Ibovespa sobe mais de 2% com expectativa de PEC desidratada; Magazine Luiza (MGLU3) dispara

Com isso, as taxas dos contratos de juros futuros perderam força e impulsionam a ação de varejistas

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

Dando sequência no movimento positivo visto na véspera, o Ibovespa sobe quase 3% nesta terça-feira (20), com as varejistas e outras empresas sensíveis aos juros disparando, diante da expectativa de uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) desidratada.

Por volta de 13h25 a Magazine Luiza (MGLU3) era a maior alta do dia, subindo 14,18%, Via (VIIA3), que sobe 13,51% e Americanas (AMER3), com alta de 13,29%. O Ibovespa, por sua vez, avança 2,36%, aos 107.207 pontos.

Segundo dados retirados da plataforma do TradeMap, as taxas dos contratos de juros futuros com vencimentos em fevereiro de 2024, 2026 e 2028 recuavam 0,09 p.p (ponto percentual), 0,34 p.p. e 0,3 p.p., respectivamente, cotados a 13,83%, 13,33% e 13,20%.

Para Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, esse recuo nos DIs reflete uma perspectiva de que a PEC da Transição deve ter seu texto final desidratado.

Isso porque alguns líderes da Câmara dos Deputados pretendem reduzir de dois para um ano a ampliação do teto de gastos no novo governo, o que para Mastromonico, deixa o mercado bem-humorado. “O investidor fica mais tranquilo para comprar com esse risco fiscal diminuindo”.

O valor da PEC, contudo, não deve ser alterado. De acordo com informações do jornal Valor Econômico, o relator da PEC, Elmar Nascimento (União), deve manter a previsão de aumentar o teto de gastos em R$ 145 bilhões para garantir o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 a partir de janeiro e um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos.

Somado a isso, o analista Rodrigo Cohen, co-fundador da Escola de Investimentos, vê com bons olhos a reunião envolvendo o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira, para dar sequência aos trâmites da PEC.

“Haddad está conseguindo articular bem com o Lira questões da PEC e também apoios ao governo de uma forma mais racional e de bom senso. Isso faz com que as bolsas se animem”, comenta Cohen.

Ainda do lado positivo, as maiores altas do pregão tinham Natura (NTCO3), que avançava 10,55%, Azul (AZUL4), que subia 10,76%, Gol (GOLL4), que ganhava 11,66% e Petz (PETZ3), que apontava em 9,48% para cima.

No caso das aéreas, a queda do dólar nesta terça também alivia as empresas, já que são companhias que possuem custos (combustível e manutenção) atrelados à moeda americana. No Horário acima, o dólar era cotado a R$ 5,22, uma baixa de 1,72% na comparação intradia, segundo a plataforma TradeMap.

As poucas baixas do pregão

Na ponta negativa do Ibovespa, apenas quatro ações recuavam: Marfrig (MRFG3) caía 1,16%, Suzano (SUZB3) perdia 1,09%, Klabin (KLBN11) recuava 1,17% e Fleury (FLRY3) se desvalorizava 0,84%.

Se a baixa do dólar beneficia as aéreas, o mesmo movimento prejudica as empresas de papel e celulose, já que as receitas delas são baseadas na moeda americana por serem majoritariamente exportadoras.

Bolsas internacionais em direções mistas

Nos mercados globais, as bolsas operam mistas, com os mercados em Wall Street avançando enquanto os mercados europeus recuam.

Mais cedo, o Banco do Japão surpreendeu os mercados com uma mudança na política monetária, que permitirá taxas de juros de longo prazo mais altas.

A instituição manteve a taxa básica de juros do país negativa, em -0,1% ao ano, o que era esperado pelos especialistas. No entanto, afrouxou a política de controle das taxas de juros de longo prazo – o que estava fora do roteiro.

Desde 2016 o banco central japonês usa um sistema que limita a variação dos juros de 10 anos do país a um intervalo que vai de -0,25% a +0,25% ao ano. Com a decisão recente, porém, este limite aumentou, passando para o intervalo de -0,50% a +0,50% ao ano.

“O movimento sugere uma mudança de postura em relação à política monetária até mesmo de um dos bancos centrais mais acomodativos do mundo”, avalia a XP, em relatório.

Na Europa, a inflação ao produtor (PPI) da Alemanha registrou uma variação negativa de 3,9% ante uma baixa de 2,5% das estimativas do mercado, o que indica que a inflação pode estar entrando em tendência de baixa no país. 

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