Haddad diz que BNDES mudou perfil: “Antes andava atrás do sujeito para emprestar”

Em entrevista à Globonews, o novo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu declarações que melhoraram o humor dos investidores nesta quarta-feira (14), ao reforçar a mensagem de que trabalhará em uma nova âncora fiscal para substituir o teto de gastos e criticar as desonerações fiscais concedidas durante o governo Dilma Rousseff.

Haddad afirmou ainda que figuras respeitadas pelo mercado, como Pérsio Arida e André Lara Resende, podem compor o conselho da Fazenda, e que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) mudou de papel nos últimos anos. Elogiou ainda o nome do senador Jean Paul Prates, que é cotado para assumir o comando da Petrobras.

“O BNDES antes estava atrás do sujeito para emprestar. Agora não é mais isso”, apontou o futuro ministro. “Agora que tem que ser tópico, permitir que determinado ramo de atividade ganhe impulso.”

Haddad elogiou as políticas anticíclicas adotadas pelo governo Lula durante a crise de 2008, mas criticou as desonerações concedidas durante o governo Dilma.

“Em 2008, tomamos medidas anticíclicas, que devem ser tomadas quando você quer atacar um problema que você não sabe a dimensão”, disse. “O governo se mobilizou com destreza, fomos bem no enfrentamento da crise”, completou. “Acontece que as condições estruturais da economia mundial mudaram. Em 2011 e 2012 o governo errou o diagnóstico. Aí veio a crise política e foi um atropelamento geral.”

Junto com a decisão do Federal Reserve, que reduziu o ritmo de alta dos juros nesta quarta, a fala do futuro ministro da Fazenda tirou parte da pressão sobre o mercado financeiro – o principal índice da Bolsa brasileira chegou a cair mais de 1% hoje.

Por volta das 15h45, o Ibovespa reduziu as perdas e registrava queda de 0,38%, aos 103.196 pontos. Às 16h35, após a decisão do Fed, o índice era negociado em leve queda de 0,06%, a 103.477 pontos.

Lei das estatais

Haddad ainda comentou a aprovação pela Câmara de mudanças na Lei das Estatais, que foi mal recebida pelo mercado nesta quarta-feira (14).

“Não acompanhei o debate sobre mudança, mas a senha foi dada pelo presidente eleito. Se tiver compliance, controladoria, uma governança corporativa decente, escolher um cara de carreira ou de fora que entenda do assunto faz pouca diferença.”

Ele declarou ainda não temer a indicação de Aloizio Mercadante ao comando do BNDES. “Não temo, tenho um bom diálogo com ele. Vamos ajustar os termos da condução da economia.”