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Fundos de renda fixa lideram ganhos em novembro; “long short” é destaque entre multimercados

Alta da inflação beneficiou os fundos de renda fixa, enquanto carteiras de ações que investem em setores específicos lideraram as perdas

Com a inflação e a taxa Selic em alta, os fundos de renda fixa foram destaque em performance em novembro. Com a exclusão da previdência, a categoria “renda fixa alta duração soberano” liderou os ganhos no mês passado, com retorno médio de 3,03%, contra a variação de 0,59% do CDI, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

Esses fundos investem em papéis do Tesouro com vencimentos acima de dois anos, com prazo médio igual ou superior ao índice IMA-Geral, índice que segue uma carteira teórica ponderada que reflete os desempenho de todos os título públicos.

O Sul América Inflatie RF, fundo da SulAmérica dessa categoria, por exemplo, investe em papéis atrelados à inflação (Tesouro IPCA, anteriormente conhecidos por NTN-Bs) e tem uma carteira com prazo médio de 6,85 anos, conta Miguel Sano, gestor de renda fixa e responsável pelo fundo.

Em novembro, o índice IMA-B, que acompanha o desempenho dos papéis atrelados à inflação, subiu 3,47%.

A alta da inflação e a queda das taxas desses títulos com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, que pode reduzir a incerteza sobre o Orçamento para 2022 ainda que o desenho final não seja o melhor para a sustentabilidade das contas públicas, contribuíram para a valorização dos papéis em novembro.

Aqui vale lembrar que, quando as taxas dos títulos caem, os preços sobem. “As taxas estavam em patamares muito elevados e, com a aprovação da PEC dos Precatórios, o mercado retirou um pouco desse exagero”, diz Sano.

Além disso, o surgimento da nova variante do coronavírus na África do Sul, a Ômicron, acendeu um sinal de alerta para a recuperação da economia global, o que aumentou as apostas em um ciclo menor de alta de juros por parte do Banco Central e provocou a queda das taxas dos títulos do Tesouro.

Confira a seguir o desempenho das categorias da indústria de fundos brasileira que mais renderam em novembro.

Fonte: Anbima
Fundos que lideram os ganhos em novembro
Categoria Retorno em novembro – Em % Retorno no ano – Em %
Previdência Renda Fixa Data Alvo 3,39 -2,73
Previdência Renda Fixa Duração Alta Crédito Livre 3,31 -11,96
Previdência Renda Fixa Indexados 3,19 -0,52
Renda Fixa Duração Alta Soberano 3,03 2,13
Multimercados Long and Short Neutro 2,68 4,05
Previdência Renda Fixa Duração Livre Soberano 2,64 2,18
Previdência Renda Fixa Duração Alta Soberano 2,48 3,72
Renda Fixa Indexados 2,40 0,89
Previdência Renda Fixa Duração Média Soberano 2,06 3,17
Ações FMP-FGTS 2,04 0,76
CDI 0,59 3,63
Ibovespa -1,53 -14,37

Com a  inflação ainda em patamar elevado, fundos de renda fixa tendem a continuar a apresentar uma boa performance. O retorno, contudo, não deve ser tão grande quanto o verificado no mês passado dado que as taxas de juros dos títulos públicos já recuaram e uma queda adicional agora é mais limitada considerando que a relação dívida/PIB do Brasil deve piorar em 2022, afirma Sano.

“Em janeiro, as taxas dos títulos indexados à inflação podem até cair um pouco, com alguns investidores buscando montar as alocações para o ano, mas não dá para esperar que esses fundos de renda fixa tenham um retorno de 3%, 4% ao mês”, afirma o gestor da Sul América.

A casa ainda vê a inflação pressionada até março ou abril, com o reajuste de alguns ítens no início do ano, como IPVA e mensalidade escolar, e com a alta do salário mínimo, que vai elevar os custo dos condomínios. Além disso, a inflação de serviços deve aumentar com a reabertura da economia.

Por isso, afirma Sano, esse tipo de fundo é interessante para quem busca viver de renda olhando o horizonte mais de longo prazo, já que os títulos públicos atrelados à inflação estão pagando uma taxa de 5% mais IPCA. “O Brasil ainda paga um dos maiores juros reais do mundo”, enfatiza.

É importante, contudo, o investidor ficar atento para o prazo dos papéis em carteira, pois quanto maior o vencimento do título público, maior sua volatilidade.

A expectativa de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, a aproximação das eleições em 2022 e a situação fiscal ainda frágil no Brasil devem gerar maior volatilidade para os mercados nos próximos meses, e os papéis do Tesouro com prazos mais longos tendem a ser mais vulneráveis nesse cenário.

“Se o investidor quer fugir do risco eleitoral, fundos atrelados ao IRF-M [índice que acompanha o desempenho dos títulos prefixados do Tesouro] são mais interessante, porque eles se beneficiam de uma queda das taxas de juros, mas têm prazos menos de vencimento”, diz Sano.

Categoria “long short” é destaque entre multimercados

Apesar da queda de 1,53% do Ibovespa em novembro, os fundos da categoria “long short neutro” tiveram um bom desempenho no mês passado, liderando os ganhos entre os multimercados, com retorno médio de 2,68%.

Esses fundos buscam identificar oportunidades na bolsa e montam posições compradas (apostando na alta) e vendidas (apostando na queda) em ações, de forma a permanecer com uma alocação neutra em renda variável, isto é, sem apostar na alta ou na queda da bolsa.

Com isso, essas carteiras podem ir bem, independentemente do cenário para o mercado acionário.

O fundo Ibiuna Long Short STLS, da gestora Ibiuna Investimentos, por exemplo, apresentou alta de 4,65% em novembro, impulsionado pelo ganho com posições no setor financeiro, apostando na valorização de papéis como os da BB Seguridade e Petrobras.

“Enxergamos BB Seguridade (BBSE3) como uma das companhias melhor posicionadas para capturar a tendência atual de rápido aumento de juros e a esperada desaceleração inflacionária”, destaca a Ibiuna, em carta aos cotistas.

A gestora também tem visão positiva para as ações da Petrobras (PETR3 e PETR4). “Apesar dos continuados ruídos sobre a política de preços de combustíveis da companhia, a empresa está com um valuation demasiadamente descontado e suas ações negociam a múltiplos mais baixos que empresas petrolíferas de países emergentes com situação econômica e política piores que o Brasil”, aponta a Ibiuna, na carta mensal.

Confira um relatório completo da TradeMap sobre a Petrobras. 

Fundos de ações setoriais lideram as perdas em novembro

Na lanterna do ranking de desempenho dos fundos, a categoria ações setoriais, que investe em segmento específicos da bolsa, amargou a maior perda, de 11,84% em novembro, contra desvalorização de 1,53% do Ibovespa.

Em segundo lugar entre as piores performances aparecem os fundos focados em ações de valor/crescimento, que investem em empresas que estão em fase de expansão e registraram perda de 4,72% em novembro. Essas carteiras investem em empresas em processo de expansão. A alta da taxa Selic encareceu o financiamento para  bancar o crescimento, o que fez com essas ações fossem as mais penalizadas, afirma um gestor de fundos de ações.

Já a categoria de ações que teve o melhor retornos foi a dos fundos de ações FMP-FGTS, com alta de 2,04% em novembro.

Durante o processo de privatização da Petrobras e da Vale do Rio Doce, trabalhadores vinculados ao Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) tiveram a oportunidade de garantir ações dessas empresas. Os Fundos Mútuos de Privatização (FMP) são justamente esses investimentos.

Em novembro, os papéis da Vale tiveram queda de 2,32%, enquanto as ações da Petrobras (PETR4) subiram 8% e puxaram o ganho dessas fundos.

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