Como o corte de impostos sobre combustíveis afeta Raízen (RAIZ4) e BrasilAgro (AGRO3), segundo o BTG

Produtoras de etanol podem ser impactadas, mas reajustes da Petrobras devem amenizar pressão

Foto: Shutterstock

O projeto de lei para zerar impostos federais sobre os combustíveis, somado à proposta que limitaria a alíquota do imposto estadual sobre o produto, tem potencial de reduzir significativamente os preços da gasolina e do diesel e levar as ações de produtoras de etanol junto, de acordo com analistas do BTG Pactual.

Na noite de ontem, o presidente Jair Bolsonaro anunciou, em entrevista coletiva, que o governo enviará ao Congresso um projeto de lei para zerar os impostos federais, Cide e PIS/Cofins, sobre todos os combustíveis. Além disso, está em tramitação na Câmara um projeto de lei para limitar a alíquota do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre os mesmos produtos.

Ainda que o governo não tenha dado mais detalhes, a previsão do BTG é que a decisão de zerar os impostos federais deva valer até o final do ano e teria potencial, junto com o teto do ICMS, de reduzir o preço da gasolina para o consumidor final em São Paulo em cerca de 17%.

Nesse cenário, aponta o banco, o preço de equilíbrio do etanol na usina também cairia 17%, para R$ 2,87 por litro, o que pode impactar as ações de produtores de etanol, como Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3) e BrasilAgro (AGRO3).

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Além disso, o banco pontua que o preço atual do etanol apresenta desconto de 3% em relação ao preço do açúcar, contra uma média história de 16%, o que pode fazer com que as usinas aumentem a produção do combustível, diminuindo a oferta de açúcar.

Considerando o potencial de redução no preço dos combustíveis das medidas anunciadas, porém, o desconto do etanol em relação ao açúcar aumentaria para 13%, diminuindo a possibilidade de mudanças no mix de produção e, portanto, mantendo as dinâmicas de oferta e demanda do mercado de açúcar inalteradas. Dessa forma, uma alta relevante para os preços da commodity no curto prazo se torna improvável.

Finalmente, o banco aponta que pode haver temor em relação a impactos sobre os distribuidores de combustível, que podem sofrer perdas de estoque em decorrência da queda drástica dos preços.

Há, no entanto, um fator capaz de reduzir todos estes efeitos, segundo o BTG: novos ajustes nos preços dos combustíveis pela Petrobras (PETR4). Atualmente, a gasolina vendida pela estatal em suas refinarias está cerca de 31% abaixo do nível de paridade internacional, e o diesel, de 14%.

Projeções de preços dos combustíveis em diferentes cenários

Tabela com projeções do BTG Pactual para os preços dos combustíveis em diferentes cenários
Fonte: BTG Pactual

“Com muitos fatores pendentes e enquanto aguardamos o projeto de lei final ser submetido e votado no congresso, mantemos as estimativas e recomendações inalteradas por enquanto”, dizem os analistas. O banco recomenda compra para Raízen, Jalles Machado e São Martinho, e não tem indicação para BrasilAgro.

Por volta de 12h47, a ação da Raízen tinha baixa de 4,19%, negociada a R$ 5,71; Jalles Machado caía 3,11%, a R$ 9,97; São Martinho recuava 3,27%, a R$ 49,42; e BrasilAgro tinha queda de 0,29%, a R$ 30,45.

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