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Inflação desacelera em novembro, mas mercado segue tenso com o fiscal

IPCA subiu 0,41% em novembro, desacelerando em relação à alta de 0,59% em outubro

Foto: Shutterstock/stockwerk-fotodesign

A inflação desacelerou em novembro e ficou bem abaixo da previsão do mercado, mas investidores parecem ter dado de ombros para a notícia. É que além de os dados terem sido distorcidos por promoções de fim de ano, o radar está voltado para 2023, e para como o Banco Central vai lidar com o aumento dos gastos públicos no ano que vem.

Na manhã desta sexta (9), que também teve o anúncio formal de Fernando Haddad no ministério da Fazenda, os juros futuros operam próximos da estabilidade.

Por volta das 12h50, a taxa de juros dos contratos futuros de DI operava praticamente estável. Os DIs com vencimento em janeiro de 2024 eram negociados a 13,82%, segundo dados da plataforma TradeMap. O dólar futuro estava em queda de 0,20%, a R$ 5,245.

“A inflação de fato foi mais amena, mas a característica dessa inflação não mudou”, disse Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Segundo o IBGE, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,41% em novembro, desacelerando em relação à alta de 0,59% em outubro. Analistas esperavam um avanço mais intenso, superior a 0,50%.

Uma análise detalhada dos números mostra que o enfraquecimento da inflação foi reflexo em parte das ofertas da Black Friday, que ajudaram a provocar queda nos preços de artigos de residência e mantiveram quase estáveis os preços de produtos de saúde e cuidados pessoais.

Alguns alimentos, como o leite, também ficaram mais baratos, e ajudaram a amenizar a inflação neste grupo.

No entanto, boa parte desse efeito da Black Friday tende a ser revertido nos próximos meses, voltando a aumentar a pressão inflacionária. A isso se somam também os sinais de que as medidas para diminuir a cobrança de impostos sobre combustíveis e outros produtos essenciais, como energia elétrica, não estão mais conseguindo evitar a inflação nestes segmentos.

“Nós tivemos energia elétrica no terreno positivo, combustíveis automotivos no terreno positivo e itens que compõem o grupo de comunicação igualmente no terreno positivo. Portanto, todos esses movimentos deflacionários ficaram para trás”, disse Argenta.

Serviços ainda preocupam

Ainda que a inflação tenha desacelerado em novembro, especialistas apontam que ela segue disseminada, e que no setor de serviços a alta de preços segue forte.

Eduardo Vilarim, economista do banco Original, afirmou em relatório que 58,6% dos bens pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preços em novembro, ante 67,9% em outubro. Boa parte disso, porém, foi resultado de preços menores para os alimentos.

Claudia Moreno, economista do C6 Bank, ressalta que os bens industriais mostram uma desaceleração acentuada nos preços, mas que no setor de serviços a queda é mais lenta. “No caso de serviços, a alta foi de 0,13%. Mesmo desacelerando no mês, a inflação de serviços ainda roda em 7,9% no acumulado de 12 meses, patamar elevado”, afirmou.

Vilarim acrescentou que, apesar de os números sugerirem melhora do quadro inflacionário, o Banco Central deve ignorar os números no curto prazo porque eles podem ser passageiros se os gastos públicos crescerem no ano que vem.

Vale lembrar que em 2023 já está contratada uma despesa de pelo menos R$ 150 bilhões a mais que a prevista no Orçamento, por causa da PEC da Transição.

Diante disso, todos os especialistas mencionados acham que, se houver espaço para queda da taxa básica de juros, a Selic, em 2023, ele virá apenas no segundo semestre.

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