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Força da direita no Congresso traz alívio a investidores e incentiva alta da Bolsa, dizem analistas

Nova formação da Câmara e do Senado pode trazer qualquer um dos governos para o "centro"

Foto: Shutterstock

Além de definir que a corrida presidencial precisará de mais um turno para ser encerrada, as eleições de domingo (2) trouxeram outro resultado relevante para o mercado: o da votação para o Congresso.

O que estava em disputa ontem eram 27 dos 81 assentos no Senado e todos os 513 assentos da Câmara dos Deputados. E quem se deu melhor foram os partidos mais à direita do espectro político – em particular o PL, do presidente Jair Bolsonaro.

Segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o partido foi o que mais elegeu deputados, emplacando 99 candidatos. Isso representa 23 congressistas a mais do que os existentes na bancada atual.

O União Brasil – resultado da junção do Democratas, de centro-direita, e do PSL, de direita – elegeu 59 deputados, enquanto o PP ficou com 47 cadeiras na Câmara. Além deles, o PSD, partido mais ao centro, conquistou 42 vagas.

Ao todo, partidos do dito “centrão” ou mais alinhados à direita ficaram com 273 deputados, mais da metade do total.

No campo da esquerda, o PT conseguiu 68 assentos na Câmara. O PCdoB e o Partido Verde, outros dois partidos da federação aliada ao ex-presidente Lula, conseguiram eleger 6 deputados cada. O PDT, de Ciro Gomes, emplacou 17 nomes. Na prática, somando estes assentos com o de outros partidos de esquerda, uma base direta de apoio a Lula seria de 138 deputados federais.

No Senado, com um terço das cadeiras em disputa, o centro perdeu espaço, mas a composição geral ainda é parelha à anterior. Dessa forma, a nova formação da casa ficará com 13 cadeiras para o PL, 12 para o União Brasil, 10 para o PSD e 10 para o MDB. O PT é o próximo na lista, com nove senadores dentre os partidos com mais representantes.

As eleições do Congresso Nacional indicam uma força relevante dos partidos de centro e de direita. Isso indica que o próximo presidente, seja ele Lula ou Bolsonaro, terá que seguir negociando com a Câmara e o Senado nas pautas mais importantes”, avalia Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP, em relatório.

Apesar da vitória de aliados de Bolsonaro na Câmara, no pleito para a presidência, o resultado veio inverso.

Com 99,99% das urnas apuradas nesta manhã, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) obteve mais de 57 milhões de votos, atingindo 48,43% do eleitorado no primeiro turno. O atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), que busca a reeleição, ficou em segundo lugar, com pouco mais de 51 milhões de eleitores, ou 43,20% do total.

Essa sinalização de disputa parelha pela vaga de presidente combinada com o Congresso de centro-direita animou os mercados. Isso porque, caso Lula seja eleito, enfrentará uma Câmara e um Senado pouco amigáveis, o que poderia travar certas agendas mais intervencionistas e fazer o governo flutuar mais ao centro.

Se Bolsonaro for eleito, a expectativa é de que governará sem problemas e poderá avançar com seu governo de viés mais liberal. Na visão do analista da Empiricus, Matheus Spiess, o resultado do primeiro turno foi positivo para o mercado pois sugere que Lula, que lidera o pleito, precisará flutuar para o centro do espectro político tanto na campanha quanto num eventual novo governo.

“Ele já vinha dialogando para uma postura moderada e mais centrista, o que diluiria eventuais riscos sobre o mercado como regulações e estatizações”, comenta Spiess. A formação de um Congresso com diversos candidatos mais de direita e centro-direita também contribui para este cenário.

Não à toa, o Ibovespa, principal índice da nossa Bolsa, sobe mais de 5% nesta segunda-feira após o pleito. “Os resultados eleitorais favorecem o desempenho do Ibovespa, em meio à percepção de que um Congresso mais à direita aumenta as chances de reformas estruturais serem aprovadas, além de forçar Lula a ter um governo mais ao centro. Isso leva o Ibovespa a performar melhor do que os pares globais”, comenta o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi.

Desafios do próximo governo e segundo turno

 Na visão do sócio-fundador da Quantzed, Pedro Menin, caso a vitória de Lula se confirme no segundo turno, haverá uma “oposição ferrenha” ao governante. “Se Bolsonaro ganhar, tende a conseguir governar com menos dificuldade”, acrescenta.

O analista sênior da Moody’s, Samar Maziad, acredita que a disputa no segundo turno será apertada, e o próximo governo lidará com um Congresso fragmentado para avançar com a agenda de reformas das políticas públicas.

“Na nossa opinião, a retomada das reformas estruturais será fundamental para apoiar um crescimento maior no médio prazo e facilitar os esforços de consolidação fiscal, especialmente em um contexto de juros elevados no país”, avalia.

Na visão do analista da Empiricus, Matheus Spiess, outro fator que poderá definir o segundo turno é o apoio da candidata Simone Tebet (MDB), que figurou em terceiro na disputa do primeiro turno com quase 5 milhões de votos. Esses votos podem dar a vitória a um dos lados.

“A Tebet será cobiçada pelo PT. Além disso, a candidata do MDB já havia dado sinalizações pró-Lula vindas do partido”, comenta Spiess. 

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