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Ibovespa inverte queda após fala de Haddad e encerra em alta de 0,20%; Petrobras (PETR4) derrete

Bolsa brasileira ignorou mal humor global gerado pelo Fed e fechou em alta pela primeira vez na semana

Foto: Shutterstock/Alf Ribeiro

O Ibovespa interrompeu nesta quarta-feira (14) a sequência de duas quedas consecutivas, após o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reforçar a mensagem de que trabalhará em uma nova âncora fiscal para substituir o teto de gastos e criticar as desonerações fiscais concedidas durante o governo Dilma Rousseff.

Diante deste cenário, o principal indicador da Bolsa brasileira encerrou em leve alta de 0,20%, aos 103.746 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O desempenho faz o saldo do Ibovespa em dezembro recuar 7,77%, enquanto a baixa acumulada no ano é de 3,92%.

Fed indica juros altos por mais tempo

O Fed (banco central americano) cumpriu com o esperado pelo mercado ao elevar os juros em 0,50 ponto percentual nesta tarde, menor que o das reuniões anteriores, quando a taxa aumentou em 0,75 p.p.

A mudança joga os juros americanos para uma banda entre 4,25% e 4,75%, a mais elevada em 15 anos.

O Fed também revisou a taxa terminal para 5,1%, acima do esperado até então, e indicou que os juros não devem ceder até 2024.

“O comitê antecipa que os aumentos contínuos da taxa de juros serão apropriados para atingir uma política monetária que seja suficientemente restritiva para retornar à inflação para 2% ao longo do tempo”, disse o Fomc em seu comunicado, repetindo a linguagem que usou em comunicações anteriores.

O tom veio mais duro do que era especulado pelos investidores e esvaziou parte do otimismo após dados da inflação americana virem melhores que o esperado nos últimos meses.

“Embora o problema da inflação apresente indícios de melhora, vale lembrar que o número está muito acima dos 2% entendidos como saudáveis pela autoridade monetária dos EUA”, pontua Celso Pereira, diretor de Investimentos da Nomad.

A surpresa negativa inverteu os índices de Wall Street para queda, mesma direção do fechamento das Bolsas da Europa, que fecharam antes da decisão.

O Dow Jones fechou a sessão em queda de 0,42%, enquanto o S&P 500 caiu 0,61% e a Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, setor mais sensível ao aumentos do juros, encerrou em baixa de 0,76%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 perdeu 0,26%.

Haddad atenua risco fiscal

A sessão começou com forte pressão negativa, com o mercado reagindo à aprovação relâmpago, na Câmara dos Deputados, de mudanças na Lei das Estatais que facilitam a indicação de políticos para o comando destas companhias.

A alteração foi feita poucas horas depois de Aloizio Mercadante (PT) ser indicado pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para presidir o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A mudança na legislação – que ainda precisa ser ratificada pelo Senado e sancionada pelo Executivo – teve peso maior sobre as ações das estatais, com Petrobras (PETR3; PETR4) puxando a fila.

No início da tarde, porém, o clima foi atenuado após entrevista de Haddad à Globonews, onde afirmou que figuras respeitadas pelo mercado, como Pérsio Arida e André Lara Resende, podem compor o conselho da Fazenda, e que o BNDES mudou de papel nos últimos anos.

Saiba mais:
Haddad diz que BNDES mudou perfil: “Antes andava atrás do sujeito para emprestar”

Haddad ainda comentou a aprovação pela Câmara de mudanças na Lei das Estatais, que foi mal-recebida pelo mercado.

“Não acompanhei o debate sobre mudança, mas a senha foi dada pelo presidente eleito. Se tiver compliance, controladoria, uma governança corporativa decente, escolher um cara de carreira ou de fora que entenda do assunto faz pouca diferença.”

Estatais desabam

A melhora do cenário não foi suficiente para evitar a forte queda das estatais nesse pregão. As ações ordinárias da Petrobras lideraram o tombo, com recuo de 9,80%. Logo atrás aparecem as preferenciais (PETR4), com perda de 7,93%. O papel do Banco do Brasil (BBSA3) também foi impactado, com retração de 2,48%.

A ponta negativa ainda conta com setores mais sensíveis aos juros. As taxas voltaram a subir no mercado futuro após a modificação na Lei das Estatais, e há receio de que a taxa básica de juros, a Selic, siga a mesma direção no ano que vem.

Com isso, a Gol (GOLL4) perdeu 6,35%, enquanto Magazine Luiza (MGLU3) teve queda de 6,07% e São Martinho (SMTO3) retraiu 5,06%.

Cielo é destaque

A Cielo (CIEL3) ficou entre os destaques da ponta de cima, com alta de 6,27%, refletindo os dados do ICVA (Índice Cielo do Varejo Ampliado), que apontaram alta de 1,1% no comércio em novembro, já descontada a inflação.

O grupo de cima também teve participação de SLC Agrícola (SLCE3), com aumento de 6,33%, Meliuz (CAHS3), que subiu 7,02%, e Usiminas (USIM5), com alta de 5,50%.

Criptos

Depois de uma sequência de resultados positivos, o mercado de criptoativo passou a andar de lado com o recado mais duro do que o esperado pelo Fed.

Por volta das 17h50, o Bitcoin caia 0,20% em comparação as últimas 24 horas, a US$ 17.514, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) perdia 1,80%, vendido a US$ 1.289.

 

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