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Fundo Verde aproveita queda recente da Bolsa para comprar ações; SPX mantém alocação menor em Brasil

Fundo Verde encerrou 2022 com ganho de 15,93%, a melhor performance desde 2015

Foto: Shutterstock/JOURNEY STUDIO7

O fundo multimercado Verde, do conhecido gestor Luis Stuhlberger, tem aproveitado a queda de preços dos ativos brasileiros em meio aos ruídos políticos da primeira semana de governo para aumentar a posição na Bolsa e no real, conforme apontou em carta aos investidores.

Declarações de membros da equipe do governo Lula nesta semana aumentaram a preocupação com o direcionamento da política econômica e fiscal do Brasil, levando a uma queda de 1% do Ibovespa na primeira semana de janeiro e ao aumento das taxas dos contratos futuros.

“Temos tentado operar contra os exageros, aumentando risco em Bolsa e real nos momentos de estresse das últimas semanas, e reduzindo o risco quando o silêncio impera e o cenário global se sobrepõe”, apontou o gestor, na carta.

Segundo a Verde, o mercado não tem histórico suficiente para distinguir ruído de sinal, e trata toda informação nova como relevante. “Com mais alguns meses, ficará claro quem são os interlocutores que de fato sinalizam quais políticas públicas serão adotadas, e quem são apenas irrelevantes.”

Fundo Verde rendeu 16% em 2022

O fundo Verde encerrou 2022 com ganho de 15,93%, contra variação de 12,37% do CDI. Foi a melhor performance da carteira desde 2015, quando rendeu 28,67%.

A aposta na alta de juros lá fora, principalmente dos Estados Unidos e na Europa, foi a estratégia que mais contribuiu para o ganho da carteira, com um retorno positivo de 9,02%.

A posição comprada em petróleo e vendida (apostando na queda) na Bolsa americana também agregou para o fundo.

Já a exposição à Bolsa brasileira levou à maior perda para a carteira.

Apesar disso, o fundo Verde manteve a exposição na Bolsa brasileira, assim como a posição vendida na americana via opções.

Na renda fixa, o fundo ainda segue com a aposta na estratégia de inflação implícita, dada pela diferença entre as taxas dos títulos públicos atrelados à inflação (NTN-B) e as de juros prefixados.

Lá fora, o Verde continua apostando no aumento de juros na Europa e na alta do ouro e do petróleo.

Em moedas, o Verde aposta na performance melhor do real frente ao euro.

Brasil não aproveita cenário externo favorável

Segundo a gestora, o cenário global continua bastante favorável ao Brasil, especialmente com a reabertura da economia chinesa e a consequente melhora de preços de várias commodities.

Além disso, a economia americana segue com sinais de arrefecimento da inflação, tirando pressão para uma alta muito maior das taxas de juros globais.

“Esse pano de fundo tende a ser favorável para mercados emergentes, o que só reforça a visão da enorme oportunidade que está sendo desperdiçada por todo ruído e prêmio de risco adicional gerados pelo novo governo”, afirmou Stuhlberger, na carta.

O gestor assinalou que o Brasil tem uma situação fiscal e de endividamento que inspira cuidados e que o ponto de partida do novo governo é substancialmente pior que em 2010.

“Mas os arroubos de vários ministros solapam diariamente a confiança que o setor privado necessita para investir e ajudar o país a crescer”, apontou Stuhlberger, destacando que essa fórmula já foi testada no governo Dilma e não deu certo. “Mas parece não haver reconhecimento disso.”

SPX mantém posição menor em Bolsa

Com o aumento da incerteza no cenário macroeconômico no Brasil, a gestora SPX, que tem como sócio Rogério Xavier, mantém uma exposição menor na Bolsa brasileira, abaixo da média do mercado.

O fundo de ações SPX Falcon encerrou 2022 com ganho de 20,25%, o melhor resultado desde 2016 (39,14%).

Em sua carta a cotistas de dezembro, a gestora informou que reduziu as alocações em papéis dos setores de serviços financeiros e consumo discricionário e aumentou a posição em bancos, distribuidoras de combustíveis e shoppings.

A gestora afirmou ainda que as pessoas escolhidas para os principais cargos no governo “não têm credibilidade o bastante para que o mercado acredite que o problema fiscal será resolvido sem que sinalizações concretas sejam dadas”.

“Portanto, é fundamental que o governo abandone agendas de retrocesso – como alterações na Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista e Marco do Saneamento – e entregue o quanto antes uma boa proposta de Reforma Tributária e de nova âncora fiscal“, disse a gestora, na carta.

A SPX lembrou que o novo governo inicia com um déficit primário de mais de 1,5% do PIB em 2023 e terá de executar um ajuste fiscal de, pelo menos, 3% do PIB para estabilizar a trajetória da dívida.

Contudo, esse ajuste, segundo a gestora, parece que será feito por intermédio de aumento de carga tributária, a despeito da dificuldade de se aprovar algo dessa natureza no Congresso.

“Vale lembrar que, em um primeiro momento, mudanças na legislação tributária devem aumentar a incerteza na economia e prejudicar a lucratividade das empresas e o retorno dos investidores”, alerta a SPX, na carta.

Lá fora, a gestora também não vê oportunidade nos mercados de ações desenvolvidos que, segundo a SPX, não apresentam risco/retorno atrativo no momento, considerando que os lucros das empresas devem cair mais do que o mercado precifica, em função das recessões esperadas nos Estados Unidos e na Europa e do aumento do custo para as empresas com a alta de juros.

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