Ibovespa cai com mercados globais e Cielo (CIEL3) é uma das maiores quedas após balanço

Em dia de movimentações de bancos centrais europeus e elevação nas taxas de juros no Reino Unido, o Ibovespa acompanha o mau humor das bolsas internacionais e recua nesta quinta-feira (3). Por volta das 14h10, o Ibovespa operava em queda de 0,47%, aos 111.357 pontos.

Mais cedo, o banco central da Inglaterra elevou taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual no país, chegando em 0,50%. Esse é o segundo aumento consecutivo da instituição, que espera que a inflação anual passe de 7% por conta dos baixos índices de desemprego e aumento dos salários.

O aumento vem em contrapartida ao Banco Central Europeu (BCE), que decidiu não alterar a política monetária no continente. Apesar disso, a Europa tem apresentado sinais de que a inflação está alta na zona do euro.

Na quarta-feira (2), foi divulgado o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da região para janeiro, que constatou um aumento de 0,3% em relação ao mês de dezembro. Na base anual, o IPC atingiu 5,1%, um recorde histórico desde que o euro foi instituído como moeda comum no continente. O núcleo da inflação ficou em 2,3%, acima da meta do BCE.

Como resultado, as bolsas do Velho Continente apresentam queda. Na Inglaterra, o FTSE 100 recua 0,61%, e, na Alemanha, o DAX cai 1,30%. Já o índice Euro Stoxx 50, que reúne empresas de toda a Europa, tem queda de 1,69%.

“Esse cenário de alta nos juros e inflação pelo mundo tem impactado ativos de risco lá fora, principalmente ações de empresas mais expostas à riscos. Nessa história, o Brasil acaba se destacando. Mesmo caindo nesta quinta, cai menos que as bolsas internacionais”, afirma Rodrigo Santin, CIO da Legend Wealth Management.

Entre as empresas que pressionam o Ibovespa está a Cielo (CIEL3), que publicou balanço na noite de quarta. Embora tenha dobrado o lucro em 2021, para R$ 970,5 milhões, a empresa perdeu 200 mil clientes no ano passado. Por volta das 13h50, a ação da companhia caía 3,86%, entre as maiores quedas do índice.

A maior queda do dia fica com LocaWeb (LWSA3), que cai 5,61%, apesar de o BTG Pactual ter divulgado no relatório no qual vê um “futuro brilhante” para a empresa. Banco Inter (BIDI11) é o segundo da lista, recuando 4,96%.

No terreno positivo, o destaque fica por conta das empresas voltadas para a economia doméstica. Lojas Americanas (AMER3) apresenta a maior alta, subindo 3,62%. Na visão de Santin, as empresas varejistas se beneficiam do comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), dessa quarta (2). Embora o Copom tenha elevado a Selic em 1,5 ponto percentual, o comunicado sinalizou que o BC deve reduzir o ritmo de alta dos juros.

A Vale (VALE3), que corresponde a 15% das ações negociadas na B3, sobe 0,55% após relatório do Itaú BBA elevar o preço-alvo dos papéis e se mostrar otimista com a empresa. Contudo, não é suficiente para empurrar o Ibovespa para o azul.

Os analistas do banco afirmam que o aumento dos preços do minério de ferro e o nível de endividamento baixo da mineradora podem gerar uma alta distribuição de dividendos em 2022. A recomendação da instituição financeira é de compra das ações, e o preço alvo agora é de R$ 100, ante os R$ 90 anteriores.

Resultados do Facebook derrubam bolsas em Wall Street

Nos Estados Unidos, as quedas são impulsionadas pela divulgação do balanço da Meta, controladora do Facebook (FBOK34). A empresa reportou uma receita de US$ 33,7 bilhões no quarto trimestre de 2021, ante US$ 33,4 bilhões no período anterior. Contudo, a surpresa negativa ficou por conta do lucro por ação (LPA), que apresentou queda de US$ 3,67, sendo 13% menor do que o resultado anterior, de US$ 4,24.

Para Santin, da Legend Wealth Management, o resultado negativo foi um “banho de água fria” nos investidores. O Facebook cai 23,84% nesta quinta, e puxa a Nasdaq para baixo, devido ao seu peso relevante no índice.  

Pressionado pelo resultado ruim da empresa de tecnologia, o Nasdaq Composto cai 1,75%. Enquanto isso, Dow Jones recua 0,60% e o S&P 500, aponta em 1,08% para baixo.