Ibovespa recua com tensão geopolítica e queda do petróleo em sessão marcada por aversão ao risco

Shutterstock/SynthEx

O Ibovespa fechou em queda de 0,41% nesta segunda-feira (23), aos 136.551 pontos, acompanhando o clima de aversão ao risco nos mercados globais diante da intensificação dos conflitos no Oriente Médio. A instabilidade se acentuou após o Irã lançar mísseis contra bases militares dos Estados Unidos no Catar e no Iraque, em resposta aos bombardeios americanos contra instalações nucleares iranianas ocorridos no fim de semana.

O ataque elevou os temores sobre um possível bloqueio do estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 20% do petróleo consumido globalmente. Ainda assim, após uma breve alta nos preços do petróleo durante a madrugada, a commodity passou a cair ao longo do dia. A percepção do mercado foi de que os ataques iranianos foram pontuais e não miraram diretamente em ativos relacionados à produção ou transporte de petróleo.

Na Bolsa de Nova York, o contrato do WTI com vencimento em agosto recuou 8,82%, fechando a US$ 67,36 o barril. Já o Brent, caiu 8,21%, encerrando o dia cotado a US$ 69,29. O movimento derrubou também as ações da Petrobras, que chegaram a subir no início da sessão, mas encerraram com queda de 2,71%, refletindo a virada do petróleo no mercado internacional.

Mesmo diante da escalada da tensão, a Petrobras decidiu não realizar ajustes nos preços dos combustíveis por ora. Fontes da estatal afirmam que a política atual tem como objetivo evitar repasses imediatos ao consumidor e que eventuais mudanças só devem ocorrer caso haja alteração consistente no patamar do Brent.

Enquanto isso, o presidente dos EUA, Donald Trump voltou a pressionar por preços mais baixos do petróleo. Em sua rede social, pediu que produtores não aproveitem a crise para elevar os valores e instou o Departamento de Energia dos EUA a aumentar a produção imediatamente.

A crise no Oriente Médio também gerou repercussões diplomáticas. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, condenou os ataques dos EUA contra o Irã, classificando-os como “injustificados” e alertando para os riscos de uma escalada generalizada. Em encontro com autoridades iranianas em Moscou, Putin afirmou que fará esforços para apoiar o povo iraniano, embora não tenha detalhado medidas concretas.

Outro fator que gera preocupação internacional é o paradeiro de cerca de 400 quilos de urânio enriquecido a 60% que estavam armazenados em instalações iranianas antes dos bombardeios. O Irã alega que o material foi removido dias antes dos ataques, mas não informou onde foi levado. Especialistas temem que, se esse estoque for refinado a 90% de pureza, possa ser utilizado para a fabricação de até dez ogivas nucleares.

O cenário tenso também impactou diretamente empresas com operações no Oriente Médio. A Basra Oil Company informou que gigantes como BP, Eni e TotalEnergies iniciaram a evacuação parcial de seus funcionários estrangeiros em campos petrolíferos do sul do Iraque. A produção, por enquanto, segue inalterada, com exportações médias de 3,32 milhões de barris por dia.

Entre os destaques corporativos no mercado brasileiro, as ações da Cosan caíram 4,67%, acumulando perda de 13,47% apenas em junho. A forte desvalorização reflete preocupações com o elevado nível de endividamento da companhia, que fechou o primeiro trimestre com R$ 17,5 bilhões em dívidas. A alta da Selic, anunciada na semana passada, contribuiu para a pressão negativa sobre os papéis.

Em contrapartida, Marfrig e BRF lideraram as altas do dia, com valorização de 4,46% e 4,67%, respectivamente. As ações reagiram positivamente à remarcação da assembleia de fusão entre as empresas, que ocorrerá no dia 14 de julho, após suspensão imposta pela CVM. O mercado interpretou a retomada do processo como sinal de avanço na consolidação do setor.

Outro movimento relevante no setor corporativo foi a apresentação de um recurso pela Petlove contra a fusão entre a Petz e a Cobasi, aprovada recentemente pela Superintendência-Geral do Cade. A operação prevê a incorporação da Petz pela Cobasi, criando uma nova empresa com faturamento de R$ 7 bilhões no varejo pet. A Petlove questiona os termos da união, mesmo com o aval do órgão antitruste.

Nos Estados Unidos, os dados da atividade empresarial também chamaram atenção. O índice PMI da S&P Global mostrou uma leve desaceleração em junho, mas com aumento dos preços pagos pelas fábricas. O relatório aponta que tarifas impostas sobre produtos importados pelo governo Trump estão começando a pressionar a inflação, o que reforça a expectativa de aceleração dos preços no segundo semestre.

Apesar disso, aumentou a probabilidade de um corte de juros pelo Federal Reserve já em julho, ainda que a maioria dos analistas continue projetando a manutenção da taxa básica. No Brasil, o UBS elevou a recomendação das ações brasileiras para “overweight”, citando o potencial de início de cortes na Selic em 2026 e possíveis mudanças políticas que podem agradar ao mercado.


As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:


Altas

• BRF (BRFS3): +4,67%

• Marfrig (MRFG3): +4,46%

• RaiaDrogasil (RADL3): +3,64%

• Engie (EGIE3): +3,37%

• Lojas Renner (LREN3): +2,43%


Baixas

• Cosan (CSAN3): -4,67%

• Vamos (VAMO3): -4,24%

• Raízen (RAIZ4): -4,07%

• Azzas (AZZA3): -4,03%

• IRB (IRBR3): -3,85%


EUA

Os principais índices de Nova York encerraram o dia em alta:

• Dow Jones: +0,89%

• Nasdaq: +0,94%

• S&P 500: +0,96%

 

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