Infracommerce (IFCM3) vira a chave em aquisições e agora parte para empresas de tecnologia 

O primeiro passo da nova estratégia foi dado na noite de quinta, quando a Infracommerce anunciou que pagou R$ 25 milhões para comprar a Tevec

Foto: Divulgação

A Infracommerce – empresa que atua no chamado full commerce, com serviços para companhias de e-commerce que vão desde a oferta de uma plataforma eletrônica de pagamentos até as operações de logística e entrega de produtos – está entrando em uma nova fase da sua estratégia de aquisições.

Até então, a companhia, que abriu capital em maio do ano passado, vinha usando parte dos recursos levantados na oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para comprar empresas similares ou concorrentes.

Desde o IPO, foram três aquisições com esse perfil, das quais duas de concorrentes diretas: a Synapcom, por R$ 1,2 bilhão, e a Tatix, por R$ 124 milhões — fazendo a companhia tornar-se líder em seu segmento. A outra adquirida foi a argentina Summa Solutions, que desenvolve plataformas de e-commerce para outros negócios, em uma transação de US$ 9 milhões, como parte de um esforço para se internacionalizar na América Latina.

Agora, a Infracommerce pretende saciar a sua fome de aquisições com um novo tipo de alvo: empresas que são puramente de tecnologia e que podem entrar como um complemento aos produtos e serviços de e-commerce que a companhia já tem.

O primeiro passo dessa nova estratégia foi dado na noite de quinta-feira, 6, quando a Infracommerce anunciou que pagou R$ 25 milhões para comprar a Tevec, uma empresa especializada em desevolver algoritmos a partir do processamento de grandes bases de dados e com o uso de inteligência artificial.

A Tevec, por exemplo, cria algoritmos que são capazes de prever a demanda por produtos, otimizar pedidos e reduzir o capital de giro necessário das companhias. Fundada em 2013 e com uma receita operacional líquida de R$ 6 milhões ao ano, a Tevec conta com 22 clientes e alguns deles são nomes conhecidos: Allied, Tok Stok, Bimbo, Danone, Mondelez e Vigor.

A ideia da Infracommerce é levar as soluções da Tevec para os cerca de 500 clientes da base da companhia e para os cerca de 300 mil varejistas e 150 distribuidores que, de alguma maneira, estão ligados à sua cadeia.

“Além de adicionar profissionais altamente qualificados ao nosso time de análise de dados, as ferramentas da Tevec otimizam abastecimento, capital de giro, preços e margens que são cruciais para que as indústrias atravessem períodos de alta inflação e busca por eficiência na cadeia”, afirmou o CEO da Infracommerce, Kai Schoppen, em comunicado.

Na avaliação do analista Enrico Trotta, do Itaú BBA, trata-se de uma aquisição que vai ajudar os clientes de e-commerce da Infracommerce a ter uma maior conversão de vendas. “Entre 5% e 12% das perdas de vendas dos clientes da companhia no B2B (empresas que atendem outras empresas) ocorrem por falta de estoque, então a Tevec pode ajudar a gerenciar melhor isso”, disse o analista, à Agência TradeMap.

Quando realizou o seu IPO, a Infracommerce levantou R$ 902 milhões. O plano da companhia é usar 75% dos recursos para fazer aquisições. Como a empresa já utilizou a maior parte do dinheiro, Trotta espera que, agora, as aquisições sejam de menor porte, mais pontuais, como foi o caso da Tevec.

Com a incorporação de outras empresas, a Infracommerce pretende antecipar uma expansão que levaria um tempo maior para acontecer, se dependesse apenas das próprias pernas. Há cerca de um ano, a companhia tinha apenas 60 clientes. Hoje, são cerca de 500. Trata-se também de um esforço para mostrar resultado aos investidores que apostaram na companhia durante o IPO.

E isso tem se refletido na percepção do mercado. Após as primeiras três aquisições que a Infracommerce fez depois do IPO, o BTG Pactual eleveu em 67% a sua previsão para a receita da companhia. Agora, o faturamento estimado em 2022 é de R$ 870 milhões.

Por volta das 17h05, a ação da Infracommerce era negociada em queda de 0,91%, a R$ 17,34, após ter começado o dia em alta.

A Infracommerce é praticamente uma unanimidade entre os analistas. Entre as cinco casas que foram consultadas pela Refinitiv, em levantamento disponível na plataforma do TradeMap, todas recomendam a compra do papel, com um preço-alvo máximo de R$ 31. A mediana é de R$ 27,90.

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

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