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Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3) elevam preços, mas é preciso mais para aumentar rentabilidade

Outros fatores como, gargalos logísticos, valorização cambial e aumento dos custos dos produtos podem impactar negativamente na margem

Foto: Shutterstock

O risco de escassez de celulose global pode beneficiar os resultados da Klabin (KLBN11) e da Suzano (SUZB3), empresas que atuam no setor de papel e celulose, porém existem outros desafios que devem ser superados para que atinjam melhores rentabilidades.

O setor de papel e celulose foi um dos vários afetados pela inflação global resultante da retomada da atividade econômica pós-pandemia de Covid-19.

Além disso, sentiu o efeito dos desdobramentos da guerra na Ucrânia: a Rússia, país que invadiu o território ucraniano, foi punida com medidas que dificultaram a exportação de madeira, o que prejudicou a produção de celulose na União Europeia (UE).

Isso, somado a paradas programadas de fábricas, lockdowns na China e gargalos logísticos – como baixos níveis de estoque e dificuldades com transporte marítimo -, resultou num descompasso no mercado de celulose, com a demanda superando a oferta.

O cenário ficou favorável para aumentos de preço – e é isso que Klabin e Suzano, as duas principais empresas do setor no Brasil, têm feito desde o final de 2021 em mercados como Europa, América do Norte e Ásia.

Só neste mês, as companhias aumentaram o preço da tonelada de celulose exportada para a Ásia em US$ 30, a US$ 850. Além disso, a Suzano, elevará em US$ 60 o valor da celulose exportada para a América do Norte, a US$ 1.580 a tonelada. Para a Europa, o reajuste será de US$ 50, para US$ 1.350 por tonelada.

A correção dos preços é importante para que as empresas controlem a produção e operem com margens saudáveis, mas não garante, necessariamente, uma rentabilidade maior.

Na comparação entre o primeiro trimestre deste ano e igual período do ano passado, por exemplo, tanto Klabin quanto Suzano viram as margens de lucro cair, pressionada pela redução no volume de vendas, a valorização do real ante o dólar e o aumento no custo dos produtos vendidos.

Margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização)*

Empresa 1º tri 2022 vs 4º tri 2021 vs 1º tri 2021
Suzano 52,6% -3,0 pontos porcentuais -2,0 pontos porcentuais
Klabin 39,0% -2,0 pontos porcentuais +2,0 pontos porcentuais

*resultados ajustados para excluir fatores não recorrentes

Vendas em queda

Por ter maior parte da receita vinda das exportações, a Suzano foi atingida pelos gargalos logísticos mundiais – principalmente pelo baixo volume de estoques – e perdeu produtividade. Além disso, houve uma parada na produção durante o primeiro trimestre deste ano para manutenção das fábricas.

Com isso, as vendas da Suzano no período caíram 13% em relação aos últimos três meses do ano passado e 9% ante o primeiro trimestre de 2021.

Já a Klabin viu a produtividade cair com o arrefecimento do mercado doméstico de embalagens e pela necessidade de manutenção em uma de suas unidades fabris – o volume de vendas no primeiro trimestre deste ano caiu 8% em relação ao trimestre imediatamente anterior e 1% na comparação com o início de 2021.

A redução no volume de vendas significa que as duas companhias estão perdendo a oportunidade de maximizar os ganhos.

Real em alta

Outro aspecto que impactou diretamente na queda das margens das papeleiras no primeiro trimestre foi a valorização de em torno de 6% do real frente ao dólar em comparação ao quarto trimestre de 2021.

Neste ponto, a Suzano é a mais impactada, visto que 81,1% da receita líquida foi gerada no mercado externo. Esta proporção era maior no primeiro trimestre de 2021 (85%), porém foi impactada pelo menor volume de vendas e pela própria valorização do real.

Por outro lado, a Klabin enxergou oportunidade no mercado externo por causa do arrefecimento do mercado interno. A empresa teve 41% das receitas provenientes de exportações, frente 38% no primeiro trimestre de 2021.

O reajuste de preços dos produtos, aliado à menor exposição à moeda estrangeira, é uma das explicações para a Klabin ter apresentado aumento da margem Ebitda em comparação com o primeiro trimestre de 2021.

Custos de venda também entram na conta

Um terceiro fator que ajuda a corroer as margens das empresas é o aumento no custo de vendas dos produtos. São as despesas que as empresas registram desde a fase de produção e estocagem até o momento em que o produto é comercializado. Elas cresceram em proporção maior que os preços.

Neste primeiro trimestre de 2022, a Suzano reportou uma receita por volume vendido de R$ 3,62 mil por tonelada, queda de 2,5% em comparação com o quarto trimestre de 2021. Além disso, os custos por volume vendido cresceram 9,40%, para R$ 2 mil por tonelada.

A Klabin, por sua vez, viu a relação entre receita e volume vendido aumentar 4,1% no primeiro trimestre em relação ao último trimestre de 2021, para R$ 4,91 mil por tonelada vendida. Porém, a relação do custo das mercadorias vendidas cresceu 5,1%, para R$ 3,81 mil por tonelada vendida.

Ou seja, mesmo com a queda na receita por volume vendido, os custos aumentaram. A alta nos preços, portanto, pode mitigar o efeito negativo do aumento nas despesas, mas não é garantia de ganho de margem.

Visão do mercado

Mesmo com as margens pressionadas, a visão dos especialistas é majoritariamente positiva tanto para a Suzano quanto para a Klabin.

Para a primeira empresa, Bank of America e BTG Pactual recomendam a compra da ação, com preços-alvo de R$ 91 e de R$ 90, respectivamente, enquanto o UBS-BB sugere posicionamento neutro, com preço-alvo em R$ 62. Nesta quinta-feira (2), por volta das 16h, o papel estava cotado à R$ 53,86, leve alta de 0,15%.

Para a Klabin (KLBN11), dados compilados pela Refinitiv e apresentados na plataforma TradeMap mostram que a recomendação dos analistas é de compra. Dentre os 16 especialistas que avaliaram a empresa, 14 recomendam colocar a ação na carteira.

Hoje, a ação subia 0,49%, a R$ 23,80. A mediana do preço-alvo é de R$ 32,00, sendo assim, o papel tem uma potencial valorização de 41,84%.

 

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