Após cinco altas seguidas, o Ibovespa trabalha no último pregão da semana no vermelho, assim como as Bolsas no exterior, após o temor de inflação e juros voltar a assombrar os investidores ao redor do planeta. Na ponta negativa do índice, papéis ligados aos juros recuavam com mais intensidade.
Por volta das 13h20, o principal índice da B3 recuava 1,92% e operava aos 111.640 pontos. A maior queda do pregão era de MRV (MRVE3), que operava em baixa de 9%, seguida por Locaweb (LWSA3), que perdia 8%, Azul (AZUL4), que recuava 6,70% e de Gol (GOLL4), que tinha queda de 6,80%.
A preocupação com alta de juros e inflação pelo mundo se intensificou depois de o presidente do Federal Reserve (o banco central americano) de Saint Louis, James Bullard, falar sobre o futuro dos juros nos Estados Unidos. Conhecido por defender medidas rigorosas contra a inflação, Bullard disse estar inclinado a votar por um aumento de 0,75 p.p (ponto porcentual) nos juros na próxima reunião da instituição, agendada para 21 de setembro.
Segundo Bullard, a inflação nos Estados Unidos ainda não bateu no teto. O comentário serviu para estressar a curva de juros internamente. De acordo com dados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2023, 2025 e 2028 avançavam 15, 14 e 23 pontos-base, respectivamente.
A avaliação de que a inflação americana não bateu o teto é preocupante porque os investidores ficaram aliviados na semana passada quando o governo dos EUA divulgou que os preços da economia americana ficaram estáveis em julho ante junho. A lógica foi que, se a inflação estava perdendo força, o Fed não precisaria aumentar os juros com tanta avidez.
Na perspectiva de Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, a inflação segue em alta nos EUA, Europa, e no Japão. “Os presidentes dos principais bancos centrais já sinalizaram que vão fazer o que for preciso para controlar a inflação, ou seja, teremos mais altas de juros no radar, o que impacta diretamente a economia global e o desempenho das principais empresas do setor de varejo, aviação e tecnologia”.
Na Europa, os temores também avançaram, após a Alemanha mostrar uma inflação nos preços ao produtor uma alta de 5,4% em julho na comparação com o mês anterior. Segundo a Cantor Fitzgerald, empresa de serviços financeiros, a previsão do mercado era uma alta de 0,5%. Em relação a julho do ano anterior, a alta foi de 37,2% – também superior à projeção dos especialistas, de 31,5%.
“O indicador mostrou que a manufatura continua bastante afetada pelas restrições de oferta de energia da Rússia. A leitura coloca pressão sobre Banco Central Europeu, que indicou que aumentará as taxas de juros se a leitura da inflação não melhorar”, avalia a XP, em relatório.
Seguindo a linha das maiores quedas, outros papéis que recuavam com intensidade eram Magalu (MGLU3), Via (VIIA3), Banco Pan (BPAN4) e CVC (CVCB3), que perdiam 6,20%, 6%, 6% e 5,86%, nesta ordem.
As poucas altas da Bolsa
No horário acima, apenas quatro papéis subiam na Bolsa: Minerva (BEEF3), que subia 1,72%, Fleury (FLRY3), com alta de 0,50%, Sabesp (SBSP3), que operava em alta de 0,54 e JBS (JBSS3), que subia 0,31%.
Dentre elas, a rede de laboratórios Fleury, juntamente com a Hermes Pardini (PARD3), anunciaram que seus acionistas aprovaram a fusão entre as duas companhias, divulgada no final de junho.
Em fato relevante divulgado na noite desta quinta-feira (18), as empresas informaram acreditar que a combinação das duas operações abre uma excelente oportunidade de criação de valor, podendo beneficiar seus acionistas por aumentar competitividade no setor de saúde e medicina diagnóstica.
O Fleury incorporará as ações do concorrente em troca de um pagamento em dinheiro – de R$ 2,15 por ação do Hermes Pardini – e outro em ações – de 1,21 ação ordinária do Fleury. O negócio avalia o Hermes Pardini em cerca de R$ 2,5 bilhões.
Bolsas internacionais em baixa
Também monitorando o avanço da inflação e alta de juros global, os principais mercados dos EUA e da Europa recuam nesta sexta.
Em Wall Street, o índice Dow Jones caía 0,82%, o S&P 500 perdia 1,28% e o Nasdaq tinha queda de 1,98%.
No Velho Continente, já perto do fechamento, os investidores observavam outras quedas. O Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda zona do euro, perdia 0,80%. Além dele, o FTSE 100, de Londres, operava com estabilidade enquanto o DAX 30, de Berlim, apontava em 1,19% para baixo.