Em pregão volátil, Ibovespa sobe impulsionado por Petrobras (PETR4) e Bradesco (BBDC4)

Em meio a um pregão volátil, o Ibovespa tenta apagar as perdas da última sessão e opera em ligeira alta durante a tarde, impulsionado por empresas que divulgaram seus resultados do primeiro trimestre durante a semana.

Após abrir em baixa, o Ibovespa virou para o positivo próximo das 12h, e às 13h20 subia 0,10%, operando aos 105.380 pontos. Lucas Mastromonico, operador de renda variável da B.Side Investimentos, avalia como uma “alta tímida” o movimento do Ibovespa nesta sexta. Para ele, quem puxa o índice são ações de Petrobras e de Bradesco, ambas após os balanços divulgados na quinta-feira (5).

No momento, as principais altas do pregão eram dos papéis de Cogna (COGN3), crescendo 7,23%; Alpargatas (ALP4), subindo 6,38%; e Lojas Renner (LREN3), que valorizava 5,51%. A primeira ainda não publicou balanço trimestral, mas informou na noite de quinta-feira (5) que ultrapassou o número de 1 milhão de alunos ativos na graduação.

No documento enviado à CVM (Comissão de Valores Imobiliários), a empresa de educação afirmou que o número foi alcançado em razão do ciclo de captação de alunos do primeiro trimestre de 2022.

Outra empresa que via suas ações em alta e ajudava a impulsionar o Ibovespa pelo seu peso no índice era a Petrobras, com os papéis ordinários (PETR3) crescendo 3,46% e os preferenciais (PETR4) subindo 2,84%. A empresa reportou seu balanço financeiro relativo ao primeiro trimestre de 2022 na noite de quinta, e registrou um lucro de R$ 43 bilhões no período.

O montante é 31 vezes maior que o ganho alcançado em igual intervalo do ano passado, de R$ 1,4 bilhão. Na avaliação da analista da Terra Investimentos, Eliz Sapucaia, a Petrobras registrou fortes resultados no primeiro trimestre em razão do “aumento da produção em meio ao rali do petróleo neste início de ano”.

Veja o balanço:

Alta do petróleo ajuda, Petrobras (PETR4) atinge lucro de R$ 43 bi e anuncia dividendos

No primeiro trimestre, o preço do petróleo do tipo Brent alcançou uma média de US$ 101,4 por barril, 66,5% a mais que a cotação dos primeiros três meses do ano passado, impulsionado principalmente pela guerra entre Rússia e Ucrânia, que mexeu com a cadeia global de suprimentos.

Mas mesmo antes de a estatal informar seu balanço, o presidente Jair Bolsonaro atacou a companhia aos gritos em sua live semanal, antecipando o resultado e classificando que o ganho da empresa em meio à alta dos combustíveis é “um crime inadmissível”.

Balanço do Bradesco impulsiona bancos

Outra empresa que divulgou seu balanço na noite de quinta e vê suas ações subirem no pregão desta quinta é o Bradesco, com os papéis preferenciais (BBDC4) crescendo 4,29% e os ordinários (BBDC3) valorizando 3,98%.

O banco teve um teve lucro recorrente de R$ 6,82 bilhões no primeiro trimestre, uma alta de 4,7% na comparação anual e, segundo Sapucaia, da Terra, “acima do esperado”. Um levantamento feito pela Reuters, por exemplo, apontava que a instituição teria lucro líquido um pouco abaixo, de R$ 6,7 bilhões.

Apesar disso, a instituição apresentou aumento na taxa de inadimplência dos clientes, que saltou para 3,2% no primeiro trimestre, de 2,5% em igual período do ano passado. Os indicadores de inadimplência têm sido acompanhados de perto por analistas do mercado, que estão preocupados com o avanço dos calotes, em meio a um cenário econômico que combina juros mais altos, inflação persistente e estagnação do PIB.

Ainda assim, a carteira de crédito expandida do banco apresentou crescimento de 18,3% no primeiro trimestre em comparação a igual período do ano passado, para R$ 834,5 bilhões. “Apesar do aumento da Selic, a originação de crédito mantém boa dinâmica, pois as pessoas voltaram ao consumo”, afirmou o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, em comunicado enviado à imprensa logo após a divulgação do balanço.

A alta do banco parece ter animado o setor, que via as ações de outras instituições bancárias subirem na bolsa — Itaú Unibanco (ITUB4) crescia 3,69%, Santander (SANB11) ganhava 3,63% e Banco do Brasil (BBAS3) apontava em 2,04% para cima.

Quedas do pregão

As maiores baixas do dia ficavam por conta de Petz (PETZ3), Carrefour (CRFB3) e Totvs (TOTS3), que perdiam 9,56%, 5,07% e 4,97%, respectivamente.

A primeira divulgou seu balanço do primeiro trimestre na manhã desta sexta, e reportou um lucro líquido ajustado de R$ 21,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, um avanço de 57,7% na comparação com os R$ 13,3 milhões do mesmo período de 2021.

Em relatório, o BTG Pactual viu os resultados como positivos, mas destacou uma “queda nas margens apesar do sólido ritmo de expansão”. Essa queda ocorreu principalmente por causa da Zee.Dog, subsidiária da empresa, que teve um Ebitda ajustado negativo de R$ 2,9 milhões.

A Petz espera começar a melhorar suas margens com a marca nos próximos meses, e projeta que no segundo trimestre desse ano já irá colher sinergias da aquisição.

A Totvs cai desde que apresentou seu balanço do primeiro trimestre, tendo apresentado um lucro quase 50% menor que a projeção do Goldman Sachs. Apesar do lucro líquido de R$ 85 milhões corresponder a uma alta de 5,4% na comparaçao anual, o banco americano projetava R$ 151 milhões.

Em relatório publicado na quinta, a instituição financeira explicou que a frustração foi causada principalmente por um resultado 26% menor que o esperado no Ebit (lucro antes de juros e impostos), devido à amortização de ativos intangíveis e à depreciação do imobilizado referente à RD Station, e maiores impostos registrados no trimestre.

Bolsas Internacionais

Na contrapartida da Bolsa brasileira, os mercados globais operam no negativo nesta sexta, dando sequência ao sentimento de aversão ao risco dos últimos pregões e digerindo as decisões de política econômica nos Estados Unidos e Europa.

Nos EUA, os investidores acompanharam a divulgação dos dados sobre o mercado de trabalho, o payroll, com a criação de 248 mil novos empregos em abril, resultado acima das expectativas do mercado.

Contudo, Mastromonico, da B.Side, avalia que o mercado não vê a informação com bons olhos, uma vez que, com mais empregos criados, mais dinheiro é gasto pelas pessoas, contribuindo para o cenário inflacionário continuiar alto por lá.

Enquanto isso, em Wall Street as bolsas caíam em bloco. Dow Jones recuava 0,83%, S&P 500 perdia 0,85% e o Nasdaq caía 1,13%. O movimento era semelhante na Europa, onde o índice Euro Stoxx 50 apontava em 1,91% para baixo, o DAX desvalorizava 1,64% e o FTSE 100 recuava 1,54%.