Junho traz indecisão ao mercado e Ibovespa opera quase estável; Hypera lidera altas do índice

Para Nicolas Farto, especialista da Renova Invest, mercado anda "de lado" refletindo incertezas quanto aos níveis de inflação no Brasil

Foto: Shutterstock

O primeiro pregão de junho tem sido volátil para o Ibovespa. Após chegar a valorizar quase 0,50% no início da manhã, o índice virou para baixo perto das 11h, voltou a subir logo depois e às 13h30 desta quarta-feira (1), operava em queda de 0,04%, aos 111.312 pontos.

Na ponta positiva, Hypera liderava as altas e, no lado negativo, o índice era pressionado por empresas expostas à economia doméstica.

O movimento do Ibovespa, porém, era menos negativo que o das bolsas lá fora, que caem mais intensamente à espera da divulgação do Livro Bege, às 15h.

O documento reúne a avaliação do banco central americano sobre a economia dos Estados Unidos e será monitorado em busca de sinais que possam sinalizar em quanto os juros do país devem subir neste mês..

Cenário econômico incerto faz preço de ações cair

Para Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, o mercado anda “de lado” nesta quarta refletindo incertezas quanto aos níveis futuros da inflação e dos juros no Brasil e no mundo.

As principais quedas dentre os componentes do Ibovespa ficavam com Azul (AZUL4) recuando 4,13%, Iguatemi (IGTI11) perdendo 2,92%, Engie (EGIE3) caindo 2,78% e Cemig (CMIG4) apontando em 2,67% para baixo.

Estas empresas, assim como outras mais expostas à economia doméstica, estão sob pressão negativa por causa da perspectiva de desaceleração no crescimento da economia ao longo deste ano, somada à expectativa de aumento dos juros e de permanência destas taxas em níveis elevados por um período mais longo.

Juros maiores encarecem o crédito e financiamentos. Isso, em contrapartida, tende a prejudicar as empresas em duas frentes distintas – por um lado aumentando suas despesas financeiras, e por outro arrefecendo o consumo.

Nesta quarta-feira, no mercado futuro de juros, a taxa do contrato para julho de 2023 subia 6 pontos-base, para 13,42% ao ano, enquanto as taxas para julho de 2025 e de 2028 aumentavam 16 e 18 pontos-base, respectivamente.

Farto, da Renova Invest, destaca que essa alta de juros é acompanhada por diversos fatores que mexem com as perspectivas de inflação no Brasil.

Na terça-feira (31), dados mostraram que a taxa de desemprego do Brasil caiu para 10,5% no trimestre encerrado em abril, sugerindo que mais pessoas estão empregadas e recebendo salários, o que amplia o mercado consumidor e pode retardar a desaceleração da inflação.

Além disso, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou de audiência pública na Câmara dos Deputados e evitou falar em encerramento do ciclo de alta da Selic, a taxa básica de juros.

“O presidente do BC evitou falar de Selic porque ele quer ‘deixar a porta aberta’ para novas altas, se necessárias. Essa dúvida é igual a que paira lá fora: até que ponto a inflação continuará alta?”, destacou Nicolas Farto.

Hypera lidera altas após acordo de leniência

A ponta positiva do principal índice da B3 ficava com a Hypera (HYPE3), que valorizava 7% no mesmo horário. A  empresa farmacêutica anunciar na noite de terça-feira (31) que fechou um acordo de leniência com a CGU (Controladoria-Geral da União) e com a (AGU) Advocacia-Geral da União referente ao pagamento indevido para senadores do MDB para obter vantagens em benefício da empresa

A companhia concordou em pagar R$ 110 milhões à vista e disse que o valor será “integralmente suportado” pelo principal acionista e fundador da companhia, João Alves de Queiroz Filho. Segundo dados da plataforma do TradeMap, ele é dono de 21,4% do negócio e não ocupa cargos na empresa.

Na avaliação de Farto, da Renova Invest, o mercado gostou da notícia, e destacou que o ponto principal é que o pagador da dívida não serão os acionistas minoritários.

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Além da farmacêutica, as maiores altas do dia ficavam com Totvs (TOTS3), Fleury (FLRY3), SLC Agrícola (SLCE3) e Weg (WEGE3). Respectivamente, os papéis valorizavam 4%, 3%, 2,60% e 3%.

Bolsas internacionais

Se de um lado o Ibovespa opera entre perdas e ganhos, as principais bolsas globais caíam em bloco nesta quarta no primeiro dia de negociações em junho.

Nos Estados Unidos, a redução do balanço de US$ 9 trilhões do Federal Reserve (o banco central americano) começa nesta quarta, enquanto na Europa os investidores repercutem dados do índice PMI sobre a atividade do setor industrial da zona do euro, que caiu ao menor patamar em 18 meses em meio aos impactos da escalada inflacionária na região.

Nesta tarde em Wall Street, tanto Dow Jones quanto Nasdaq recuavam por volta de 1%, enquanto que o S&P 500 perdia 1,15%. Na Europa, o movimento também era negativo próximo do fechamento, com o FTSE 100, do Reino Unido e o Euro Stoxx 50, índice que reúne empresas de todo continente, recuando 1,03% e o DAX, da Alemanha, desvalorizando 0,34%.

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