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Dados de inflação pesam e Bolsa cai; ações de varejo registram as maiores baixas

Com queda de hoje, índice fecha a semana em baixa de 2,44%

Foto: Shutterstock

O alívio do pregão de ontem, quando o Ibovespa fechou em alta pela primeira vez na semana, durou pouco. Com dados de inflação acima do esperado para o mês de março, o principal índice da Bolsa brasileira terminou a sessão desta sexta-feira (8) em baixa de 0,45%, aos 118.322 pontos, depois de passar o dia no vermelho.

Com isso, a desvalorização do índice nesta semana somou 2,44%, e o saldo do mês de abril recua 1,4%. Desde o início do ano, porém, a performance segue em alta de 12,88%.

No exterior, porém, as Bolsas fecharam mistas. Em Nova York, o Nasdaq teve baixa de 1,34%, o S&P 500 caiu 0,27% e o Dow Jones ganhou 0,4%. Na Europa, o índice Euro Stoxx 50 teve avanço de 1,48%.

IPCA surpreende negativamente

O grande tema do dia foi a inflação, que voltou a avançar em um ritmo acima do esperado pelo mercado, em meio ao reajuste dos preços dos combustíveis pela Petrobras e à disparada nos preços dos alimentos.

O IPCA (Índice de Preços ao Cosumidor Amplo) de março subiu 1,62%. É a maior alta para o mês desde 1994, antes da implantação do Plano Real. O número representa uma aceleração em relação a fevereiro, quando os preços subiram 1,01%, e veio acima do esperado por analistas ouvidos pela Reuters, que acreditavam em uma alta de 1,3%.

A surpresa de março faz crescer a pressão para que o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) leve os juros a um patamar além de 12,75% ao ano – esse é o nível que o BC vem afirmando que é suficiente para entregar a inflação na meta em 2023.

Os juros futuros, por sua vez, afetam diretamente a Bolsa, já que o cálculo do valor atual de uma empresa é feito também com base no quanto ela gerará de valor lá na frente. Essa estimativa é trazida a valor presente através de uma taxa de desconto, que em geral corresponde aos juros de longo prazo.

Além disso, uma inflação elevada como a que temos hoje tende a corroer o poder de compra da população, o que é uma má notícia em especial para empresas ligadas ao consumo. As maiores baixas do Ibovespa foram a Via (VIIA3), Americanas (AMER3) e Magazine Luiza (MGLU3), com perdas de 7,93%, 7,72% e 6,56%, respectivamente.

Para Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest, os números de inflação pressionam esses papéis no índice na medida em que o poder de compra das pessoas não aumenta na mesma proporção que os preços, gerando um impacto negativo tanto na economia real quanto nos mercados.

“Vemos o Ibovespa em queda e, considerando o cenário de inflação pujante, não tem como a gente criar um ambiente estável visando crescimento econômico, fortalecimento de nichos e da cadeia produtiva de uma forma geral”, diz economista.

Segundo Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, a divulgação do resultado pressiona a Bolsa, já que altera a curva de juros e acaba puxando para baixo os papéis mais sensíveis, como os de varejo e consumo doméstico.

Mais do mesmo no exterior

Lá fora, os investidores continuaram avaliando os planos de aperto monetário do Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), com declarações de membros do órgão que fazem coro a um aumento mais de 0,5 ponto percentual nos juros do país em maio.

Como nos últimos dias, os desenvolvimentos da guerra na Ucrânia também seguiram em foco, com novas sanções sendo negociadas pelos países do Ocidente. Sem resoluções no radar e com a continuidade dos ataques russos à Ucrânia, a perspectiva é que as commodities sigam pressionadas.

No Velho Continente, a União Europeia concordou em proibir a importação de carvão russo e a entrada de caminhões e navios do país, mas ainda é necessário um voto unânime de todos os países membros.

A falta de perspectiva de um cessar fogo fez com que o petróleo tipo Brent fechasse em alta de 2,19%, a US$ 102,78. Com isso, a Petrobras (PETR4) avançou 0,5%, a R$ X e a PetroRio (PRIO3) ganhou 0,09%, a R$ 23,58.

Na mesma temática, a Petrobras anunciou hoje uma redução de 5,6% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP) vendido às distribuidoras. Assim, a partir de sábado (9), o preço do GLP da estatal passará de R$ 4,48 para R$ 4,23 por quilo.

A petroleira afirmou que a redução “reitera seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado”. Ao mesmo tempo, declarou que evita o repassar as volatilidades externas e a taxa de câmbio de forma imediata para preços internos.

Os preços da gasolina e do diesel, que também tinham sido reajustados pela última vez em 10 de março, seguem sem alteração.

Altas do pregão

As maiores altas do pregão foram de Eletrobras (ELET3), Eneva (ENEV3) e Eletrobras (ELET6), com ganhos de 5,3%, 4,05% e 4%, respectivamente.

As ações da Eletrobras deram continuidade à sequência de altas, em meio a um maior otimismo do mercado em relação a seu processo de privatização, de acordo com analistas da Ativa Research, em comentários ao mercado.

Para Nicolas Farto, da Renova Invest, a performance ocorre após as falas do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, que declarou ontem que a capitalização da estatal pode expandir a capacidade de investimento da empresa.

Farto acredita ainda que o mercado viu com bons olhos a venda da participação de 32,6% na CEEE-T (Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica) numa transação que irá render R$ 1,10 bilhão aos cofres da estatal.

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