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O que o mercado vai analisar com lupa nos próximos balanços de bancos, na visão do UBS-BB

Bradesco, Nu e Banco Inter são os preferidos dos analistas entre os bancos brasileiros

Foto: Shutterstock

Durante a temporada de divulgação dos balanços dos bancos brasileiros para o primeiro trimestre de 2022, que deverá começar no dia 26 de abril com a divulgação dos resultados do Santander, os olhos do mercado estarão voltados para a qualidade dos ativos, que tende a apresentar deterioração.

Ao menos esta é a visão da equipe de analistas do UBS-BB, de acordo com relatório distribuído na última quarta-feira (13). A deterioração nos ativos dos bancos brasileiros, que já começou a acontecer nos últimos trimestres, deve continuar, com as taxas de inadimplência retornando aos níveis pré-pandemia até o fim de 2022, segundo os analistas.

Ainda que a greve de funcionários do Banco Central tenha impedido a divulgação dos dados do BC sobre o tema, dados da Serasa Experian mostram que o número de indivíduos com crédito negativado alcançou 65,2 milhões em fevereiro deste ano, alta de 1,9% em relação a dezembro de 2021, somando o valor de R$ 263 bilhões (expansão de 4,6%).

Isso porque, na visão do UBS-BB, a renda extra vinda do auxílio emergencial começou a ser utilizada para quitar dívidas ao fim de 2021.

Apesar disso, a expectativa dos analistas é que os dados operacionais dos bancos no primeiro trimestre demonstrem uma tendência positiva, com crescimento de cerca de 2% na carteira de crédito dos bancos tradicionais, na comparação com o quarto trimestre de 2021, melhorias nas margens de empréstimos e aumento nas provisões.

Os “novatos”, bancos digitais, fintechs e plataformas de investimento, devem apresentar números fracos para captações e para os negócios de banco de investimentos.

“No geral, prevemos expansão sequencial de lucros para a maioria dos bancos brasileiros que cobrimos”, escrevem os analistas. Os nomes preferidos do UBS-BB no setor são Bradesco, Nu e Banco Inter, todos com recomendação de compra.

Nu Holdings (NUBR33)

Os resultados do Nu devem ter como destaque, na visão do UBS-BB, um crescimento sólido na base de clientes e no crédito. O principal ponto negativo, por outro lado, deve ser um aumento ainda maior no custo de risco.

Junto com o crescimento da base de clientes, o banco espera que o Nu registre expansão na receita média por cliente ativo e nas receitas, que podem ser impulsionadas pela valorização do real. A projeção do UBS-BB é que a base de clientes do Nu termine o primeiro trimestre em 57 milhões.

A carteira de crédito deve encerrar o período em US$ 7,7 bilhões, ainda em rápida expansão, de 18% na comparação com o quarto trimestre de 2021. A maior parte do crescimento, dizem os analistas, deve vir dos empréstimos a pessoa física.

Para os lucros do trimestre, a expectativa é R$ 10 milhões. O banco recomenda compra para a ação, com preço-alvo de US$ 11,50, o que representa alta de 64% em relação ao valor do fechamento desta quinta-feira (14), de US$ 7,03.

Para o Nu, assim como para o Banco Inter, os principais riscos apontados pelo UBS-BB são a concorrência, que pode criar novos desafios para o crescimento; dificuldades no processo de monetização; riscos de execução; e mudanças regulatórias.

Itaú (ITUB4)

Os destaques do Itaú, por sua vez, devem ser as margens: o UBS-BB espera continuidade na tendência de alta. Por outro lado, também o Itaú deve apresentar aumento no custo de risco, com deterioração da taxa de inadimplência.

A carteira de crédito, porém, deve crescer 2% em relação aos três últimos meses de 2021, mas com algumas mudanças no mix: a hipoteca deve desacelerar, enquanto os empréstimos pessoais devem ter expansão acelerada.

As margens de crédito devem melhorar, e o UBS-BB espera expansão de 28% na receita líquida de juros (NII) de clientes em relação ao primeiro trimestre de 2021. As margens de mercado, porém, devem ter baixa significativa.

A expectativa do UBS-BB é que o Itaú registre lucro de R$ 7,3 bilhões no trimestre, alta de 2% em relação ao trimestre anterior. A recomendação do banco para a ação é de compra, com preço-alvo de R$ 30 – potencial de alta de 14%.

Para o Itaú, assim como para os principais bancos brasileiros, o UBS-BB aponta como principais riscos as condições econômicas locais; mudanças nas taxas de juros e de câmbio; mudanças regulatórias; e concorrência.

Bradesco (BBDC4)

As expectativas do UBS-BB para o Bradesco são parecidas com as para o Itaú: queda na qualidade dos ativos, mas potencial surpresa positiva em termos de margens.

Também aqui, as margens com clientes devem ter expansão, enquanto as margens de mercado devem cair. De uma maneira geral, porém, as margens do Bradesco devem apresentar contração.

A carteira de crédito do Bradesco deve crescer 2,7% em relação ao quarto trimestre de 2021, puxada especialmente para o crédito de varejo, uma vez que a valorização do real pode impactar negativamente a expansão do crédito corporativo. Também para o Bradesco, porém, a taxa de inadimplência tende a ter leve alta.

O braço de seguros deve seguir pressionado pela pandemia de Covid-19, com o aumento nos casos de Covid-19 causado pela variante Ômicron no início do trimestre. A expectativa do UBS-BB é que os resultados do segmento fiquem em R$ 3,4 bilhões no trimestre, contra R$ 3,5 bilhões no trimestre passado.

Para o resultado do banco de maneira geral, o UBS-BB projeta R$ 6,9 bilhões, alta trimestral de 4%. Os analistas indicam a compra da ação, e o preço-alvo fixado é de R$ 28 (alta de 31%).

Santander (SANB11)

O Santander deve apresentar melhorias em suas margens de crédito, mas esse aumento deve ser ofuscado pelos resultados da divisão de trading, na análise do UBS-BB.

As margens de crédito devem se beneficiar de uma mudança de mix em direção ao varejo e de um crescimento no total de empréstimos. Por outro lado, as margens de mercado devem ser pressionadas. A carteira de crédito, de uma maneira geral, deve crescer 2,1% contra o quarto trimestre de 2021.

O UBS-BB destaca, porém, que o forte programa de renegociação de crédito implementado pelo banco no último trimestre pode mitigar os impactos sobre sua taxa de inadimplência.

A projeção do UBS-BB é de lucro de R$ 3,9 bilhões, estável na comparação trimestral. O banco tem classificação neutra sobre a ação e preço-alvo de R$ 38, o que representa alta de 9%.

BTG Pactual (BPAC11)

Diferentemente dos grandes bancos, o foco do UBS-BB sobre os resultados do BTG está na captação e nos resultados dos negócios de banco de investimentos.

Enquanto o braço de banco de investimentos deve ser mais fraco, com receita projetada de R$ 220 milhões (contra uma média trimestral de R$ 578 milhões em 2021), as divisões de crédito e vendas & trading devem registrar expansão, assim como o segmento de juros & outros, que deve se beneficiar dos patamares elevados da taxa Selic.

A captação também deve diminuir, impactando negativamente o ritmo de crescimento de ativos sob gestão.

A projeção dos analistas é que os lucros fiquem estáveis, em R$ 1,7 bilhão, queda de 2% em relação ao quarto trimestre de 2021. O banco classifica as ações como neutras, com preço-alvo de R$ 31 — potencial de alta de 24%.

Os principais riscos identificados pelo UBS-BB para o BTG são a investigação passada sobre o banco e o cenário macroeconômico e político, que deve afetar o mercado de capitais no Brasil.

XP (XPBR31)

Assim como o esperado para o BTG, a XP, que já divulgou seus resultados operacionais do trimestre, apresentou números fracos de captação. O destaque positivo, porém, deve ser a resiliência das take rates.

A captação total alcançou R$ 46 bilhões, enquanto as adições de clientes caíram para 88 mil, em seu menor nível desde meados de 2018. Por outro lado, o UBS-BB destaca a tendência positiva demonstrada pelos novos produtos da XP, sobretudo cartão de crédito e empréstimos.

Além disso, a take rate, que alcançou 1,3% em 2021, deve se manter em níveis similares no trimestre. Isto porque, apesar da contração nas médias diárias de trade, as novas iniciativas devem sustentar as taxas em patamares saudáveis.

As despesas gerais e administrativas devem seguir elevadas, justamente devido aos investimentos nos novos produtos.

A projeção do UBS-BB é de lucro de R$ 975 milhões no primeiro trimestre, uma contração de 10% em relação ao anotado nos três últimos meses de 2021. O banco tem classificação neutra e preço-alvo de US$ 37 para a ação, o que representa alta de 31%.

Os maiores riscos para a performance da XP, na visão do banco, são um impacto negativo do preço da ação durante o possível desinvestimento da participação da Itaúsa (ITSA4); uma queda na captação devido à maior concorrência; riscos de execução nos novos produtos; e impacto de mudanças regulatórias.

Banco Inter (BIDI11)

Entre os novatos, o Banco Inter, que também já divulgou seus resultados operacionais, deve se destacar por um crescimento mais fraco na carteira de crédito, em contraste a um aumento na taxa de inadimplência.

Na análise do UBS-BB, os números divulgados pelo banco vieram praticamente em linha com o esperado, exceto pelo número de clientes, que surpreendeu os analistas positivamente, e pela deterioração maior do que a prevista da taxa de inadimplência, que foi uma surpresa negativa, atingindo 3,63% no trimestre (versus 2,8% no quarto trimestre de 2021).

A expectativa do UBS-BB é que a taxa de inadimplência siga crescendo nos próximos trimestres, chegando a 3,9% ao fim deste ano, elevando o custo de risco.

Além disso, o banco espera que o crescimento da carteira de crédito do Inter seja mais modesto do que o registrado nos trimestres anteriores, com expansão trimestral de 11% e mudanças no mix, com maior peso para empréstimos de menor risco.

Neste cenário, o banco reduziu seu preço-alvo para as ações do Inter, de R$ 46 para R$ 42 por ação, mas mantém recomendação de compra. O novo preço-alvo representa alta de 154%.

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