Num dia em que as atenções dos investidores estão voltadas para a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) que decidirá sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic, o Ibovespa opera em queda nesta quarta-feira (2).
O mercado, em consenso, aposta que a taxa aumentará 1,5 ponto percentual nesta reunião, o que levaria os juros a 10,75% ao ano, maior patamar desde abril de 2017. A decisão da reunião será divulgado após o fechamento da bolsa, às 18h30 desta quarta. Enquanto isso, o principal índice da B3 caía 1,33% às 13h30, operando aos 112.096 pontos.
A maior expectativa dos investidores em relação ao Copom gira em torno dos sinais no comunicado para os próximos passos do BC. “A maioria espera a remoção do sinal de nova alta de 1,5 p.p, mas há dúvidas se o BC indicará claramente uma desaceleração do ritmo ou se manterá a porta aberta tanto para manter quanto alterar o passo, dependendo da inflação”, afirmam analistas da Terra Investimentos, em nota.
Destaques do pregão
A principal queda desta quarta fica por conta da BRF (BRFS3), que recuava 7,95%. A baixa nos papéis se dá no mesmo dia em que foi anunciada a movimentação de R$ 5,4 bilhões realizado em follow-on. A oferta veio descontada em 7,5%, e cada ação foi negociada por R$ 20, preço menor do que o do fechamento da terça-feira, que era de R$ 21,63.
Para o sócio-fundador da Fatorial Investimentos, Jansen Costa, o movimento é natural, dado o desconto. “Muita gente acaba aumentando a exposição e acaba saindo no dia da oferta”, afirma.
Quem segue a fila das quedas é o Banco Pan (BPAN4). Após fechar em queda de 5,2% na terça, recua 6,18% nesta quarta, na semana em que o Bradesco BBI deixou de recomendar a compra das ações do banco paulista.
Um dos destaques negativos é o Santander (SANB11), que caía 2,54%. O banco divulgou seu balanço do quarto trimestre de 2021, e o resultado não agradou o mercado. Para Jansen Costa, apesar de ter apresentado lucro estável em R$ 3,88 bilhões no quarto trimestre, a carteira de crédito e a inadimplência cresceram mais que o esperado.
Os números elevaram em 28% as despesas do Santander com créditos de liquidação duvidosa no quarto trimestre de 2021 em relação ao ano anterior, para R$ 3,69 bilhões.
Outra queda acentuada é a da IRB (IRBR3), recuando 6,63%. A queda vêm após a empresa afirmar para analistas do Citi que deve precisar de um novo aumento de capital, segundo informações do Brazil Journal. Desde 2020 a empresa tem buscado se recuperar da crise envolvendo fraudes em sua contabilidade.
Dentre as poucas altas do Ibovespa, destaque para Positivo (POSI3), que subia 1,51%, embora ainda acumule queda desde o início do ano. Segundo dados disponíveis na plataforma do TradeMap, a empresa começou o ano com os papéis cotados em R$ 11,20. Agora, cada ação é negociada por R$ 9,48.
Mercados globais
As bolsas pelo mundo operam sem direção única nesta quarta. Nos Estados Unidos, divulgações de indicadores e balanços de empresas movimentam os mercados de Wall Street. Dow Jones caía 0,10% e o Nasdaq Composto recuava 0,16%. Apenas o S&P 500 subia, a 0,17%.
Até agora, das 198 empresas presentes no S&P 500, 80% reportaram em linha ou superaram as projeções do consenso, segundo relatório da XP. A temporada de resultados segue com Meta (Facebook), Qualcomm e Spotify.
Também foram divulgados nesta quarta, pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM), os números do setor manufatureiro de janeiro dos EUA. O resultado apontou uma queda no mês, para 57,6 pontos, ante 58,8 em dezembro. No entanto, o subíndice “Preços Pagos”, que se refere aos custos de produção, acelerou de 67 para 76,1 pontos, sugerindo que a inflação continua elevada.
O dia na Europa foi marcado pela divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Zona Euro para janeiro. O número, que ajuda a medir a inflação no continente, subiu 0,3% em relação ao mês de dezembro. O mercado esperava queda de 0,4%.
Na base anual, o IPC atingiu 5,1%, um recorde histórico desde que o euro foi instituído como moeda comum no continente. O núcleo da inflação ficou em 2,3%, acima da meta do Banco Central Europeu.
Por lá, as bolsas operavam no azul. O Euro Stoxx 50 subia 0,60%. Em Londres, o FTSE 100 avançava 0,84% e, na Alemanha, o DAX tinha alta de 0,09%.