Mais uma autarquia bateu na porta do RH do governo. Dessa vez são os servidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais no Brasil, que estão pedindo reajuste salarial.
Os servidores da CVM se juntam aos funcionários públicos de outros órgãos como Receita Federal e Banco Central (BC) que já reivindicaram aumento de salários e ameaçaram entregar os cargos, aumentando a pressão sobre o governo para elevar os gastos com a máquina estatal federal, o que deve ter impacto nas contas públicas e aumentar ainda mais o rombo fiscal.
O presidente da CVM, Marcelo Barbosa, enviou um ofício ao Ministério da Economia em que os servidores mostram insatisfação com a decisão do governo de reajustar o salário de apenas algumas categorias , o que pode resultar na saída de funcionários e redução do quadro técnico. Os servidores da CVM estão sem reajuste salarial desde 2019.
Procurada, CVM não retornou o pedido de entrevista até o momento.
O governo anunciou até agora apenas o reajuste salarial para a categoria de policiais federais, que deve custar R$ 1,7 bilhão.
Se o governo ceder às pressões dos servidores públicos e conceder um reajuste de 5% nos salários, como já foi cogitado pelo presidente Jair Bolsonaro, serão criados até R$ 20 bilhões a mais em gastos permanentes por ano como mostrou matéria publicada pela Agência TradeMap.
O projeto de lei orçamentária de 2022 prevê despesas totais de R$ 4,8 trilhões e um déficit primário de R$ 79,3 bilhões, isso significa que o governo vai gastar mais do arrecada.
Quando um país tem as contas públicas deficitárias, o mercado passa a cobrar uma taxa maior nas emissões do Tesouro pois aumenta o risco de não pagamento. Isso acaba tendo impacto nos juros futuros e eleva o custo de crédito, pressionando também o câmbio para cima ao criar uma incerteza maior sobre a política fiscal.