Logo-Agência-TradeMap
Logo-Agência-TradeMap

Categorias:

Depois de sinalizar alta de juros, Banco Central Europeu age para conter avanço das taxas

O BCE (Banco Central Europeu) precisou fazer uma reunião surpresa nesta quarta-feira (15), pouco menos de uma semana depois do encontro regular das autoridades da instituição, para discutir como lidar com a reação seletiva dos investidores à perspectiva de aumento nos juros da zona do euro.

Na última quinta-feira (9), o BCE avisou que começaria a aumentar os juros europeus. A decisão sinalizou duas elevações consecutivas nas taxas, e isso foi visto pelo mercado como um sinal de que a instituição decidiu ser mais rigorosa no combate à inflação.

Leia mais:
Até a Europa vai aumentar os juros – mas pode ter que parar logo para evitar recessão

A reação dos investidores foi ajustar as carteiras de acordo com a nova perspectiva, e de lá para cá, os juros dos títulos de dívida dos países da zona do euro subiram sem parar. Mas em alguns países a alta foi mais intensa que em outros – o que é um problema relevante para o BCE.

Diferentemente de bancos centrais tradicionais, o BCE coordena a política monetária não de um, mas de 19 países. Para ter êxito nesta tarefa, ele precisa garantir que as taxas de juros destas economias rodem em níveis relativamente próximos.

O que aconteceu desde a semana passada, porém, foi o oposto.

Antes da decisão do BCE, a diferença entre os juros da dívida soberana da Alemanha – considerada a mais segura da Europa – e a da Itália – que é vista como um investimento mais arriscado – era de 2 pontos porcentuais (pp), considerando títulos com vencimento em 10 anos. Ontem, esse spread havia subido para 2,4 pp – maior nível desde o início de 2020.

Segundo o banco holandês ING, a reação do mercado foi resultado de uma falha na comunicação do BCE. Isso porque a instituição anunciou que aumentaria os juros, mas não apresentou nenhuma solução para evitar que, nos países com dívida mais elevada, as taxas subissem de forma mais intensa.

“A decisão muito incomum de se reunir fora do calendário regular é um sinal encorajador de que o BCE finalmente leva a situação a sério”, disse o banco.

Após a reunião extra desta quarta-feira, o BCE se comprometeu a adotar medidas para conter o avanço desigual das taxas de juros europeias, mas não detalhou como fará isso. Mesmo assim, conseguiu ganhar tempo junto ao mercado. No início da tarde de hoje, o spread entre os juros alemães e italianos era de 2,1 pp.

No curto prazo, nem o ING nem o banco Nordea acham que o risco de altas desiguais nas taxas de juros dos países europeus impedirão o BCE de aumentar as taxas em julho. No entanto, o Nordea ressalta que isso pode reduzir as chances de uma alta mais intensa de juros nos meses seguintes.

Compartilhe:

Mais sobre:

Leia também:

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.