Dividendos mostram melhor desempenho no curto prazo; no longo, índices internacionais saem ganhando

Levantamento do TradeMap mostra como os principais ativos se comportaram em relação ao CDI e IPCA ao longo do tempo

Foto: Shutterstock/Thapana_Studio

Os dividendos podem até ter feito a alegria do investidor no curto prazo, mas, em um horizonte mais longo, são os ativos financeiros atrelados a ativos no exterior que levam a melhor. É o que mostra levantamento do TradeMap que compara a rentabilidade de alguns dos principais ativos financeiros com o desempenho do CDI e do IPCA.

O Idiv, índice da B3 que inclui as principais empresas pagadoras de dividendos, lidera o ranking do ano, com alta de 14,5% até novembro, superando a variação do CDI (11,14%) e do principal indicador de inflação (5,26%). O Ibovespa aparece logo atrás, com valorização de 7,31% em 2022.

Os dividendos são pagos quando as empresas distribuem parte do lucro aos acionistas. Empresas consolidadas, com menor necessidade de investimento, costumam ser as principais pagadoras.

Confira o seguir o desempenho de alguns dos principais indicadores do mercado financeiro nos últimos três anos e em 2022.

A principal pagadora de proventos do curto prazo tem sido a Petrobras (PETR4, PETR3), com um “dividend yield” de 64,5% em 12 meses, ou R$ 16,52 por ação.

Esse indicador mede o rendimento de uma ação apenas com o pagamento de dividendos, ou seja, é uma relação entre o valor pago em proventos dividido pela cotação da ação – uma forma de medir o retorno de uma ação com dividendos.

Longo prazo é diferente

Esse efeito, no entanto, não se perpetua quando são analisados as rentabilidades dos ativos em horizontes mais longos, de três a dez anos, segundo o levantamento do TradeMap.

Em dez anos, o IPCA acumula uma variação de 80,2% e o CDI, de 130%. Quem mais conseguiu superar esses desempenhos foram o Bitcoin e os índices americanos Nasdaq e S&P 500, com ganhos no período de, respectivamente, 33.344%, 857% e 624%.

Vale lembrar que o levantamento considera a conversão para reais desses indicadores, ou seja, leva em conta a desvalorização da moeda brasileira no período.

“Nos últimos dez anos, o PIB americano cresceu em média 2% ao ano, enquanto o PIB brasileiro cresceu em média 0,5% ao ano. Somado a isso, temos uma forte desvalorização do real frente ao dólar, que saiu de R$ 2,04, no fim de 2012, para R$ 5,30, no fim de novembro deste ano”, afirma Murilo Giovaneli, economista responsável pela área de dados econômicos do TradeMap.

Esse mesmo efeito foi visto no BDRX, índice que reúne os BDRs (recibos de ações estrangeiras negociados na B3), que em dez anos acumula variação de 630,5% – mas que cai 25% em 12 meses.

Para Giovanelli, o atual cenário macroeconômico, doméstico e internacional, deve fazer com que no curto prazo os ativos internacionais continuem com um desempenho pior.

“Essa mudança que observamos nos últimos 12 meses deve seguir para o próximo ano, até mesmo pela provável recessão que o mercado americano deve enfrentar”, conta.

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Um cenário de cautela no exterior e os juros elevados no Brasil – a Selic está em 13,75% – têm atraído investidores estrangeiros, o que acaba beneficiando os ativos locais.

Até novembro de 2022, a B3 registra um saldo líquido dos investidores estrangeiros na B3 de R$ 105 bilhões, contra R$ 42 bilhões em 2021.

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