Os mercados acionários americanos anteciparam boa parte do crescimento e têm batido sucessivos recordes de alta, com o índice S&P 500 dobrando de valor nos últimos 20 meses, antes de a economia se recuperar. A boa notícia é que estamos apenas no início do ciclo de crescimento, que deve ser mais gradual no pós-pandemia, disse Howard Marks, copresidente do conselho e cofundador da Oaktree Capital, nesta terça-feira, em live do Itaú.
Para o gestor, os momentos de baixas taxas de juros como o atual tendem a encarecer os preços dos ativos. No entanto, ele acredita que o Federal Reserve, o banco central americano, e o Tesouro dos Estados Unidos agiram corretamente ao anunciar o programa de injeção de estímulos por meio da compra de ativos.
A medida injetou US$ 10 trilhões na economia no último um ano e meio, para evitar a recessão da economia, ainda que isso tenha pesado sobre a inflação. “O que o banco central americano americano fez em 2020 foi essencial; se não, tivesse feito teria recessão global,” disse Marks.
A fala foi na direção contrária das declarações feitas neste mês pelo renomado economista Mohamed El-Erian, para quem o Fed falhou em manter a política de estímulos por muito tempo.
Marks, que escreveu os livros “O Mais Importante para o Investidor” e “Dominando o ciclo do mercado”, é um dos maios prestigiados gestores de investimento. Suas cartas costumam ser prestigiadas por grandes investidores como Warren Buffett, que declarou: “Quando vejo memorandos de Howard Marks no meu e-mail, é a primeira coisa que abro e leio. Eu sempre aprendo algo”.
A Oaktree é uma das maiores gestoras de investimentos alternativos, com US$ 156 bilhões sob gestão em junho de 2021. A gestora tem como foco principalmente investimento em crédito privado, e também investe em empresas via fundos de private equity, dívida “podre” ( títulos considerados de pior qualidade por terem maior risco de pagamento, mas que oferecem alto rendimento), crédito estruturado e infraestrutura.
Inflação normalizada?
A inflação americana, medida pelo índice de preços ao consumidor, mostrou avanço de 6,2% da taxa anualizada em outubro, a maior alta em 31 anos.
Para Marks, a inflação tende a desacelerar, mas deve ficar acima do patamar verificado nos últimos dois anos.
O gestor acredita que parte dos fatores que ajudaram a pressionar a inflação, como o desequilíbrio na cadeia de suprimentos, o aumento da demanda em função das compras represadas no período da pandemia e o nível mais alto de poupança dos investidores, devem se normalizar com o tempo.
Nesse cenário, mesmo com os ativos mais caros, a pior opção é deixar o dinheiro parado em caixa, afirma Marks. “Se sair do mercado, em algum momento, vai ter que tomar a decisão de entrar de novo, e não é fácil acertar o timing duas vezes”, observou o gestor.
O mais importante, segundo Marks, é investir com cuidado em um portfólio que seja capaz de manter a rentabilidade no longo prazo e não aplicar o dinheiro que será necessário no curto prazo.