Lula negocia PEC, fala de Powell e tensão na China – veja o que importa na semana

Nos próximos dias, investidores acompanham inflação oficial dos EUA, PIB do 3º tri, Caged e taxa de desemprego

Foto: Shutterstock/whiteMocca

Em uma semana repleta de indicadores de peso, com dados de emprego, inflação e atividade no Brasil e nos EUA, os investidores acompanham as negociações da PEC da Transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, com o Congresso. Monitoram ainda o aumento das tensões na China, onde protestos contra a política de Covid Zero eclodiram durante o fim de semana, e fala do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

Após duas semanas ausente de Brasília pela participação na COP27 e uma cirurgia na laringe, Lula desembarcou ontem na capital federal acompanhado de Fernando Haddad, candidato ao posto de ministro da Fazenda. No final da semana passada, os investidores tiveram forte reação negativa ao discurso do ex-ministro da Educação na Febraban (Federação Brasileira de Bancos), onde ele criticou o teto de gastos mas não indicou uma nova âncora fiscal.

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Na sexta, após o fechamento do mercado, o economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, negou à Folha de S. Paulo que tenha recebido um convite para ser ministro do Planejamento de Lula, possibilidade que animou o mercado na semana passada.

A expectativa é que nos próximos dias a entrada em cena de Lula nas conversas ajude a destravar a PEC da Transição. A proposta abre espaço para o Bolsa Família de R$ 600 e recomposição do Orçamento de 2023 – inicialmente, o governo eleito defendeu até R$ 200 bilhões a mais de gastos fora do teto de forma permanente, mas esse cenário enfrenta forte oposição entre os parlamentares.

Por que isso importa?

Quando o risco de descontrole das contas públicas de um país se eleva, investidores passam a pedir taxas de juros maiores lá na frente para comprar seus títulos públicos – ou, de forma mais simples, para emprestar dinheiro ao governo. Isso tende a reduzir o valor das ações de empresas negociadas em Bolsa e a desvalorizar o real. 

IGP-M, PIB do 3º tri e desemprego

Nos próximos dias, os investidores estão de olho ainda em uma bateria de dados importantes de atividade, inflação e desemprego no Brasil.

Nesta terça-feira (29), será informado o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de novembro, que será divulgado pela FGV às 8h e que deverá mostrar nova deflação, em meio ao cenário de juros altos e desaceleração da economia global.

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Serão informados ainda os dados mais importantes para medir o comportamento do mercado de trabalho no Brasil: o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) sai amanhã às 10h e a taxa de desemprego será informada às 9h de quarta pelo IBGE.

Na quinta, o IBGE também publica o PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre às 9h.

O mercado acompanhará os dados com atenção, em especial em um momento de preocupação com a política fiscal do novo governo, que pode estimular a inflação e elevar juros.

Tensão na China e fala de Powell

Lá fora, os olhos estão voltados para os protestos durante o fim de semana contra as restrições à circulação de pessoas na China, onde manifestantes pediram a renúncia do presidente Xi Jinping.  Na semana passada, o governo reforçou os controles para tentar conter novos casos de Covid, política que vem refreando a segunda maior economia do mundo.

Os mercados ainda aguardam o discurso do presidente do Federal Reserve (banco central americano), que acontece na quarta-feira às 15h30. A fala será feita meia hora antes da divulgação do Livro Bege, que é um compilado de dados sobre a atividade econômica americana.

Na quinta, às 10h30, o escritório de análises econômicas (BEA) informa o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal) de outubro, que é o indicador de inflação mais acompanhado pelo Fed para monitorar os preços americanos. Na sexta, às 10h30, os EUA informam ainda a taxa de desemprego em novembro.

A expectativa é que o discurso de Powell e o PCE ajudem a calibrar as expectativas dos investidores para a próxima reunião do Fed, no mês que vem. Se o cenário projetado pelo mercado se confirmar, a autoridade monetária conseguirá reduzir o ritmo de alta de juros, atualmente em 0,75 ponto percentual, para 0,50 ponto percentual.

Por volta das 8h20 desta segunda-feira (28), os índices futuros americanos operavam em queda: o Dow Jones caía 0,51%, o S&P 500 recuava 0,75% e o Nasdaq perdia 0,85%. No mesmo horário, o índice europeu Euro Stoxx 50 estava em queda de 0,78%.

Segunda-feira

Às 8h25, o Banco Central divulga o Boletim Focus, com projeções de analistas para inflação, juros, câmbio e PIB.

Às 9h, o Banco Central divulga a nota de crédito de outubro, com dados de concessões de empréstimos, taxas de juros e inadimplência.

Às 13h, o Brasil joga contra a Suíça na Copa do Catar.

Terça-feira

Às 8h, a FGV informa o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) de novembro.

Às 8h, a FGV divulga as sondagens do Comércio e Indústria de novembro.

Às 10h, o Ministério da Economia informa o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) de outubro.

Às 14h30, o Tesouro Nacional publica o resultado primário de outubro.

Quarta-feira

Às 7h, a Zona do Euro publica o CPI (índice de preços ao consumidor) de novembro.

Às 9h, o IBGE divulga a taxa de desemprego de outubro.

Às 10h30, sai a revisão do PIB dos EUA no terceiro trimestre.

Às 15h30, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa.

Às 16h, será publicado o Livro Bege do Federal Reserve.

Quinta-feira

Às 9h, o IBGE publica o PIB brasileiro no terceiro trimestre.

Às 10h30, o escritório de análises econômicas (BEA) informa o PCE (Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal) de outubro.

Sexta-feira

Às 9h, o IBGE divulga a Pesquisa Industrial Mensal de outubro.

Às 10h30, a BLS (secretaria de estatísticas trabalhistas dos EUA) divulga a taxa de desemprego e a criação de vagas em novembro.

Às 16h, o Brasil joga contra Camarões na Copa do Mundo do Catar.

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