Migração para fundos de renda fixa deve beneficiar gestoras de bancos, diz Moody’s

BB, Itaú Unibanco, Caixa, Bradesco e Santander concentravam, em abril, 76% do total do patrimônio desses fundos

Foto: Shutterstock

A migração dos investimentos para fundos de renda fixa, que acontece em meio à alta da taxa Selic, hoje em 12,75% ao ano, deve beneficiar gestoras ligadas a bancos, apontou a Moody’s em relatório divulgado nesta segunda-feira (13).

Os fundos de renda fixa lideram a captação de recursos no ano, registrando aporte líquido de R$ 97,9 bilhões até maio, segundo informações da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) .

Os bancos Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Caixa, Bradesco e Santander concentravam, em abril, 76% do total do patrimônio sob gestão – são R$ 2,7 trilhões alocados na categoria de renda fixa.

“Se as taxas de juros permanecerem altas por um período sustentado, esperamos que os investidores realoquem suas carteiras, diminuindo suas exposições em ações e investimentos
alternativos e direcionando os recursos a ativos de renda fixa”, afirmou a agência de classificação de riscos em relatório.

“Como resultado, esperamos que as gestoras afiliadas aos bancos se beneficiem do aumento da aversão ao risco e das altas taxas de juros, porque tradicionalmente se especializaram nessas classes de ativos”, completou.

Nesse cenário, a Moody’s alerta que a lucratividade das gestoras de recursos independentes poderá sofrer com a queda nas taxas de administração ou com resgates.

A média das taxas de administração dos fundos de renda fixa caiu de 0,9%, em 2021, para 0,8% em março de 2022, de acordo com o relatório. Já a média das taxas dos fundos de ações ficou estável em 1,8%, enquanto que a dos fundos multimercado caiu de 1,5% para 1,4% na mesma comparação.

“Atualmente, em um ambiente mais competitivo, com novas gestoras e fundos listados em Bolsa (os ETFs, ou Exchange Traded Funds) ganhando participação de mercado, as taxas de administração continuam sob pressão, afetando diretamente a lucratividade das gestoras de recursos” afirmou a Moody’s em relatório.

Gestoras independentes, que usualmente focam em fundos de renda variável e multimercados, também poderão experimentar uma queda em suas receitas, principalmente em decorrência de resgates líquidos e diminuição do volume de seus ativos sob gestão, alertou a Moody’s.

Os fundos de ações e multimercados acumulam saque líquido de R$ 47,4 bilhões e R$ 55,2 bilhões respectivamente no ano até maio, segundo a Anbima.

Movimento pode levar a consolidação de gestoras

Na avaliação da agência, gestoras que apresentarem captações líquidas negativas sentirão o efeito na lucratividade de forma mais intensa. Dessa forma, gestoras de médio e pequeno porte, que não contam com suporte de uma controladora maior, estarão mais vulneráveis ao aumento da competição.

“Como resultado, esperamos alguma consolidação dentro do setor, à medida que os gestores de recursos independentes busquem fusões”, destaca a Moody’s.

A indústria de gestão de recursos do Brasil continua altamente exposta aos mercados de renda fixa, com cerca de 40% dos ativos administrados investidos em fundos de tal modalidade. “Esperamos que essa preponderância da renda fixa permaneça nos próximos períodos porque a rentabilidade futura provavelmente irá ser atrativa”, afirmou a Moody’s.

 

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