de cada ano, o mercado fica na expectativa da divulgação do plano de negócios da Petrobras (PETR4; PETR3) para os próximos cinco anos, já que é a partir dele que analistas e gestores começam a desenhar uma nova tese para empresa, principalmente no que diz respeito à dívida e ao pagamento de dividendos.

Este ano, especificamente, com a troca de governo à frente e a reunião entre a diretoria da empresa e a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), muitos duvidaram que o plano sairia ainda em 2022.

Mas, na noite do último dia de novembro, mesmo após o novo governo pedir, a estatal anunciou seu plano de negócios para 2023 a 2027, no qual prevê investimentos de US$ 78 bilhões no período, valor 15% superior ao anunciado no ano passado. Segundo a empresa, o valor está no mesmo patamar de outros pares do setor petrolífero.

Como o mercado vê o plano para os próximos cinco anos

De maneira geral, os analistas consultados pela Agência TradeMap gostaram do que viram, principalmente pelo foco da Petrobras estar na área de exploração & produção, já considerando novas fronteiras exploratórias.

Embora o plano mostre uma empresa eficiente e focada naquilo que é o seu core business, no caso águas profundas, o próximo governo indicou que vai alterar o plano da estatal. A Petrobras passará a ter foco na expansão do refino e na transição energética, segundo Mauricio Tolmasquim, que coordena a transição na área de energia, em entrevista ao jornal O Globo.

Para a Ativa Investimentos, o plano divulgado pela Petrobras dialoga com os interesses da gestão atual e mantém uma alta proporção de recursos alocados em exploração & produção, sendo que dois terços disso para o pré-sal, o que, na visão da corretora, é extremamente positivo para a companhia.

“Ainda assim, a possibilidade de a nova gestão alterar os planos apresentados é considerável. Desta forma, aguardamos para ver como o mercado receberá, acreditando que esperará a virada do ano e a assunção da nova gestão para então absorver os planos futuros da empresa”, explica a Ativa, em comentários ao mercado.

Em relatório, o BTG Pactual destaca que o plano da Petrobras para os próximos cinco anos é sólido, reforçando o compromisso da gestão da empresa em seguir o caminho que já vem trilhando e que tem feito da Petrobras uma das mais lucrativas do setor.

Na visão dos analistas Pedro Soares e Thiago Duarte, a reação do mercado ao plano deve ser morna porque o governo eleito vem criticando a atual gestão. “Embora a leitura geral seja muito positiva, sentimos que os investidores pagarão muito pouco pela execução integral do novo plano. O governo recém-eleito vem criticando a atual gestão da Petrobras e a equipe de transição energética até pediu à empresa para adiar o anúncio do plano”.

Com isso, os analistas do BTG reiteram a possibilidade de o plano sofrer revisões futuras. “Achamos que a abordagem da Petrobras poderá ir para outros setores além do upstream, o que pode alterar substancialmente o risco e o nível de retorno esperado no curto e médio prazo”, avalia os analistas.

Segundo Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins, analistas do Goldman Sachs, esse aumento de 15% no capex total pode ser, em parte, atribuído à inflação. Além disso, a equipe do banco ressalta a possibilidade de alteração na diretriz do plano pelo governo eleito.

“Com isso, não esperamos que o mercado dê por certo as perspectivas divulgadas, especialmente no que diz respeito ao pagamento de dividendos, que pode ser significativamente reduzido pelo novo governo”, diz os analistas do Goldman.

O que diz o plano

Em comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na noite desta quarta-feira (30), a Petrobras afirmou que esse aumento no valor do capex sinaliza que os investimentos voltaram ao patamar visto antes da pandemia de Covid-19.

“Os investimentos para o segmento de exploração e produção (E&P) correspondem a 83% do total, seguido pela área de ‘refino, gás e energia’, com 12%, ‘comercialização e logística’ com 2% e 3%”, afirma a petrolífera.

O E&P receberá US$ 64 bilhões, sendo 67% deste montante destinado para investimentos no pré-sal. A Petrobras destaca que o planejamento considera a manutenção de “dupla resiliência”, econômica e ambiental, levando em conta cenários de baixos preços de petróleo no longo prazo, com o Brent a US$ 65 por barril, e com aumento da produção com baixo carbono.

A frente de exploração de petróleo e gás vai receber US$ 6 bilhões nos próximos cinco anos, com a metade indo para um projeto chamado “Margem Equatorial”, uma região que se estende do litoral do Rio Grande do Norte ao Oiapoque (AP), no extremo Norte do país.

Além dos US$ 78 bilhões anunciados, a empresa alocará US$ 20 bilhões em novas plataformas, o que totalizaria quase US$ 100 bilhões de recursos em projetos.

E os desinvestimentos, ou seja, os ativos que a Petrobras pretende vender, devem estar na faixa de US$ 10 bilhões e US$ 20 bilhões.

No âmbito da produção, a estatal manteve a meta de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia em 2023, com variação de 4% para cima ou para baixo. Já o total, levando em consideração óleo e gás, a projeção para o ano que vem é de 2,6 milhões de óleo equivalente, também com variação de 4% para cima ou para baixo.

O pré-sal, que vem sendo o foco da Petrobras nos últimos anos, deve representar 78% da produção total da companhia em 2027, considerando a entrada em operação de 18 novas plataformas até esse período.

Sobre o pagamento de dividendos, o plano reitera o que os anteriores já contemplavam, ou seja, o dividendo mínimo anual de US$ 4 bilhões para os exercícios em que o preço médio do Brent for superior a US$ 40 por barril.

Por volta de 13h50, a ação preferencial da estatal operava em baixa de 2,66%, a R$ 25,95, enquanto o papel ordinário caía 2,50%, a 29,63.

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