Ibovespa sobe com exterior e agenda econômica no radar; Pão de Açúcar (PCAR3) lidera altas

Embora tenha iniciado o pregão em baixa, o Ibovespa passou a operar próximo da estabilidade depois da primeira hora, com o mercado repercutindo o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.

Por volta das 13h30, o Ibovespa avançava 0,52%, aos 109.691 pontos.

Dentre as ações do índice, o papel do Pão de Açúcar (PCAR3) liderava as altas com uma valorização de 5,80%, após o conselho de administração aprovar a proposta para reduzir o capital da empresa.

A companhia quer reduzir o capital no valor de R$ 7,13 bilhões, mediante a entrega de 1,08 bilhão de ações ordinárias de emissão do Grupo Éxito aos seus acionistas, na proporção de quatro (4) ações do Éxito para cada ação da empresa.

Em relatório, a XP diz considerar a iniciativa como neutra já que se trata de mais uma atualização processual no contexto da transação. “Além disso, seguirmos com uma visão cautelosa principalmente frente às incertezas da liquidez do papel na Colômbia”, acrescentou a corretora.

O papel da Hapvida (HAPV3) se recuperava das perdas recentes e avançava 2,40%. A companhia teve sua ação rebaixada pelo J.P Morgan e outras instituições nos últimos pregões, acumulando uma baixa de 12% desde sexta-feira (6).

A CSN Mineração (CMIN3) subia 4,46% e acompanhava a valorização do minério de ferro no mercado externo. A tonelada da commodity negociada na bolsa de Dalian teve alta de 1,21%, cotada a US$ 123,95.

Olhos voltados para Brasília

Os investidores continuam de olho nos desdobramentos dos ataques ocorridos em Brasília no domingo (8), quando manifestantes que apoiam o ex-presidente Jair Bolsonaro realizaram atos antidemocráticos na Praça dos Três Poderes.

Mesmo com esse impacto negativo, o Ibovespa subiu no pregão de ontem, amparado na alta de blue chips e na valorização de bolsas americanas, ignorando os atos de domingo.

Para analistas estrangeiros, o impacto dos atos antidemocráticos aumenta a cautela com o país, mas as atenções ainda estão voltadas para os passos da política fiscal do novo governo petista.

Para Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, a reunião vista na véspera entre o presidente Lula e os governadores e membros do Congresso e do STF (Supremo Tribunal Federal) mandou uma mensagem positiva ao mercado, ao rechaçar o movimento.

“Vimos até nomes de direita se posicionarem contra o movimento. A mensagem comprime a narrativa de um possível risco maior e institucional. Por hora, esses atos foram contidos e as autoridades devereão continuar a punir os responsáveis”, acrescenta o analista.

Em relatório enviado ao mercado nesta terça, a agência de risco Moody’s destacou que vê o surgimento do consenso político que condenou os atos de violência e a determinação das autoridades de controlar rapidamente a situação como um sinal de “força institucional”.

Diante disso, a Moody’s não prevê que o perfil de crédito dos emissores brasileiros seja afetado pelo evento, a menos que os atos persistam e atrapalhem a atividade econômica.

“Vemos uma baixa probabilidade de os eventos se intensificarem no curto prazo, mas uma reviravolta mais negativa aumentaria os desafios decorrentes dos principais riscos de crédito do Brasil, tais como o aumento das pressões fiscais e expectativas de crescimento econômico fraco”, diz Samar Maziad, analista sênior de risco da agência.

Mercado repercute inflação de 2022

Índice oficial de inflação, o IPCA acelerou a alta e avançou 0,62% em dezembro, acima do esperado pelo mercado, encerrando 2023 com aumento de 5,79%. Pelo menos metade da surpresa altista (analistas esperavam um aumento de 0,45% no mês) partiu de fatores pontuais – como o fim das promoções da Black Friday- , que não devem se repetir neste início de ano.

Apesar disso, parte do mercado viu sinais de alerta no número, que mostrou um espalhamento maior do que o esperado da inflação por diferentes itens.

“A guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro do ano passado, elevou os preços de combustíveis e grãos e adiou a normalização das cadeias produtivas globais”, aponta Claudia Moreno, economista do C6 Bank.

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As baixas do dia

Na ponta negativa, a ação da Eletrobras (ELET6) recuava 2,54%, seguida por Rede D’Or (RDOR3), que perdia 2,62% e CPFL (CPFE3), que apontava em 2,18% para baixo.

Mais cedo, a companhia elétrica informou mais que o GIC, um fundo de Cingapura, aumentou sua participação na empresa, atingindo 5% do total de ações ordinárias, o equivalente a 101,3 milhões de papéis.

Além disso, a Reuters informou que a Eletrobras está investigando as razões para quedas de duas torres de transmissão de energia elétrica de suas concessionárias Furnas e Eletronorte desde domingo, quando eclodiram atos golpistas pelo país e ameaças a refinarias da Petrobras.

As ocorrências à infraestrutura da Eletrobras envolveram linhas no Paraná e em Rondônia. No caso paranaense, foi derrubada uma torre do Bipolo 2, que transmite energia gerada pela hidrelétrica Itaipu para o Sistema Interligado Nacional.

No caso da CPFL, a empresa anunciou que vai investir R$ 25,4 bilhões até 2027, sendo que a maior parte deste valor, de R$ 20,58 bilhões, será direcionada para a área de distribuição.

Ademais, JBS (JBSS3) recuava 2,19% e as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) perdiam 2,10% e 1,80%, respectivamente.

Bolsas internacionais

No exterior, os principais índices globais operam no terreno negativo, com os investidores repercutindo falas de membros do Fed.

Ontem, dois membros da instituição, Mary Daly e Raphael Bostic, pontuaram que esperam que a taxa de juros americana suba acima de 5%, reforçando o tom contracionista em relação à política monetária nos EUA. 

Já nesta manhã foi a vez do presidente da instituição, Jerome Powell, dar o ar da graça. Em pronunciamento, Powell não trouxe maiores novidades sobre os rumos da política monetária do país.

Ele ressaltou que a ausência de controle político direto sobre as decisões do colegiado permite o órgão “tomar medidas necessárias sem considerar fatores políticos de curto prazo”.

Na Europa, o economista-chefe do Banco da Inglaterra, Huw Pill, afirmou que o Reino Unido corre o risco de uma pressão inflacionária persistente por conta de um mercado de trabalho apertado.

Veja a performance dos principais índices globais nesta terça: