Após reverter seu lucro no quarto trimestre de 2020 e anotar um prejuízo de R$ 79 milhões no quarto trimestre de 2021, o Magazine Luiza (MGLU3) vê suas ações caírem 7,32% no Ibovespa, liderando as perdas do índice. Além do grupo, empresas ligadas à commodities também caem e pressionam a Bolsa brasileira.
Às 12h50 desta terça-feira (15), o Ibovespa caía 0,79%, e operava com 109.061 pontos. Caso a queda persista até o final do pregão, será o quarto consecutivo de queda.
O Magalu divulgou seu balanço financeiro na noite de segunda-feira (14), e o resultado negativo ajuda a pressionar as ações nesta terça, e figura como a principal queda desde o início do pregão.
Nos 12 meses de 2021, os ganhos líquidos da rede varejista somaram R$ 114,2 milhões, baixa de 69,8% quando comparado ao registrado no ano anterior, com margem de 0,3%, 1 ponto percentual mais baixa. Em relatório divulgado nesta terça, o Itaú BBA classificou o resultado como “fraco, mas esperado”.
Na avaliação da instituição financeira, “o cenário macroeconômico de recessão e uma base de comparação forte no trimestre equivalente de 2020 levaram a um resultado fraco para o Magazine Luiza”.
Além da empresa de Luiza Trajano, as maiores baixas do dia se concentravam no setor de commodities, principalmente mineradoras. Na fila das principais quedas estavam Usiminas (USIM5), caindo 4,87%, CSN Mineração (CMIN3), recuando 4,31%, e Vale (VALE3), que desvalorizava 3,50%. Entre as petroleiras, a Petrobras (PETR4) caía 2,64%.

A queda das empresas é acompanhada pela descida dos preços das commodities que elas negociam. Na Bolsa de Dalian, na China, o minério de ferro teve queda de 4,61%, sendo negociado por 756 iuanes, o equivalente a US$ 118. Enquanto isso, o petróleo do tipo Brent é negociado por US$ 98, uma queda de mais de 7% em comparação com o dia anterior.
Para Kaue Franklin, especialista em renda variável do Grupo Aplix, a queda brusca do petróleo e do minério ajuda a pressionar o Ibovespa devido ao peso que Petrobras e Vale possuem no índice.
Cenário macroeconômico internacional
No cenário macroeconômico, os investidores aguardam a “superquarta”, dia em que o Fomc (comitê de política monetária do Federal Reserve, o banco central americano) e o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) decidirão os juros dos Estados Unidos e do Brasil.
Nos EUA, a expectativa é que o Federal Reserve, em meio à maior inflação em décadas, dê início ao novo ciclo de alta da taxa básica, hoje próxima de zero. A maior parte dos analistas de mercado precifica um aumento de 0,25 ponto percentual, e o mercado estará de olho no comunicado e no discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, após a decisão, que ajudará a calibrar as projeções daqui para a frente.
O nosso Banco Central já anunciou que reduzirá o ritmo de alta da Selic (taxa básica de juros), que nas últimas reuniões vinha sendo elevada em 1,5 ponto percentual. A maior parte do mercado aposta em um aumento de 1 ponto percentual na taxa, para combater um IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que em fevereiro foi de 1,01%, a maior alta para o mês desde 2015.
“Os dias que antecedem reuniões de bancos centrais são normalmente dias com menos ‘apetite ao risco’ por parte dos investidores. Além disso, todos estão de olhos nos desdobramentos da guerra na Ucrânia e com possíveis novos surtos de Covid-19 na China”, afirma Franklin.
Pelo mundo, o movimento das bolsas apresenta direção distinta. Na Europa, caem e, em Wall Street, sobem. No Velho Continente o índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda a zona do euro, caía 0,22%, enquanto na Alemanha o DAX caía 0,04% e o FTSE 100, de Londres, desvalorizava 0,52%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones subia 1,16%, o S&P 500 valorizava 1,58% e o Nasdaq Composto apontava em 2,22% para cima.
Altas do dia no Ibovespa
Quem lidera a ponta positiva do Ibovespa é a Azul Linhas Aéreas (AZUL4), que subia 6,49%. O setor como um todo das companhias aéreas performa bem. A Gol (GOLL4), por sua vez, crescia 3,53%.
Para Franklin, do Grupo Aplix, a queda no preço do petróleo beneficia as ações dessas empresas no dia. Se a commodity sobe, as empresas de aviação acabam sofrendo, pois 60% dos custos dessas companhias são atrelados à moeda americana, na qual o petróleo é negociado.
Os custos incluem combustíveis, arrendamento de aeronaves, seguro e certos custos de manutenção. No dia 7 de março, por exemplo, um dia após o petróleo tipo Brent bater o valor de US$ 139 por barril, as ações da Azul caíram 18% no pregão.
Leia mais:
Além das aéreas, outras empresas que subiam no dia eram Cielo (CIEL3), crescendo 5,74%, Petz (PETZ3) valorizando 5,13%, e Natura (NTCO3), que apontava em 4,63% para cima.