O Goldman Sachs revisou para cima a estimativa de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Vale (VALE3). Agora, o banco prevê alta de 18% para o indicador neste ano, de 15% em 2023 e 11% em 2024.
O aumento deve-se à perspectiva positiva informada pela equipe análise do segmento de minério de ferro do Goldman. A estimativa é que os preços do minério de ferro atinjam a média de US$ 125, US$ 100 e US$ 80 a tonelada em 2022, 2023 e 2024, respectivamente, de US$ 110, US$ 90 e US$ 75 previstos antes.
O relatório aponta um retorno de caixa total de 27% e 15% em 2022 e 2023, respectivamente, considerando uma dívida líquida da companhia de US$ 15 bilhões no período.
O banco elevou o preço-alvo da ação da Vale em 13%, para US$ 17 para a ADR da Vale negociada em Nova York. “Esperamos que a Vale entregue um retorno total de caixa de 27% em 2022 e 15% em 2023”, destaca.
Segundo a instituição financeira, com base em conversas de mercado, os investidores se tornaram mais construtivos em relação à Vale nas últimas semanas, devido à melhora do sentimento na China. O Goldman ressalta os sinais mais claros de flexibilização do governo, potencialmente favoráveis à demanda por commodities.
“No entanto, ainda vemos muitos investidores preocupados com o declínio estrutural do setor imobiliário chinês (principal consumidor de aço e minério de ferro da região) e o consequente impacto na demanda por minério de ferro”, afirma.
A instituição financeira informa preferir Vale, com classificação neutra, à CSN Mineração (CMIN3), com recomendação de venda. Segundo o Goldman, isso se deve aos retornos de caixa superiores, de 27% da Vale e 4% da CSN Mineração. Para a Vale, avaliação em termos de rendimento fluxo de caixa livre (FCF) é de 18% e para a CSN Mineração, 9%, de acordo com o relatório.
Por volta das 13h, as ações da Vale na B3 subiam 1,34%, a R$ 85,15. A ADR tinha alta de 1,19%, a US$ 15,67.
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CSN Mineração
O Goldman Sachs espera que a CSN Mineração registre de 14% a 12% de rendimento operacional do FCF, desconsiderando expansão, em 2022 e 2023. O banco ressalta que “com um crescimento significativo da capacidade planejada para os próximos anos (o triplo em dez anos), é improvável que a maior parte do Capex de crescimento esteja madura nos próximos cinco anos”.
Mas, assim como feito para a Vale, o Goldman elevou o preço-alvo da ação da CSN Mineração (CMIN3), em 12%, para R$ 6,50. Às 13h, a ação na B3 subia 3,18%, a R$ 7,46.
Dadas as incertezas em relação aos preços do minério de ferro no longo prazo, aponta o Goldman, a maioria dos investidores preferiria que o caixa gerado nos próximos anos fosse devolvido na forma de recompra ou dividendos. “Acreditamos que a abordagem de crescimento é uma estratégia de longo prazo que saudamos, mas é provável que restrinja os fluxos de investimento nos próximos dois anos”.
A instituição cita os retornos de caixa limitados e avaliações mais caras como motivos para preferir a ação da Vale.
CSN
O Goldman também atualizou estimativas para CSN (CSNA3) a partir das perspectivas para a CSN Mineração e as novas previsões para o minério de ferro da equipe de commodities do banco. Para o Ebitda, a instituição espera queda de 2%, alta de 16% e elevação de 19% em 2022, 2023 e 2024, respectivamente.
Segundo o relatório, a revisão está apoiada em preços mais altos do minério de ferro, mais elevados do que o do carvão. Isso eleva o valor justo neste ano de R$ 26 por ação para R$ 28 por ação. Às 13h, a ação tinha alta de 3,23%, a R$ 26,23.
“Acreditamos que o Capex de expansão agressivo da empresa para os próximos anos deve limitar os potenciais retornos de caixa e não vemos catalisadores positivos suficientes para desencadear uma reavaliação neste momento”, destaca o Goldman. Por isso, a instituição mantém a preferência por outra empresas do setor, como as já citadas Usiminas, Gerdau e Ternium.
América Latina
Em relação ao mercado latino-americano de metais e mineração, o Goldman Sachs diz ainda preferir exposição a ações relacionadas ao aço. “Vemos melhor risco versus recompensa na exposição e temos compras em Usiminas, Gerdau e Ternium”, afirma o banco.
“Com a política renovada de flexibilização onshore na China, a demanda da produção interna é uma influência fundamental no reequilíbrio do mercado de minério de ferro”, aponta.