Após abrir em forte queda, seguindo o movimento da véspera, o Ibovespa passou a operar próximo da estabilidade, ao contrário do movimento do exterior, que sobe repercutindo a divulgação de balanços.
Dentre as empresas do índice, varejistas se beneficiam de uma curva de juros mais arrefecida e sobem. No lado negativo, BRF (BRFS3) liderava as perdas do pregão, caindo 9%, após o governo anunciar um recall de produtos.
Por volta das 13h35, o principal índice da B3 caía 0,15% e operava aos 115.863 pontos.
Para Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, a queda está relacionada a um pedido de recall de produtos voltados para pet.
Na sexta-feira (21), o Mapa (Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) determinou o recolhimento, em todo o Brasil, de petiscos caninos da Balance, marca da BRF Pet, subsidiária da BRF.
Segundo um comunicado publicado no site do Ministério, a medida foi tomada após o Mapa receber oficialmente o comunicado de recall voluntário de três lotes de petiscos caninos da marca.
Tudo começou quando foram detectados três lotes do aditivo alimentar propilenoglicol contaminados com monoetilenoglicol, composto químico tóxico, nos produtos da empresa.
Segundo os analistas Régis Chinchilla e Luis Novaes, da Terra Investimentos, desde o balanço do último trimestre, quando a BRF mostrou recuo nos indicadores financeiros, a perspectiva do mercado é que os próximos resultados não sejam tão diferentes, já que, além das altas despesas financeiras, o setor de alimentos processados está pressionado nos últimos meses.
“A decisão sobre o recall também é ruim para a companhia, apesar de estar numa escala menor pode gerar impactos na imagem da subsidiária, penalizando o segmento pets que é alvo de investimento pela BRF e está se tornando mais relevante para o resultado”, comentam os analistas da Terra.
Além disso, Farto, da Renova Invest, vê a reeleição de Xi Jinping como líder do Partido Comunista Chinês trazendo dúvidas acerca das políticas econômicas futuras do gigante asiático, o que pode impactar empresas exportadoras, como os frigoríficos.
“Existe um ‘medo’ do mercado em relação aos poderes do Xi Jinping. Até que ponto o governo será mais ideológico e até que ponto mais pragmático na economia?”, comenta o especialista. Além da BRF, Minerva (BEEF3) caía 2,67%.
Ademais, dentre as principais quedas, Azul (AZUL4) perdia 4,48%, Carrefour (CRBF3) recuava 4,31%, São Martinho (SMTO3) desvalorizava 3,37% e Energias do Brasil (ENBR3) apontava em 3,26% para baixo.
Empresas ligadas ao juros na ponta positiva
Na ponta positiva, Magazine Luiza (MGLU3) liderava os ganhos com uma subida de 8,58%, seguida por Cogna (COGN3), que subia 6,60%, Via (VIIA3), com alta de 4,67%, Locaweb (LWSA3), que operava em alta de 4,88% e Yduqs (YDUQ3), que subia 4,85%.
De acordo com o especialista em renda variável da Renova Invest, como essas companhias da economia doméstica são mais expostas aos juros, acabam se beneficiando de um arrefecimento na curva de juros futura.
Dados retirados da plataforma do TradeMap mostram que os contratos futuros de juros (DIs) para os anos de 2024, 2026 e 2028 recuavam 3, 9 e 8 pontos-base, respectivamente.
No caso de Cogna (COGN3) e Yduqs (YDUQ3), empresas do setor de educação, além da questão dos juros, Farto afirma que o mercado acredita que uma possível vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de domingo pode trazer um momento positivo para o setor.
“O mercado aposta que um plano de governo do Lula pode ser benéfico para o setor. O ‘Kit-Lula’ deve beneficiar empresas de educação e varejistas. Já o ‘Kit-Bolsonaro’ está mais pautado nas estatais, melhorando a governança e pensando em privatizações”, analisa o especialista em renda variável da Renova Invest.
Mercados internacionais
No exterior, os mercados avançavam com mais intensidade. Nos Estados Unidos, o Dow Jones ganhava 0,90%, o S&P 500 subia 1,35% e o índice Nasdaq avançava 2%.
Por lá, o mercado continua a monitorar a temporada de resultados das empresas. Mais cedo, a Coca-Cola divulgou números acima das expectativas e aumentou as projeções para o resto do ano.
“A empresa reportou um crescimento de 10% nas receitas para US$ 11,05 bilhões, impulsionada por preços mais altos em todo o portfólio da empresa. Os volumes de vendas cresceram 4% com destaque mais uma vez para a Coca-Cola Zero Sugar”, explica William Castro Alves, estrategista-chefe da corretora Avenue Securities.
Depois do fechamento, as Big Techs americanas Microsoft e Alphabet, a dona do Google, vão divulgar os números do terceiro trimestre. Nesta quarta-feira (26), será a vez da Meta, dona do Facebook, e na quinta-feira (27), da gigante do varejo Amazon.
“Será uma semana bem importante. Até agora os resultados têm vindo bastante sólido. Mais de 110 empresas do S&P 500 já reportaram seus balanços, com 72% delas reportando lucro acima das expectativas”, destaca a estrategista de ações da XP, Jennie Li.
Na Europa, o mercado continua a monitorar os próximos passos da política monetária do Reino Unido, após a troca de primeiro-ministro no país. Os índices acionários do Velho Continente, já perto do fechamento, subiam também em bloco.
O Euro Stoxx 50 ganhava 1,44%, o DAX 30 avançava 1% e o FTSE 100 operava próximo da estabilidade.