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Endividadas, Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3) despencam na Bolsa com piora nos juros

Por volta de 12h31, a Gol registrava a maior desvalorização da Bolsa, com recuo de 12,22%

Gustavo Lustosa

Gustavo Lustosa

Foto: Shutterstock

As ações das duas companhias aéreas listadas na B3 — Azul e Gol — e da maior operadora de turismo do país, a CVC, despencam no pregão desta segunda-feira (13) e preenchem o pódio das maiores quedas do dia, em uma sessão em que o Ibovespa cai mais de 2%, pressionado por um movimento de aversão ao risco dos investidores, que redobram a cautela em meio ao cenário de inflação e juros altos por um longo período.

Por volta de 12h31, a Gol registrava a maior desvalorização da Bolsa, com recuo de 12,22%. A CVC, por sua vez, tinha queda de 10%, enquanto a Azul tinha baixa de 9,56%.

As três companhias lideram as quedas da Bolsa não só porque são negócios sensíveis ao consumo, que se retrai com a perspectiva de juros altos, mas também porque estão entre as empresas mais alavancadas — isto é, quando a dívida é alta em relação ao lucro que são capazes de gerar.

“Trata-se de um movimento de risk-off [aversão ao risco]”, disse à Agência TradeMap o analista Gustavo Wolf, sócio da Meraki Capital. “Essas empresas estão alavancadas, então sofrem com o aumento dos juros”, acrescentou.

A Azul, por exemplo, tem uma alavancagem de 10,6 vezes, segundo dados disponíveis na plataforma do TradeMap. Isso significa que a empresa precisaria de o equivalente a 10,6 anos para gerar Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) suficiente para pagar sua dívida líquida. Trata-se de um patamar acima da média de alavancagem da companhia nos últimos três anos, de 7,43 vezes.

O receio de que a alta nos juros dos Estados Unidos será maior do que se previa continua pesando sobre as bolsas internacionais nesta segunda, depois de ter feito os principais índices acionários do mundo fecharem em baixa no fim da semana passada.

Na sexta-feira  (10), o governo dos Estados Unidos divulgou que em maio a inflação acelerou e foi mais intensa do que a esperada pelo mercado.

O indicador fez os investidores ajustarem as previsões de aumento de juros no país. Até então, a expectativa era de que o Federal Reserve, banco central americano, aumentasse os juros em 0,50 ponto porcentual (pp) na próxima quarta-feira (15). Depois dos dados, começaram a surgir apostas de que uma elevação mais intensa seria possível.

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC), também se reúne na quarta e deverá elevar a Selic 0,50 pp, segundo a expectativa da maior parte do mercado, para 13,25% ao ano.

Por aqui, embora a inflação tenha desacelerado em maio, o que reduz parte da pressão sobre o BC para continuar subindo juros, os dados ainda mostram um avanço disseminado dos preços e um ambiente onde a incerteza predomina, com a inflação de 2023 pressionada por medidas do governo que tentam tirar pressão dos preços em 2022.

Dólar

Além dos juros, as companhias aéreas também sofre com o aumento do dólar, uma vez que cerca de 60% dos custos dessas empresas estão associados à moeda americana.

“O dólar alto prejudica bastante o setor dado que o combustível fica mais caro e o poder de compra do consumidor diminui. Então, passagem fica mais cara, hotel lá fora também, até para gastar lá fora fica muito mais caro e prejudica essas empresas no setor”, disse Vitorio Galindo, analista e head de análise fundamentalista da Quantzed.

Segundo ele, o cenário acaba gerando uma frustração sobre a expectativa de recuperação que existe sobre o setor aéreo, após os estragos causados pela pandemia. “A expectativa, que estava no preço das ações, era de uma retomada. Se o dólar continuar subindo e o petróleo também continuar caro, tudo isso acaba atrapalhando.”

Em meio ao receio de que o Federal Reserve possa contratar uma recessão nos Estados Unidos para combater a inflação, o dólar é negociado nesta segunda acima de R$ 5, com os investidores fugindo para ativos de menor risco.

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