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Qualicorp (QUAL3) corre contra o relógio e tenta reduzir cancelamentos antes de reajustes dos planos

Inadimplência elevada segue pressionando os resultados da companhia

Foto: Shutterstock

Apesar de a Qualicorp (QUAL3) ter diminuído o número de cancelamentos de planos de saúde no primeiro trimestre do ano, o nível ainda segue elevado e é motivo de preocupação por parte do mercado. Entre janeiro e março deste ano, 131,2 mil planos foram cancelados.

O número, ainda que seja 12,7% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado, acende um sinal de alerta conforme a operadora caminha para o terceiro trimestre, período de reajustes no valor dos planos – o que tende a causar ainda mais cancelamentos.

Por isso, neste momento, este é o principal desafio da Qualicorp, de acordo com Fred Oldani, CFO da companhia, em comentários durante a teleconferência de resultados na manhã desta quarta-feira (11). “Gostaríamos de entrar no terceiro trimestre, que é quando tem reajuste, em um patamar já normalizado [de cancelamentos]. Estamos acelerando para tentar arrumar isso”, diz o executivo.

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E, segundo a gestão da empresa, isso já vem acontecendo. “Os números mostram que seguimos convergindo para o nosso objetivo. A redução nos cancelamentos segue acontecendo, e a tendência aponta para uma normalização”, diz Oldani.

A companhia reconhece, porém, que os números seguem elevados, e que principalmente o cancelamento por inadimplência (quando a própria Qualicorp cancela o serviço devido a falta de pagamento) vem pressionando os resultados.

Este é o principal ponto de preocupação da equipe de analistas da Genial Investimentos, de acordo com relatório publicado nesta quarta-feira. “Colocamos atenção nesses pontos pois o cancelamento por inadimplência ou dificulta o repasse de preços e pressiona as margens ou provoca queda na base de clientes da companhia.”

A corretora, no entanto, é mais pessimista do que a Qualicorp e espera que os cancelamentos por inadimplência permaneçam elevados ao longo do ano, principalmente no terceiro trimestre.

“Tem uma correlação entre reajuste e cancelamento, então deve ter pressão. Mas temos estratégias para diminuir o impacto”, diz Elton Carluci, vice-presidente comercial, de inovação e novos negócios da Qualicorp.

Um dos pontos citados por Carluci é que a companhia vem sendo mais flexível nas políticas com clientes inadimplentes.

Outra estratégia para evitar os cancelamentos é a oferta de planos mais baratos para os clientes que não conseguem arcar com os planos originalmente contratados – processo chamado pela companhia de trade down.

Ainda que o trade down tenha ajudado a reduzir os cancelamentos no primeiro trimestre, Oldani aponta que teve um outro efeito: a queda da receita, que apresentou contração de 4% na comparação anual, para R$ 502 milhões.

Apesar de todos os esforços, o CFO reconhece o peso do cenário macroeconômico, que foge do controle da companhia. “O macro ainda está pesando. Temos um leque de produtos, tem trade down, conseguimos fazer retenção dentro de casa. Mas tem um nível em que não conseguimos atuar. Esse é o principal desafio”, diz.

Esta incerteza na situação macroeconômica faz com que os analistas da Genial estejam “cada vez menos otimistas” com os resultados futuros da Qualicorp. Com isso, a corretora reduziu seu preço-alvo para a ação para R$ 18,50, o que corresponde a uma alta de 52% em relação ao valor do papel no fechamento de terça-feira (10), de R$ 12,16. A recomendação segue de compra.

De acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, apenas duas das nove instituições financeiras consultadas recomendam a compra da ação, enquanto seis indicam a manutenção do papel em carteira e uma recomenda a venda do ativo. A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 18,50.

Gráficos com análises de especialistas sobre as ações da Qualicorp
Fonte: TradeMap

Assim como a Genial, o mercado parece estar reagindo mal ao balanço. Por volta das 13h38 (de Brasília), o papel liderava as quedas do Ibovespa com baixa de 8,89%, a R$ 11,10.

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