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Ibovespa interrompe sequência positiva e fecha em baixa, mas se mantém em alta na semana

Índice fechou o dia em baixa de 0,15%, aos 108.942 pontos; saldo da semana é de alta de 1,88%

Foto: Divulgação

Depois de uma sequência de três dias em alta, apoiado no forte fluxo externo e institucional e na alta das commodities, o Ibovespa não resistiu e, em linha com o exterior, fechou em baixa o pregão desta sexta-feira (21), marcado por volatilidade.

No fechamento, o índice registrava recuo de 0,15%, aos 108.942 pontos, com R$ 23,36 bilhões em volume negociado. O saldo da semana, no entanto, foi de alta de 1,88%. A performance desde o início do ano também é positiva, com avanço de 3,93%.

A bolsa brasileira resistiu ao tom negativo do exterior nos últimos dias, embalada pelo aumento do fluxo estrangeiro em países emergentes e produtores de commodities, assim como pelas altas nos preços do petróleo e do minério de ferro. Hoje, porém, a trajetória foi outra, e o índice cedeu à pressão estrangeira.

Em Nova York, o S&P 500 fechou em baixa de 1,89%, o Nasdaq caiu 2,72% e o Dow Jones teve perdas de 1,3%, refletindo a cautela dos investidores antes do anúncio da decisão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, na próxima quarta-feira. O banco central americano já sinalizou que aumentará os juros e que pode adotar medidas para reduzir o ritmo de alta da inflação. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve recuo de 1,63%.

Incertezas internas seguem no radar

O cenário fiscal também pesou sobre o Ibovespa, no último dia para a sanção do orçamento do ano pelo presidente Jair Bolsonaro, ainda sem clareza sobre os reajustes salariais aos servidores federais e sobre as emendas parlamentares para cobrir o furo no teto de gastos.

No meio desse impasse, os servidores do Banco Central (BC) anunciaram a decisão de manter a paralisação que estava prevista para o dia 9 de fevereiro, mesmo com afirmação do sindicato da categoria de que a conversa com Roberto Campos Neto, presidente do órgão, está sendo produtiva. Caso não tenham uma resposta do governo até a metade de fevereiro, há uma possibilidade de greve por tempo indeterminado.

Outro fator político que movimentou os mercados foi a confirmação pelo presidente de sua intenção de enviar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) ao Congresso para reduzir o preço dos combustíveis e da energia. A PEC que vem sendo negociada tem como objetivo reduzir a zero a incidência de tributos federais sobre combustíveis.

O texto ainda não foi disponibilizado, mas os alvos da redução seriam a contribuição do Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep) e a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).

A equipe de analistas da Genial Investimentos, em comentários ao mercado, afirma que “o X da questão” é que a proposta não traz nenhuma compensação para a perda de arrecadação com os impostos. “Ou seja, é uma questão de aumento de gasto público. A consequência disso nós já conhecemos bem: mais inflação, mais juros e menos crescimento econômico”, conclui.

A discussão aumentou a preocupação dos investidores com a adoção de mais medidas populistas em ano eleitoral que possam ter impacto fiscal, o que ajudou na alta do dólar e das taxas de juros no mercado local, que descolaram do movimento no exterior. A moeda americana terminou o dia cotada a R5,4553, alta de 0,72%.

Na análise de Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, “a política insustentável e a necessidade do Congresso tornam a aprovação pouco crível”.

O mercado também segue reagindo às declarações de Roberto Campos Neto na tarde de ontem, em evento promovido pelo Santander. O presidente do BC disse que “a curva de juros do Brasil mostra o ciclo chegando a um fim e ficando plana”, e o comentário foi compreendido como um sinal de que o ciclo de alta na taxa básica de juros, a Selic, pode estar perto de ser encerrado.

O analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, interpreta que “os juros tendem a recuar e isso beneficia as empresas de crescimento, sendo boa parte do varejo. Quanto mais baixos esses juros, menor o custo de capital”. De fato, os papéis dos setores de varejo e construção seguiram sua trajetória positiva, com destaque para Magazine Luiza (MGLU3) e Petz (PETZ3), que avançaram 3,76% e 3,34%, respectivamente.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores quedas do Ibovespa eram de IRB (IRBR3), Usiminas (USIM5) e Gerdau (GGBR43), com perdas de 5,11%, 4,29% e 4,09%, nesta ordem. Na ponta oposta, JHSF (JHSF3), Natura (NTCO3) e Locaweb (LWSA3) e lideravam as altas, avançando 5,8%, 4,28% e 4,17%.

Contrariando a tendência da semana, as ações ligadas a commodities recuaram em bloco, acompanhando a volatilidade e o mau humor externo. No fechamento, além de Usiminas e Gerdau, as maiores quedas eram de Metalúrgica Gerdau (GOAU4), Klabin (KLBN11) e PetroRio (PRIO3), com perdas de 3,61%, 3,36% e 2,48%.

Hapvida (HAPV3) e NotreDame Intermédica (GNDI3) ficaram entre as maiores altas do Ibovespa, com avanços de 3,75% e 3,43%, respectivamente, depois de darem mais informações sobre seu processo de fusão. As empresas anunciaram que a operação será concluída no dia 11 de fevereiro, data em que as ações da NotreDame deixarão de ser negociadas. Em seguida, no dia 14, as novas ações da Hapvida serão listadas na Bolsa.

Além disso, a NotreDame anunciou, na noite de quinta-feira (20), que distribuirá R$ 1 bilhão em dividendos extraordinários. O pagamento, porém, está condicionado à conclusão da fusão.

Apesar de perder força ao longo do pregão, fechando a 1,15%, a ação da Lojas Renner (LREN3) passou boa parte do dia entre as maiores altas do índice, depois de uma noite movimentada na quinta-feira. Ao mesmo tempo em que a companhia anunciou a nomeação de Daniel Martins como novo CFO, informou que seu conselho de administração aprovou um programa de recompra de até 18 milhões de ações. Ambas as notificas foram bem recebidas pelo mercado.

Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) também seguiram a tendência de alta do pregão anterior, subindo 1,62% e 0,29%, respectivamente, embaladas pela perspectiva de queda de juros, pela fraqueza do dólar e pela estagnação nos preços do petróleo. No setor de turismo, a CVC (CVCB3) fechou em leve baixa de 0,08%, depois da apresentação de sua prévia operacional do quarto trimestre do ano passado.

A companhia reportou crescimento em todas as linhas na comparação anual, apesar de uma série de desafios enfrentados no período. As reservas no Brasil em novembro e dezembro equivaleram a 47% do registrado no mesmo bimestre de 2019, período pré-pandêmico. Esse número é melhor em 14 pontos percentuais em comparação ao terceiro trimestre.

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