Após semanas de impasse, a PEC da Transição deve ser protocolada nesta quarta (23) no Senado, com a sinalização de que a equipe do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, está disposta a negociar pontos importantes da proposta, movimento que deve concentrar a atenção do mercado nesta véspera de feriado prolongado nos Estados Unidos.
O cenário de desidratação da proposta deve agradar aos investidores se for confirmado, que por outro lado monitoram o risco político representado pelo fato de o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro ter contestado o resultado das eleições ontem no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
De acordo com o Estadão, a equipe de transição estaria disposta a reduzir a PEC para um valor máximo de R$ 160 bilhões (contra os quase R$ 200 bilhões do texto original) e concordou em retirar o Bolsa Família da âncora fiscal por quatro anos, e não de forma permanente.
Além disso, o novo governo aceitou em negociar com o Congresso a destinação de uma parte dos cerca de R$ 100 bilhões que ficariam livres no Orçamento com a retirada de benefícios sociais do teto de gastos em troca da aprovação.
Os investidores ainda monitoram o fato de o PL ter protocolado um pedido contestando o resultado das eleições do segundo turno, alegando supostas irregularidades nas urnas eletrônicas anteriores a 2020. Em despacho, o ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, determinou que o pedido seja refeito para abranger também as eleições do primeiro turno.
Por que isso importa?
Quando o risco de descontrole das contas públicas de um país se eleva, investidores passam a pedir taxas de juros maiores lá na frente para comprar seus títulos públicos – ou, de forma mais simples, para emprestar dinheiro ao governo. Isso tende a reduzir o valor das ações de empresas negociadas em Bolsa e a desvalorizar o real.
Ata do Fomc na véspera do feriado
Nesta quinta (24), os mercados americanos estarão fechados pelo feriado de Ações de Graças, e na sexta-feira encerram as negociações às 15h.
Todas as atenções se voltam à ata da última reunião do Fomc (colegiado de política monetária do Fed), que será divulgada às 16h e que poderá dar ao mercado pistas de como o BC dos EUA vê as perspectivas para inflação e atividade na maior economia do mundo.
O documento do último encontro, que decidiu no início deste mês por mais uma alta de 0,75 ponto percentual nos juros americanos, será publicado às 16h. Dados recentes mostraram uma alta de preços ao consumidor e ao produtor menor do que o projetado pelo mercado, o que vem dando certo fôlego às bolsas gringas.
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Os investidores precificam uma alta menor (0,50 ponto percentual) na taxa básica americana a partir do próximo encontro, em dezembro. Além do documento, monitoram ainda o número atualizado dos pedidos de seguro-desemprego nos EUA, que será divulgado às 10h30.
As bolsas ainda estão de olho na China, onde o aumento de casos graves de Covid deve levar a capital Pequim a adotar restrições mais rígidas à circulação de pessoas.
Por volta das 8h desta quarta, os índices futuros americanos operavam mistos: o Dow Jones subia 0,05%, o S&P 500 avançava 0,07% e o Nasdaq estava em queda de 0,01%. O índice europeu Euro Stoxx 50 era negociado em alta de 0,10%.