A semana de 10 a 16 de agosto foi marcada pela divulgação das taxas de inflação no Brasil e nos Estados Unidos. No Brasil, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu para 0,26% em julho, acima da taxa de 0,24% registrada em junho. O grupo Habitação foi o destaque, com alta de 0,91%, impulsionada pela elevação de 3,04% na energia elétrica residencial, item de maior impacto individual no mês (0,12 p.p.).
Nos Estados Unidos, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) avançou 0,2% em julho, após aumento de 0,3% em junho, em linha com as expectativas do mercado. Excluindo alimentos e energia, o núcleo do índice subiu 0,3% no mês, maior alta desde janeiro, após avanço de 0,2% no mês anterior. Na comparação anual, o núcleo do CPI registrou aumento de 3,1% em julho, frente a 2,9% em junho.
Paralelamente, a temporada de divulgação de balanços corporativos caminha para o fim, etapa importante para avaliar o posicionamento das empresas e de suas ações no mercado.
Maiores altas
O BTG Pactual (BPAC11) apresentou a maior valorização da semana, com alta de 10,69%. O desempenho reflete resultados trimestrais robustos, que superaram as expectativas do mercado em praticamente todas as frentes de negócio. O banco registrou lucro líquido recorde de R$ 4,2 bilhões no segundo trimestre, crescimento superior a 40% em relação ao mesmo período de 2024. A receita total também foi recorde, alcançando R$ 8,294 bilhões, alta anual de 38,5%, o que reforçou a confiança dos investidores na capacidade de expansão e rentabilidade da instituição.
A MRV (MRVE3) avançou 10,32% na semana, mesmo após divulgar um prejuízo líquido ajustado de R$ 774,7 milhões no segundo trimestre, revertendo o lucro de R$ 29,4 milhões no mesmo período do ano anterior. A reação positiva do mercado foi impulsionada por um relatório do BTG Pactual divulgado em 13 de agosto, que apontou potencial de valorização de aproximadamente 143% para as ações nos próximos 12 meses. O otimismo decorre, principalmente, das perspectivas de recuperação operacional e de geração de caixa da companhia.
O Banco do Brasil (BBAS3) registrou alta de 9,09%, mesmo com a divulgação de resultados mais fracos no segundo trimestre. O lucro líquido caiu 60% e o retorno sobre patrimônio (ROE) ficou em 8,4%, refletindo um cenário desafiador para a instituição. Apesar disso, a presidente Tarciana Medeiros reforçou sua confiança na retomada dos resultados nos próximos trimestres, incentivando os investidores a manter ou ampliar suas posições na ação. O discurso otimista ajudou a sustentar o movimento de alta.
Maiores quedas
A Raízen (RAIZ4) teve a maior queda da semana, com recuo de 16,13%, após divulgar prejuízo líquido de R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre da safra 2025/26, revertendo o lucro de R$ 1,1 bilhão registrado no mesmo período da safra anterior. O resultado foi pressionado por piora no desempenho operacional e aumento expressivo da dívida líquida, que atingiu R$ 49 bilhões. A possibilidade de um aumento de capital também contribuiu para a reação negativa do mercado.
A Braskem (BRKM5) caiu 12,79% após sofrer dois rebaixamentos de classificação de risco na mesma semana. A Fitch e, posteriormente, a Moody’s reduziram o rating da companhia, sendo que a segunda rebaixou a nota de Ba3 para B2 e alterou a perspectiva para negativa. A decisão da Moody’s também incluiu a redução da classificação dos bonds da Braskem America Finance Company, totalmente garantidos pela Braskem SA. Essas revisões aumentaram as preocupações dos investidores sobre a alavancagem e o risco de crédito da empresa.
A CVC (CVCB3) recuou 11,74% influenciada pela divulgação de prejuízo ajustado de R$ 15,9 milhões no segundo trimestre de 2025, maior que o prejuízo de R$ 4,8 milhões registrado no mesmo período de 2024. Apesar da receita líquida ter crescido 16,3% na base anual, para R$ 341,8 milhões, os resultados ainda refletem desafios na recuperação da margem e na redução das perdas, o que pesou no desempenho das ações.
A semana combinou dados econômicos que reforçam a atenção do mercado às pressões inflacionárias com a reta final da temporada de balanços corporativos. Os resultados impactaram de forma significativa o desempenho das ações, evidenciando um cenário de seletividade por parte dos investidores e alta volatilidade no Ibovespa, com movimentos expressivos tanto de valorização quanto de queda.
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