Ibovespa sobe 0,7%, acima dos 117 mil pontos, com otimismo global; 3R Petroleum (RRRP3) dispara

Mercados repercutem a expectativa de um aperto monetário menos agressivo nos EUA

Foto: Shutterstock/Lukasz Z

O mercado brasileiro estende para esta terça-feira (4) a euforia da véspera, embora em menor densidade, após o resultado das eleições e o otimismo global com a expectativa de aperto monetário menos agressivo nos Estados Unidos.

Com isso, por volta das 13h15, o Ibovespa registrava avanço de 0,7%, aos 117.002 pontos.

O clima positivo também reflete o bom humor das Bolsas no exterior, depois de os dados do mercado de trabalho americano virem piores que o esperado. O relatório JOLTs de agosto apontou a criação de 10,1 milhões de empregos, desaceleração em comparação a julho.

O levantamento serve como um indicador da falta ou excedente da força de trabalho americano, e pode sinalizar menos ou mais pressão inflacionária sobre a economia dos EUA.

As informações reforçam a percepção de desaceleração da maior economia do mundo e indicam perda de força do setor de serviços e da indústria.

“O mercado vê tudo isso como positivo, o que seria uma lógica inversa. Se a economia estivesse bem, esses números viram positivo. Mas como há um aperto monetário, esses números precisam cair para bater na [queda da] inflação. Eles estão caminhando em linha com o esperado pelo mercado”, diz Charo Alves, especialista da Valor Investimentos.

Juros em queda, petróleo em alta

O pelotão de cima do Ibovespa é predominado por empresas sensíveis aos juros e petrolíferas. O impulso do primeiro grupo é justificado pela queda de juros futuros em até 5 pontos-base em horizontes mais longos, enquanto os papéis de commodities refletem a alta do petróleo no mercado global.

Internamente, a maior alta do dia é da 3R Petroleum (RRRP3), que sobe 11,4%. No mesmo grupo, PetroRio (PRIO3) avançava 6,6%. O movimento ocorre às vésperas da reunião da Opep+, que pode impactar na redução do estoque global de petróleo. O contrato do barril tipo Brent, referência na maior parte do mundo, tinha alta de 3,5%, a US$ 92.

Empresas expostas aos juros também são destaques de alta. Locaweb (LWSA3), Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3) registram valorização de 4,6%, 4,6% e 4%, respectivamente.

O otimismo com essas empresas de serviços e varejo é efeito da expectativa de juros mais baixos nos Estados Unidos, o que acaba impactando na estratégia da política monetária brasileira, além do processo de inflação negativa da economia observado nos últimos meses.

“O Brasil saiu à frente na subida dos juros, e passamos dois meses de deflação. Isso faz o mercado começar a precificar cortes na Selic a partir de 2023”, pontua Alves.

Euforia eleitoral

Na cena doméstica, os investidores seguem repercutindo os resultados eleitorais mais acirrados do que o esperado. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu o primeiro turno com 48,43% do eleitorado, ou 57 milhões de votos. O atual presidente, Jair Bolsonaro, que busca a reeleição, totalizou 43,20% do total, com pouco mais de 51 milhões de eleitores.

As pesquisas de intenção de voto divulgadas até o final da semana passada apontavam Lula mais perto de 50% e Bolsonaro com cerca de 35% dos votos.

Saiba mais:

Tanto Bolsonaro quanto Lula terão que migrar para o centro, diz ex-BC Luiz Fernando Figueiredo

Além de ir melhor do que o esperado, Bolsonaro conseguiu eleger grande parte das cadeiras na Câmara dos Deputados e no Senado. Para Pedro Paulo Silveira, da Nova Futura Asset, a configuração do Congresso é positivo em caso da vitória de ambos os candidatos.

No caso de Lula, um Legislativo mais à direita tende a frear possíveis políticas de aumento de gastos públicos. Já no caso de reeleição de Bolsonaro, o Congresso mais simpático ao presidente pode facilitar as pautas econômicas defendidas pela linha liberal do governo.

O movimento fez a Bolsa brasileira encerrar a véspera com alta de 5,5%, aos 116.134 pontos – na maior valorização intradia desde 6 de abril de 2020. Os resultados impulsionaram uma série de ativos ontem, que no pregão de hoje passam por um movimento de correção.

A Cemig (CMIG4), que subiu 10,69%, foi um dos destaques. Com a reeleição de Romeu Zema (Novo), em Minas Gerais, a expectativa pela privatização da Cemig aumenta. Nesta terça, porém, os papéis cedem 2,8%.

O mesmo movimento ocorre com outras estatais. O Banco do Brasil (BBAS3) recuava 3,2%. A parte de baixo é puxada pela Cielo (CIEL3), que perde 5,8%. O pelotão também conta com Cyrela (CYRE3), que cai -2,9%, Lojas Renner (LREN3), com queda de 1,8% e Minerva (BEEF3), que opera em baixa de 2,6%.

Bolsas internacionais

O mercado global amplia o bom humor com a expectativa de aperto monetário menos intenso nos juros, principalmente nos Estados Unidos e na Europa.

“O apetite ao risco foi ampliado com investidores acreditando que os bancos centrais podem rever suas estratégias ultra agressivas no combate à inflação, à medida que os riscos de estabilidade financeira estão crescendo”, pontuou a equipe de research da XP.

Diante deste cenário, em Nova York, o Dow Jones sobe 2,5%, o S&P 500 aponta para cima em 2,8% e o Nasdaq se valoriza 3,1%.

O clima positivo também afeta os mercados europeus, que se aproximam do fechamento. O Euro Stoxx 50 tem alta de 4,2%, enquanto o alemão DAX sobe 3,7%.

 

Compartilhe:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.