Apesar de ter fechado 2021 com um Ebitda ajustado de R$ 7,2 bilhões, alta de 12,3% em relação ao registrado no ano anterior, o lucro líquido da Engie (EGIE3) caiu 44%, para R$ 1,6 bilhão, impactado, principalmente, pela deterioração dos ativos (impairment) e pela aceleração da inflação.
O Ebitda ajustado do quarto trimestre caiu 5,8% em relação aos mesmos três meses de 2020, para R$ 2,25 bilhões, enquanto o lucro líquido do período teve forte queda de 92,4%, para R$ 78 milhões.
A inflação, segundo a empresa, impacta os resultados principalmente devido à correção das concessões a pagar e de demais despesas financeiras. De acordo com a Engie, a indexação dos contratos de vendas de energia teve seu preço médio elevado em 4,9% no ano, o que tende a neutralizar os efeitos inflacionários sobre os resultados no médio prazo.
A queda no lucro líquido em 2021, segundo a empresa, é consequência do Ebitda ajustado, do aumento de custos com depreciação e amortização, de acréscimos em despesas financeiras recorrentes e de efeitos não recorrentes do ano anterior.
Desconsiderando o impairment e demais valores não recorrentes, o lucro líquido ajustado de 2021 fica em R$ 2,4 bilhões, queda de 11,8% em relação a 2020.
A alta no Ebitda anual foi baseada em aumentos de receita vindos do segmento de geração e venda de energia elétrica do portfólio da companhia, do maior resultado da transportadora de gás natural TAG e do segmento de trading de energia. Pesaram negativamente, por outro lado, os segmentos de painéis solares e transmissão de energia.
A receita operacional líquida foi de R$ 12,541 bilhões, alta de 2,3% em relação a 2020, devido ao aumento do preço médio de venda de energia e do valor médio do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD) anual. No trimestre, a receita operacional líquida caiu 26,5% para R$ 2,769 bilhões.
O volume de vendas foi de 35.801 GWh em 2021, redução de 5,4% em relação a 2020, devido principalmente à menor disponibilidade de energia diante do cenário de crise hídrica e a paradas programadas.
No relatório, a empresa menciona os desafios impostos pela pandemia do coronavírus e a crise hídrica como determinantes para seus números de 2021. A companhia apontou ainda que a crise hídrica destacou a relevância de sua estratégia de diversificação por meio da expansão de outras fontes renováveis, sobretudo eólica e solar, além da entrada em segmentos novos, como transmissão de energia e transporte de gás natural.
Ao fim de 2021, o parque gerador da empresa alcançou 95,8% de fontes renováveis, marca recorde e significativamente maior que os 86,2% de 2020. O crescimento, segundo a companhia, se deve principalmente ao início da operação do Conjunto Eólico Campo Largo II, na Bahia, e à venda da Diamante Geração de Energia, que detém os ativos que compõem o Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, em Santa Catarina, que utiliza carvão mineral como fonte.