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Juro alto restringirá demanda por crédito e pressionará rentabilidade dos bancos, prevê Moody’s

Com isso, a agência projeta que os bancos brasileiros devem reforçar as provisões para créditos de liquidação duvidosa nos próximos trimestres

Foto: Shutterstock

A agência de classificação de risco Moody’s disse, em relatório publicado nesta segunda-feira (20), que a alta da taxa básica de juros no Brasil, a Selic, deve pressionar a qualidade dos ativos dos bancos brasileiros pelo fato de o país enfrentar um momento de “atividade econômica fraca, desemprego elevado e inflação acima de 5% desde 2021”.

Para a Moody´s, com um novo aumento da Selic, a demanda por crédito ficará ainda mais restrita, o que pressiona o “apetite de risco dos bancos”, já que a inflação pesa sobre a renda das famílias e prejudica a capacidade de pagamento de empréstimos.

Com isso, a agência de risco projeta que os bancos brasileiros devem reforçar as provisões para créditos de liquidação duvidosa nos próximos dois trimestres, pressionando os resultados financeiros das instituições em meio a um cenário mais moderado de crescimento de empréstimos.

A Moody´s chama a atenção ainda para a inadimplência, tão temida no setor bancário, que aumentou muito nos últimos trimestres, atingindo níveis próximos ao pré-pandemia, ficando ao redor de 3% a 4%, o que acaba prejudicando a rentabilidade dos bancos.

“Em média, os bancos privados registraram índices de inadimplência de 3% a 4% do total de empréstimos, enquanto os dois maiores bancos públicos, Caixa e Banco do Brasil, registraram 2% a 2,5% no mesmo período”, destaca a Moody’s.

Veja abaixo o histórico do índice de inadimplência dos bancos acima de 90 dias;

Empresa Inadimplência +90
1º trimestre 2019
Inadimplência +90
1º trimestre 2020
Inadimplência +90
1º trimestre 2021
Inadimplência +90
1º trimestre 2022
Banco do Brasil (BBAS3) 2,58% 3,17% 1,95% 1,89%
Bradesco (BBDC4) 4,2% 4,5% 2,5% 3,2%
Itaú (ITUB4) 3,02% 3,1% 2,3% 2,6%
Santander (SANB11) 3,1% 3,0% 2,1% 2,9%

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Por outro lado, a agência ressalta que o aumento acentuado das taxas de juros ainda não se refletiu em margens mais altas porque os bancos concentraram a originação de novos empréstimos em produtos de empréstimos garantidos ao consumidor para gerenciar os riscos crescentes dos ativos.

Como consequência, os quatro maiores bancos comerciais, Itaú Unibanco (ITUB4), Santander Brasil (SANB11), Banco do Brasil (BBAS3) e Bradesco (BBDC4), apresentaram margens financeiras líquidas relativamente estáveis nos últimos 12 meses.

“Tensões nas margens financeiras líquidas se acumulará principalmente nos bancos que têm uma carteira maior de empréstimos ao consumidor de longo prazo com taxa fixa, como hipotecas, empréstimos consignados e financiamento de veículos, porque a reprecificação dessas carteiras leva mais tempo do que os custos de captação de depósitos principais desses bancos, que são flutuantes cotações”, explica a agência de risco.

Juros vão subir 

E, pelo que parece, esse cenário de mais altas na Selic que a Moody’s prevê se confirmará. Nesta terça-feira (21), o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Copom (Comitê de política monetária do BC) e sinalizou que irá manter a taxa básica de juros da economia elevada por mais tempo como forma de trazer a inflação de 2023, que é o horizonte que está sendo olhado pelo Banco Central, para a meta de 3,25% ao ano.

Depois de aumentar a taxa na semana passada em 50 pontos-base, atingindo 13,25% ao ano, o colegiado sinalizou uma nova alta, igual ou menor, no próximo encontro, em agosto.

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Por volta de 12h15, o setor bancário caía em bloco na B3. O Itaú recuava 0,90%, cotado a R$ 24,25, enquanto o Bradesco perdia 0,59%, a R$ 18,70, o Banco do Brasil desvalorizava 1,28%, a R$ 33,95, e o Santander Brasil operava em queda de 0,69%, a R$ 30,43.

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