No dia em que as ações de construtoras tiveram fortes altas na Bolsa de valores, a Tenda (TEND3), incorporadora com foco em habitação popular, divulgou sua prévia operacional do quarto trimestre e de 2021.
O destaque partiu do Valor Geral de Vendas (VGV), que terminou 2021 em R$ 3,1 bilhões, 15% acima do registrado em 2020. Ao longo do ano, foram lançados 58 projetos.
No quarto trimestre, a construtora lançou 17 empreendimentos, totalizando R$ 836 milhões – número 6% inferior ao do mesmo período de 2020, mas 32% acima dos três meses anteriores.
As vendas brutas no trimestre foram de R$ 906 bilhões, alta de 6% na comparação anual. Considerando os distratos, que permanecem em patamares superiores aos pré-pandemia, as vendas líquidas foram de R$ 781 milhões.
A velocidade de vendas, medida pela VSO (velocidade sobre a oferta bruta), por sua vez, ficou em 37% entre outubro e dezembro, também acima da registrada no quarto trimestre do ano anterior.
Por fim, a empresa apontou incremento de 11,3% no preço de vendas em relação ao quarto trimestre de 2020.
Os números da Tenda são divulgados depois de uma bateria de resultados operacionais do quarto trimestre que surpreenderam positivamente o mercado. “A MRV reportou recorde; a Cury divulgou ontem, foi recorde também; a Moura Dubeux também teve um resultado excepcional; assim como a própria Cyrela”, disse Marco Saravalle, analista e sócio da SaraInvest.
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No ano, no entanto, os dias não têm sido fáceis para as construtoras na Bolsa – enquanto o Ibovespa tem alta acumulada de 3%, o Imob, o Índice Imobiliário, tem queda de 4%.
A Tenda, por sua vez, registra desvalorização de 11,3% em 2022. No pregão desta quarta-feira, porém, a ação teve alta de 2,42%, cotada a R$ 14,82.
Na visão de Enrico Cozzolino, especialista de ações da Levante Investimentos, a desvalorização das ações no ano não é reflexo de uma perda de valor das companhias, mas de condições macroeconômicas. Fatores como a alta da inflação, que corrói o poder de compra da população, e do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que encarece custos e diminui a margem das construtoras, estão por trás das quedas.
O maior fator de pressão parece ser a alta das taxas dos juros futuros. As empresas do setor imobiliário são altamente dependentes de crédito – e o crédito imobiliário é, normalmente, de longuíssimo prazo. Assim, a alta nos contratos de juros longos tem impacto sobre o valor de financiamento.
Cury
Em sua prévia operacional do quarto trimestre, divulgada na noite de terça-feira, a Cury (CURY3), subsidiária da Cyrela (CYRE3), mostrou vendas brutas de R$ 672 milhões, alta de 50% em relação ao mesmo período de 2020, e vendas líquidas de R$ 611 milhões, crescimento de 51%.
Consequentemente, diz o BTG Pactual Digital, a relação vendas/oferta foi novamente a mais forte da indústria, em 38%, após os 25% do quarto trimestre de 2020.
Ao longo do trimestre, foram lançados sete projetos no valor de R$ 788 milhões, 17% a mais do que nos últimos três meses de 2020, levando a empresa a terminar 2021 com R$ 2,8 bihões em lançamentos, valor 81% superior ao do ano anterior.