Juros em alta e concorrência fazem XP (XPBR31) começar o ano com queda no saldo de captação; confira análise

No primeiro trimestre, a captação líquida da XP caiu 33%

Foto: divulgação

A XP Inc., que publicou na noite de terça-feira (12) uma prévia dos resultados do primeiro semestre, trouxe um resultado preocupante do ponto de vista de demanda dos clientes.

Embora os ativos sob custódia tenham crescido 22% em 12 meses até março, para R$ 873 bilhões, a captação líquida começou o ano em queda. Nos primeiros três meses de 2022, o saldo de captação caiu 33% em relação a igual período do ano passado, para R$ 46 bilhões.

A captação também apresenta recuo, de 5%, quando comparada ao último trimestre do ano passado, que atingiu um total de R$ 48 bilhões.

Segundo a empresa, o saldo de captação foi prejudicado por um novo surto de casos da pandemia entre dezembro e janeiro, o início das tensões no leste europeu, que começaram em fevereiro, e pelo fato de que, historicamente, o mês de janeiro costuma ser mais fraco. A XP, contudo, afirmou que o mês de março já apresentou uma melhora.

Entretanto, há outros dois fatores que podem ser mencionados como motivo do baixo desempenho em captações líquidas: a conjuntura econômica atual do Brasil e a concorrência.

No lado econômico, a inflação e os juros em alta apertam a renda dos brasileiros e restringem a possibilidade de poupança. Em vez de aportar novos recursos para investir, o cliente vai preferir manter as contas em dia.

Além disso, os juros em alta diminuem a possibilidade de atração de clientes que hoje aplicam em bancos tradicionais. Com a Selic a dois dígitos, esses clientes conseguem facilmente encontrar rendimentos relevantes nas instituições onde já estão, evitando uma migração para corretoras como a XP.

Não bastasse isso, a XP tem de lidar com expansão dos seus concorrentes. Em 2021, a companhia deixou de ser o aplicativo de corretora mais baixado do Brasil, segundo levantamento divulgado no início deste ano pelo Bank of America.

De acordo com os dados, o ano terminou com a liderança de um aplicativo do principal rival da XP, o BTG+, do BTG Pactual. Na segunda posição, aparece o Modal, que tem a corretora Modalmais e foi comprada pela XP. Em terceiro lugar, está a NuInvest (ex-Easynvest), plataforma do Nubank.

Apesar disso, a XP segue como líder de mercado entre plataformas independentes, com 50% de participação, segundo uma pesquisa feita pelo banco UBS BB e divulgada em março. Empresas como Nubank e BTG contam com 27% e 5%, respectivamente.

Com o aumento dos juros, que tirou atratividade da renda variável, e com a expansão de outras corretoras, a XP viu diminuir também a sua média de negociações diárias, que em geral são impulsionada por compra e venda de ações.

No primeiro trimestre, a média diária de negociações foi de R$ 2,3 bilhões, queda de 28% em relação ao primeiro trimestre do ano passado e de 8% em comparação ao quarto trimestre.

Porém, a XP cresce em serviços bancários, com o aumento de clientes que usam conta corrente, emissões de cartões de crédito e volume transacionado nos cartões, em razão da diminuição do limite mínimo de investimentos para que os clientes possam pedir os cartões, para R$ 5 mil.

No número de cartões ativos, a empresa teve um salto de 316% no primeiro trimestre deste ano, para 308 mil, em relação ao primeiro trimestre de 2021.  O volume de transações dos cartões aumentou em nove vezes, de R$ 500 milhões para R$ 4,5 bilhões.

Ainda tem mais: o número de usuários ativos da XP chegou aos 3,5 milhões, crescimento de 17% no primeiro trimestre de 2022 em relação ao mesmo período de 2021.

Nesta quarta-feira (13), a BDR da XP fechou em alta de 1,33%, a R$ 136,34.

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