A crise energética que assola a Europa, elevando os custos de energia e ameaçando interrupções de produção para companhias do continente, pode gerar oportunidades para algumas empresas brasileiras, de acordo com a corretora do Santander.
Em relatório distribuído nesta quinta-feira (8), Aline de Souza Cardoso, estrategista de ações da corretora, argumenta que algumas companhias, que têm empresas europeias entre suas principais concorrentes, podem aproveitar as dificuldades da indústria do Velho Continente para ganhar participação de mercado.
“Um inverno severo e a escassez de energia poderiam ser boas notícias para as companhias brasileiras com concorrentes europeus, pois elas poderiam se tornar mais competitivas, uma vez que não sofrem com o mesmo aumento nos custos de energia”, afirma a analista.
As companhias que mais têm potencial de tirar proveito da situação, de acordo com a corretora do Santander, são Tupy (TUPY3), WEG (WEGE3) e Klabin (KLBN11), visto que elas têm concorrência significativa no Norte e no Centro da Europa, que são as áreas com maior risco de baixo fornecimento de gás russo.
Iochpe Maxion (MYPK3), Embraer (EMBR3), Natura (NTCO3), Suzano (SUZB3), CSN (CSNA3) e Aeris (AERI3) também estão entre as empresas com maior exposição ao continente, diz o Santander, seja em termos de receita ou de custos.
Em resposta às sanções impostas à Rússia depois de sua invasão à Ucrânia, Moscou tem reduzido gradualmente sua exportação de gás natural à Europa, fazendo com que os preços da energia na região subissem em aproximadamente dez vezes no último ano.
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E a situação ainda pode piorar. Apesar de os países do continente estarem adotando uma série de medidas para lidar com a alta nos preços e prevenir uma possível escassez de energia durante o inverno, os governos ainda podem ser obrigados a restringir o uso de gás pela indústria para garantir que as famílias possam aquecer suas casas durante o período de baixa temperatura.
“Novas cadeias de oferta e sistemas alternativos de energia não podem ser criados rápido o suficiente para resolver totalmente a questão por pelo menos dois anos, independentemente de quanto os preços subam”, afirma o Santander.
Além de medidas governamentais, a própria pressão de custos pode forçar companhias a interromperem produção, na avaliação do Santander, como já tem ocorrido com algumas produtoras de aço na Alemanha e na Bélgica e com fabricantes de fertilizantes. Os setores mais afetados, segundo o Santander, devem ser os mais competitivos e intensivos em energia.