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Gestora de US$ 800 bi vê baixo risco de calote de empresas e aponta oportunidades na renda fixa; entenda

AllianceBernstein espera que a taxa de inadimplência das companhias continue baixa e vê qualidade do mercado de bônus "high yield" como a mais alta em mais de uma década

Foto: Shutterstock

Quando os bancos centrais apertam agressivamente a taxa básica de juros, como é o caso agora, o crescimento começa a desacelerar e o risco de recessão aumenta. Historicamente, a qualidade de crédito das empresas nesse contexto costuma piorar.

Em vez de se preparar para uma onda de rebaixamentos de rating e inadimplência, contudo, a americana AllianceBernstein, que geria cerca de US$ 780 bilhões em dezembro, vê uma oportunidade para os investidores globais comprarem títulos de dívida corporativo high yield (de maior risco de crédito e maior retorno esperado).

Para a gestora, os atuais emissores de títulos high yield estão em uma condição financeira muito melhor do que em recessões passadas, em parte graças a um longo período de incerteza em torno da pandemia de coronavírus.

A gestora explica. A pandemia obrigou as companhias a fazerem a lição de casa e a serem mais conservadoras com seus balanços e com a gestão de liquidez nos últimos dois anos, mesmo com a recuperação da lucratividade. Como resultado, os índices de alavancagem e cobertura, margens e fluxo de caixa livre melhoraram.

“Essa força relativa nos balanços significa que os emissores corporativos podem suportar maior pressão à medida que o crescimento e a demanda diminuem”, disse a gestora, conhecida pela sigla AB, em relatório.

Segundo a casa, o ciclo de inadimplência desencadeado pela pandemia – com nível de 6,3% em outubro de 2020 – já chegou ao pico e promoveu um ajuste no mercado. “As empresas mais fracas da época foram em frente e entraram em calote e agora não fazem mais parte do universo investível. As empresas sobreviventes foram as mais fortes”, destaca a gestora.

Como resultado, a AB espera que a taxa de inadimplência permaneça baixa para 2022 – cerca de 1% para a Europa e 1% a 2%, para os EUA, mesmo se o país entrar em recessão.

Segundo a gestora, a qualidade do mercado de bônus high yield é a mais alta em mais de uma década, com títulos com classificação de risco ‘BB’, um abaixo do grau de investimento, atualmente representando 52% do mercado, em comparação com uma média de 46% nos últimos dez anos.

Redução de vencimentos no curto prazo

O segundo motivo para a gestora estar menos preocupada com um risco elevado de calote das empresas em um cenário de recessão é o fato de que muitas companhias buscaram estender os prazos de suas dívidas desde o início da pandemia

De fato, apenas 20% do mercado de dívida tem vencimento até o fim de 2025, com a maior parte concentrada entre 2026 e 2029.

Isso permite que as empresas não tenham que refinanciar suas dívidas no curto prazo a um custo mais alto. E para o investidor que entrar agora, é possível investir em um papel que pague um retorno maior.

“O mercado está superestimando dramaticamente o risco de inadimplência e está exigindo um prêmio elevado por volatilidade alta”, diz a gestora.

Se entrar nesses títulos com os rendimentos (yields) em alta deixa os investidores receosos, a gestora destaca que ficar à margem pode ser um erro caro. Segundo a AllianceBernstein, os títulos de dívida corporativos high yield são mais resilientes e tendem a se recuperar rapidamente após crises, graças ao seu alto rendimento consistente.

Em média, desde 2000, esses papéis se recuperaram das perdas (considerando a variação do pico ao piso), com retornos superiores a 5% em apenas cinco meses passados do pior momento de cada ciclo.

Quando considerados os 12 meses seguintes, o mercado global desses bônus retornou 26% em média, e o mercado de títulos high yield dos EUA teve uma média de retorno de 27%.

Vale a pena para investidores brasileiros?

Já há no Brasil fundos de gestoras estrangeiras como a AllianceBernstein que investem em títulos de dívida corporativa high yield distribuídos pelas plataformas.

O índice JP Morgan Global High Yield Bond acumula um retorno de 4,39% em dólar em um ano. Mas com a taxa Selic a 13,25% e devendo subir mais, o investidor tem que avaliar se vale a pena correr o risco cambial e investir nos ativos lá fora.

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