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Juros dos EUA podem subir ainda mais rápido após dado de inflação e bolsas desabam

Núcleo da inflação americana avançou 0,6%, o dobro do esperado pelo mercado

Foto: Shutterstock

O mercado queria acreditar em um cenário em que a inflação americana perde força, mesmo que em um passo lento, evitando que os juros dos Estados Unidos subissem tanto. Mas o CPI (índice de preços ao consumidor) de agosto mostrou que o pior não ficou para trás, e que o tom duro adotado pelo Federal Reserve nas últimas semanas tem razão de ser.

O indicador mostrou um avanço de 0,1% nos preços em agosto ante julho, versus uma queda de 0,1% esperada pelo mercado. Parece pouca diferença, mas a principal preocupação é com o núcleo, que exclui itens com maior volatilidade de preços (energia e alimentos). Sem considerar a forte queda da gasolina, essa medida de inflação mostrou alta de 0,6%, o dobro do projetado por analistas.

Como resultado, as bolsas dos EUA abriram em forte queda nesta terça-feira (13): por volta das 11h10, o Dow Jones caía 1,6%, o S&P 500 recuava 2,1% e o Nasdaq perdia 3,4%.

A chance de uma alta impensável há até pouco tempo nos juros americanos, de 1 ponto percentual na próxima reunião do Federal Reserve, entrou em cena, com 22% dos investidores acreditando nessa possibilidade – a maior parte, 78%, acredita em novo aumento de 0,75 ponto.

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Como destacou a secretaria de estatísticas trabalhistas dos EUA em material de divulgação do CPI, a alta de preços está disseminada, com muitos itens mostrando alta de preços na maior economia do mundo. “Esses aumentos foram contidos pela queda de 10,6% nos preços da gasolina”, ponderou o órgão.

Para a economista-chefe do banco Inter, Rafaela Vitória, o dado mostrou que o processo de aumento dos preços nos EUA ainda não dá sinais de inversão do sinal.

“A medida de núcleo, excluindo energia e alimentos, ficou bem acima do esperado, em 0,6% em agosto, e no ano houve aceleração de 5,9% para 6,3%, sinalizando um processo inflacionário que ainda não tem clara reversão”, avaliou em relatório.

A especialista lembrou que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, já havia indicado que a batalha contra a inflação não está ganha, e que será necessário um processo de aperto monetário mais longo para combatê-la.

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“Para o mercado, no entanto, o dado frustra as expectativas de que a inflação seria controlada mais rapidamente e que o aperto monetário não seria necessário em tanta intensidade”, avaliou. “O dado hoje mostra que ainda temos um cenário de muita incerteza e a inflação ainda é um problema que requer taxas de juros maiores nos países desenvolvidos”.

Na avaliação de Fabio Fares, especialista em análise macroeconômica da plataforma Quantzed, os preços mostram altas em diversos segmentos da economia americana.

“Diversos setores ainda seguem persistentes na inflação, exceto energia, por conta da diminuição do preço da gasolina”, apontou. “Estamos vendo o mercado desfazer o otimismo, achando que estava tudo bem, por mais que os indicadores já estivessem mostrando um cenário complicado. A inflação ainda é um problema grave e persistente nos EUA.”

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