Quando se pensa em investimento com foco em dividendos, as primeiras ações que vêm à cabeça de investidores são as de empresas maduras de setores considerados defensivos, cujos resultados dependem menos do comportamento da atividade econômica. No entanto, é possível diversificar a carteira e conseguir bons dividendos em papéis de outros setores.
“É possível buscar ativos que apresentem distribuições de mesma magnitude que os papéis dos setores típicos. Assim, a renda passiva não é comprometida e, ao mesmo tempo, há um ganho de segurança a partir da mitigação de riscos setoriais”, diz Enrico Cozzolino, head de análise e sócio da Levante Investimentos.
As empresas tradicionalmente consideradas boas pagadoras de dividendos são as de energia elétrica, finanças, petróleo, mineração e construção civil. Em junho, das dez ações mais recomendadas para quem busca dividendos, nove pertenciam a estes setores, segundo levantamento da Agência TradeMap.
Confira a lista:
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“São setores que dependem de baixo investimento dada a estrutura já existente e, portanto, são capazes de distribuir proventos com recorrência, já que a capacidade de geração de caixa é alta”, afirma Cozzolino.
No entanto, ainda que uma carteira focada em dividendos tenha como características a segurança e a menor volatilidade, justamente pela concentração em setores mais defensivos, este portfólio pode acabar sendo exposto a riscos pela falta de diversificação.
“Se a carteira ficar muito presa nos setores de sempre, com Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4), por exemplo, acaba tendo uma correlação muito alta com o Ibovespa. E às vezes sair um pouco do tradicional e ter um pouco mais de descorrelação pode ser vantajoso”, aponta Heitor de Nicola, especialista em renda variável da Acqua Vero Investimentos.
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Em relatório distribuído a clientes, Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research, reconhece que o momento de volatilidade e turbulências pede a exposição a ações defensivas – mas defende a diversificação como forma de mitigar riscos específicos, buscando “formas de se proteger considerando diferentes situações”.
Commodities
Para quem tem predileção por ações ligadas a commodities, Nicola menciona o setor de papel e celulose, chamando atenção para Klabin (KLBN11), Dexco (DXCO3) e Irani (RANI3). “São bons dividendos pagos em cima dos preços das ações”, afirma.
Ainda em commodities, o especialista da Acqua Vero lista algumas empresas do agronegócio, como a BrasilAgro (AGRO3) e a Cosan (CSAN3).
Ação | Dividend yield últimos 12 meses |
Dividend yield estimado 2022* |
Preço da ação em 9 de junho |
Klabin (KLBN11) | 4,01% | 6,3% | R$ 5,02 |
Dexco (DXCO3) | 2,29% | 6,6% | R$ 10,89 |
Irani (RANI3) | 7,46% | 6,7% | R$ 6,99 |
BrasilAgro (AGRO3) | 15,65% | 6,6% | R$ 29,32 |
Cosan (CSAN3) | 3,97% | 11,4% | R$ 20,03 |
Fontes: BTG Pactual e TradeMap *Projeções do guia de ações do BTG Pactual de junho |
O dividend yield, vale ressaltar, é uma métrica usada para medir a rentabilidade dos dividendos de uma empresa em relação ao preço de suas ações.
Alimentos e bebidas
No setor de alimentos e bebidas, Nicola e Cozzolino chamam atenção para a Marfrig (MRFG3), mas o head de análise da Levante também cita JBS (JBSS3) e a Minerva (BEEF3) como empresas que se enquadram na categoria de boas pagadoras de dividendos.
Ação | Dividend yield últimos 12 meses |
Dividend yield estimado 2022* |
Preço da ação 9 de junho |
Marfrig (MRFG3) | 21,38% | 9,4% | R$ 15,18 |
JBS (JBSS3) | 8,66% | 4,5% | R$ 34,75 |
Minerva (BEEF3) | 5,03% | 5,4% | R$ 14,02 |
Fontes: BTG Pactual e TradeMap *Projeções do guia de ações do BTG Pactual de junho |
Indústria e bens de capital
A Tupy (TUPY3), produtora de peças para o setor automotivo, também deve pagar dividendos interessantes neste ano, diz Heitor de Nicola.
No setor, Cozzolino destaca a Iochpe-Maxion (MYPK3), que apresentou bons resultados no primeiro trimestre de 2021, triplicando o lucro líquido, o que deve assegurar a continuidade de sua política de distribuição de proventos, diz o analista.
Já a fabricante de armas de fogo Taurus (TASA4) tem, em seu estatuto social, a determinação de que pelo menos 35% de seu lucro líquido ajustado seja distribuído aos acionistas em forma de proventos, segundo Guilherme Tiglia.
“Com esta empresa, também conseguimos diversificar o risco de menor crescimento da nossa economia local, pensando em uma empresa dolarizada e que tem suas receitas atreladas a outro mercado”, diz o analista da Nord.
Ação | Dividend yield últimos 12 meses |
Dividend yield estimado 2022* |
Preço da ação 9 de junho |
Tupy (TUPY3) | 1,57% | 10,4% | R$ 23,59 |
Iochpe-Maxion (MYPK3) | 7,77% | 7,8% | R$ 16,49 |
Taurus (TASA4) | 8,6% | Indisponível | R$ 18,67 |
Fontes: BTG Pactual e TradeMap *Projeções do guia de ações do BTG Pactual de junho |
Telecomunicações
Outra opção para buscar dividendos “fora da caixa” é o investimento em ações do setor de telecomunicações, diz Cozzolino, com destaque para Telefônica Brasil (VIVT3) e TIM (TIMS3).
“A primeira já apresentava uma política de distribuição recorrente de proventos. Entretanto, a segunda está aderindo à mesma estratégia, e inclusive divulgou em abril que iniciaria um aumento gradual de distribuição”, diz Cozzolino.
Ação | Dividend yield últimos 12 meses |
Dividend yield estimado 2022* |
Preço da ação 9 de junho |
Telefônica (VIVT3) | 7,24% | 7,1% | R$ 46,87 |
Tim (TIMS3) | 3,31% | 4,5% | R$ 12,98 |
Fontes: BTG Pactual e TradeMap *Projeções do guia de ações do BTG Pactual de junho |