Os contratos de juros futuros abriram esta segunda-feira (28) em queda, mesma direção do dólar, com o mercado à espera dos desdobramentos da resolução da PEC da Transição e acompanhando a tensão nos mercados internacionais com a série de protestos na China.
Por volta das 10h10, os contratos DI com vencimento em janeiro de 2024 eram negociados com queda de 11 pontos-base, a 14,36%, enquanto os com vencimento em janeiro de 2026 tinham baixa de 12 pontos-base, a 13,59%, segundo dados da plataforma TradeMap. No mesmo horário, o dólar tinha queda de 0,5%, para R$ 5,38.
O desempenho nestas primeiras horas de sessão vai no caminho oposto ao registrado no fim da semana passada, com forte volatilidade e com juros batendo taxas não vistas desde 2016.
O movimento de correção dos juros ocorre a despeito do aumento das expectativas para a inflação em 2022 e 2023, segundo dados do Boletim Focus divulgados nesta manhã. Para o ano que vem, analistas começam a enxergar o IPCA próximo de 6%.
“Esse movimento de desaceleração do dólar e dos DIs nada mais é do que realização aos movimentos, até um pouco exagerados, da sexta-feira. Fora isso, não tem nenhuma grande novidade ou um grande motivador”, explica Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.
O mercado reagiu de forma negativa à fala do ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em um evento de banqueiros representando o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
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A participação de Haddad aumentou as especulações de ele ser escolhido para comandar o Ministério da Economia, algo que o mercado financeiro está relutando em aceitar. Para analistas, o mais indicado seria a nomeação de um nome técnico e alinhado com as pautas dos empresários e agentes financeiros.
Na sexta, após o fechamento do mercado, o economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, negou à Folha de S. Paulo que tenha recebido um convite para ser ministro do Planejamento de Lula, possibilidade que animou o mercado na semana passada.
PEC da Transição
O mercado também espera pela resolução da PEC da Transição, texto fundamental para que o governo eleito consiga manter as parcelas do Bolsa Família em R$ 600 reais, além de outros benefícios sociais, como a Farmácia Popular.
O presidente eleito Lula passa a semana em Brasília junto com a cúpula da equipe de transição para tentar destravar a PEC. Está prevista a reunião de Lula com lideranças partidárias, além dos presidentes do Legislativo. A expectativa é que o texto seja apresentado até esta terça-feira (29) para haver tempo hábil de debates e ritos de aprovação.