O impacto fiscal menor do que o esperado com a promulgação da PEC da Transição pelo Congresso levou o Itaú a revisar para um viés menos pessimista as expectativas para a dívida pública nos próximos anos.
Em relatório divulgado nesta sexta-feira (13), os analistas do banco atualizaram a projeção do déficit primário para 1,6% do PIB em 2023, ante perspectiva de 1,9%. Para o ano que vem, a estimativa passou para 0,9%, contra 1% na projeção anterior. A expectativa para 2022 ficou mantida em superávit de 1,1%.
A revisão dos dados parte principalmente do trecho da PEC que permite ao governo se apropriar de R$ 20 bilhões de recursos não sacados do PIS/Pasep, sem a contrapartida de gastos adicionais, e dos R$ 15 bilhões que devem chegar ao governo com o recente anúncio de redução do aproveitamento de créditos tributários do ICMS.
Em paralelo, o Itaú pontou que a reversão da desoneração de tributos federais sobre a gasolina, prevista para abril, deve somar cerca de R$ 30 bilhões – 0,3% do PIB – às receitas da União.
A estimativa do Itaú Unibanco é mais pessimista que a do governo federal. Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, estimou que o déficit primário o déficit primário em 2023 fique entre 0,5% e 1% do PIB.
Quarto trimestre negativo
Com base em dados do IBGE e indicadores diários de atividades, o Itaú prevê uma desaceleração mais forte do que a prevista para a economia doméstica no fim do ano passado, jogando o PIB do quarto trimestre para o campo negativo.
A visão mais pessimista para as atividades levou os analistas revisarem para baixo o crescimento da economia em 2022 para 2,8%, ante expectativa de 3%.
“O desempenho fraco na margem deve se manter este ano, com crescimento do PIB de 0,9% em 2023, que deve ser impulsionado, principalmente, pelo setor agropecuário”, informou o banco.
O Itaú também revisou com viés negativo a expectativa para a inflação deste ano, para 5,8% – mesmo patamar do encerrado em 2022. Antes, a projeção era de 5,7%.
Segundo o banco, o aumento de preços deve ser impulsionados pela cobrança integral dos tributos federais sobre a gasolina, “ainda que esse movimento possa ser postergado, dado o recente aumento de incerteza no fronte político”.