A taxa de câmbio do dólar em relação ao real – que está se aproximando da máxima histórica – está num nível “justo”, depois de ter disparado 14% desde o final de maio. A avaliação é do banco americano Wells Fargo.
“Por enquanto, o real está cotado a um valor justo e está alinhado com os fundamentos econômicos e políticos”, disse o banco em um relatório. “Achamos que a moeda vai pairar em torno dos níveis atuais no curto prazo, e possivelmente se desvalorize conforme as eleições se aproximam.”
De acordo com dados do Banco Central, o dólar está cotado a R$ 5,40 nesta sexta-feira. Isso depois de ter atingido R$ 4,72 no final de maio – o menor preço em mais de dois anos. Com isso, a taxa se aproxima cada vez mais da máxima histórica de R$ 5,94.
Histórico da cotação do dólar versus o real

A expectativa do mercado é diferente da apresentada pelo Wells Fargo. Segundo a edição mais recente do Boletim Focus, que compila as previsões de instituições financeiras em relação a uma série de indicadores econômicos, a taxa de câmbio deve terminar este ano em R$ 5,13 por dólar.
A valorização da moeda americana nas últimas semanas é resultado de dois fatores. O primeiro é o aumento nas taxas de juros dos Estados Unidos, que estavam perto de zero no início de 2022 e agora estão entre 1,50% e 1,75% ao ano. A expectativa é de que dobrem até dezembro, para cerca de 4%.
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Juros mais altos por lá significam, na prática, menos dólares circulando em outros países, principalmente naqueles em que os investidores acreditam haver mais risco aos seus rendimentos. O Brasil e outras economias emergentes se enquadram nesta categoria quando comparados aos EUA.
E a aversão ao risco também tem sido grande nos mercados financeiros, principalmente porque há um receio crescente com a possibilidade de os juros maiores nas grandes economias provocarem recessão econômica.
O Wells Fargo ressalta, inclusive, que algumas moedas de países emergentes – como o rublo, da Rússia, a lira turca e o peso mexicano – podem cair mais nos próximos meses.
“Acreditamos que o sentimento global de fuga do risco nos mercados financeiros pode continuar”, diz o banco. Os economistas da instituição acham que o Federal Reserve, banco central dos EUA, vai aumentar os juros para além do que os investidores esperam, e que o crescimento da economia mundial será mais lento que o consenso indica.
“Com essas premissas em mente, achamos que a onda de vendas que as moedas emergentes enfrentaram deve continuar daqui para frente”, acrescentou.