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Gol (GOLL4) entra na mira da Fitch, que fica mais pessimista com a empresa

Companhia aérea deve enfrentar um ambiente desafiador enquanto busca recuperar sua geração de fluxo de caixa operacional

Gustavo Nicoletta

Gustavo Nicoletta

Foto: Shutterstock

A Fitch Ratings está menos otimista com o futuro da Gol (GOLL4). Em relatório divulgado nesta quarta-feira (21), a agência de classificação de risco atribuiu perspectiva negativa à nota de crédito da companhia aérea, citando um “ambiente desafiador” para a empresa, que tenta se reerguer após a pandemia.

Os obstáculos à recuperação da Gol, segundo a Fitch, incluem o elevado custo dos combustíveis e os “contínuos riscos de refinanciamento de curto e médio prazo”.

A agência aponta que no primeiro e no segundo trimestre de 2022 o preço médio do combustível utilizado pela Gol subiu 60% e 80%, respectivamente.

Esse aumento foi apenas parcialmente compensado pelo crescimento do valor médio pago pelos passageiros por quilômetro voado, o chamado yield, de 45% e de 66% nos mesmos períodos.

“A estratégia de gestão de yields foi sustentada pela demanda reprimida após a pandemia e pela recuperação do tráfego corporativo, que é menos sensível ao preço que outras categorias”, disse a Fitch.

A este descasamento entre o crescimento de custos e de receita, soma-se o alto volume de dívidas da Gol com vencimento no curto prazo. Segundo a Fitch, são R$ 2,8 bilhões que devem ser pagos ao longo dos próximos meses.

A dificuldade em gerar caixa exige que a empresa refinancie com frequência as próprias dívidas, e a Fitch adiantou que vai rebaixar a nota de crédito da Gol – ou seja, vai passar a considerar a empresa um devedor com menos chance de pagar as dívidas – se ela esbarrar em dificuldades para aumentar os prazos de pagamento.

Apesar disso, a agência de risco cita como fatores a favor da empresa a sólida posição da Gol no mercado brasileiro, o forte relacionamento com fornecedores, a frota adequada, a estrutura de custo competitiva e sua estrutura de capital relativamente equilibrada após a estabilização do fluxo de caixa.

“Esperamos uma recuperação do tráfego de passageiros no mercado doméstico, o que deve ajudar a sustentar uma redução mais significativa da alavancagem em 2023. Um desvio das expectativas de recuperação da demanda ou preços de combustíveis nos próximos trimestres serão negativos para os ratings”, acrescenta a Fitch.

Gol vê demanda aquecida

Ainda longe de retomar os níveis de decolagens internacionais que tinha antes do início da pandemia, a Gol informou na terça-feira (20) que ampliou a oferta de voos para a Argentina e deverá realizar um novo novo aumento na alta temporada, entre os meses de dezembro deste ano e janeiro do ano que vem.

Segundo a companhia, a rota, que existe desde 2015, foi retomada no último mês de junho, com três voos semanais de ida e volta, sem escalas.

O movimento pode marcar uma demanda aquecida por voos internacionais da empresa, que ficaram suspensos durante trimestres ao longo da pandemia de Covid-19 no Brasil e no mundo.

Em agosto do ano passado, por exemplo, a empresa não operava com voos envolvendo outros países. No mesmo mês deste ano, teve uma oferta de 323 milhões (número que representa a multiplicação de assentos ofertados pelos quilômetros voados), enquanto a demanda atingiu de 266 milhões (equivalente à multiplicação dos assentos vendidos pelos quilômetros voados).

O ritmo, porém, ainda está de longe de atingir o pré-pandemia. Em agosto, foram 658 decolagens internacionais, contra 1.542 voos realizados em igual mês de 2019, antes da crise de saúde.

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