O cenário de juros altos e inflação elevada deve prejudicar bastante as construtoras de baixa renda no segundo trimestre deste ano, já que muitas tiveram que ajustar os orçamentos para colocar os empreendimentos em pé, pressionando as margens, embora as mudanças recentes no programa Casa Verde e Amarela sejam benéficas no médio prazo.
Em relatório distribuído ao mercado nesta terça-feira (26), os analistas Carlos Peyrelongue e Aline Caldeira afirmam que as compressões nas margens das construtoras devem impactar as ações de empresas de baixa renda, como Cury (CURY3), MRV (MRVE3), Tenda (TEND3) e Direcional (DIRR3).
Para o banco, a Tenda provavelmente verá a maior redução nas margens brutas entre os pares, enquanto a MRV se beneficiará das vendas de Luggo e Resia durante o período, embora os recebíveis (vendas) também devam impactar os resultados.
Por outro lado, o BofA acredita que tanto a Cury quanto a Direcional devem ver uma aceleração da recuperação da receita com forte crescimento nas vendas e lançamentos.
Na visão do banco, o impacto nas margens das construtoras se deve ao fato das vendas das unidades terem acontecidas em meados do ano, antes do repasse de aumentos de preços pelas incorporadoras.
“As mudanças recentes no programa Casa Verde e Amarela e no crédito habitacional são positivas para os players de baixa renda, mas ainda estamos cautelosos sobre a rapidez com que isso será traduzido em margens”, alertam os analistas.
No início de julho, o governo anunciou mudanças no Casa Verde e Amarela, entre elas a ampliação da faixa de renda para as fixas 1,5, 2 e 3, além da redução temporária de 1 ponto percentual da taxa nominal de juros do Programa Pró-Cotista, que é uma linha de financiamento para quem não tem acesso ao programa e utiliza recursos do FGTS para o financiamento de um imóvel.
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No caso da MRV especificamente, o BofA afirma que qualquer atualização sobre a capitalização dos negócios da empresa nos Estados Unidos prevista para o segundo semestre do ano deve ser fundamental para os resultados.
Em relação ao futuro das empresas focadas em baixa renda, o BofA espera um ponto de inflexão nas margens no próximo trimestre à medida que os custos se estabilizem, os preços aumentem e os novos projetos com margens maiores começam a ganhar relevância nos resultados. “Ainda assim, qualquer recuperação deve ser gradual”.
Por volta de 12h37, as ações do setor de construção civil caiam em bloco, sendo que a Cury tinha uma queda de 1,40%, a R$ 7,02, enquanto a ação MRV operava em baixa de 3,03%, a R$ 8,33, a Tenda tinha retração de 4,07%, a R$ 4,01 e a Direcional caia 2,93%, a R$ 10,61.